45 - JOSH

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Sabina não estava esperando a gente. Perguntamos para algumas pessoas se elas viram ela e disseram que ela já tinha ido embora.

Como assim? Com quem?

- Ja olhou seu celular?

Pergunto para Any enquanto destravo o alarme do meu carro.

Ela mexe em sua bolsa e tira o celular de lá. Desbloqueia a tela e olha.

- Caramba, cinco chamadas perdidas dela - Any continua mexendo e começa a ler a mensagem - "Tentei te ligar mas você não atendeu. Já arrumei uma carona para casa. Beijos"

Ela me olha meio perplexa por alguns segundos antes de surtar.

- Que porra é essa? "Já arrumei uma carona"? Com quem? Como ela vai embora assim sem mais nem menos?

Ela começar a discar o número de Sabina e bate o pé com força.

- Droga! Ela não me atende. Imagina se fosse eu que fizesse isso? Ela estaria me xingando até a última geração.

- Igual você está fazendo com ela agora?

Perguntou dando a volta e entrando no carro. Ela entra logo em seguida.

- Só queria saber com quem ela foi embora, Josh.

Imagino com quem ela foi. Quase digo mas desisto.

Isso é uma droga! Por que Sabina não abre logo o jogo para Any?

- Ela deve ter ido embora com ele, não é?

Ela pergunta colocando o sinto e sem fazer contato visual.

- Com quem?

Odeio me fazer de desentendido. Odeio ter que mentir para Any.

- Você sabe com quem.

Ela diz e olha para mim.

Seu nariz ainda está meio sujo de tinta azul, sua bochecha está com um pouco de gesso branco e tem sujeira por todo seu corpo mas mesmo assim continua a garota mais linda que eu já vi.

- Quem te mandou aquele bilhete?

Subitamente pergunto porque quero muito saber.

Any pisca os olhos surpresa com a mudança de assunto.

- Você ainda lembra disso?

Claro que lembro. Como poderia esquecer que algum mané mandou um cartãozinho para ela dizendo o quanto acha ela bonita?

Não respondo e espero a resposta dela.

- Foi fofo, não é? Quer dizer...apesar de eu ser... você sabe...assim - Ela aponta para si mesma - Tem gente que me acha bonita. A mais bonita da escola.

Ela diz com um sorriso sincero e eu sinto um misto de emoções.

Queria ter sido eu a falar isso para ela. Fico feliz que alguém teve coragem e falou, mas também sinto outra coisa.

- Não vai me falar mesmo quem foi?

Ela dá de ombros.

- O bilhete não está assinado.

Fico olhando para ela porque sei que tem algo ali mas não sei o que.

- E então? Como vamos embora? Empurrando o carro com a força do pensamento?

Ela pergunta, atrevida como sempre, e percebo que nem liguei o motor ainda.

Me viro e giro a chave. O motor ganha vida e estou prestes a sair quando a vejo dando um tchauzinho para alguém lá fora.

Não vou olhar. Não vou olhar. Não vou olhar.

Olho e vejo que é Noah, acenando e entrando no carro do tal amigo dele.

Por que todo mundo começou a se interessar por Any do nada?

Até você, né Joshua?

Minha arqui-inimiga, minha consciência, me pergunta e eu faço o que ela já está acostumado. Mando-a calar a droga da boca.

Se ela tiver uma.

(...)

- Esse não e o caminho para minha casa.

Ela diz quando eu entro na saída 639.

- Eu sei, é para a minha.

Ela me olha questionando.

- Não quer dar uma volta não? Hoje é sábado e tals.

- Eu estou toda suja, Josh.

- Então, pensei em passar em casa, tomar banho, levar você pra sua e esperar você pra gente ir comer, fazer alguma coisa.

Ela não diz nada mas acho que aceitou.

Espero que sim.

Paro o carro em frente minha casa e desligo.

A gente caminha até a minha porta e abro, ficando surpreso com a escuridão lá dentro.

Acendo a luz da sala.

- Mãe?? Jaden??

Grito mas nenhum dos dois responde.

- Odeio quando eles fazem isso. Saem sem me avisar e eu fico igual um bocó procurando.

Any caminha até a televisão e pega um papel que estava lá.

- "Filho, estou na casa da Rosie e Jaden saiu com uns amigos. Tem comida na geladeira, só esquentar no microondas. Beijos, te amo. Mamãe"

Ela acaba de ler com um sorrisinho e eu reviro os olhos.

- Então, você espera aqui enquanto eu tomo banho?

- Sim, claro.

Eu assinto e subo as escadas rápido.

(...)

Tomar banho é sempre revigorante. Um banho gelado depois de passar o dia trabalhando é melhor ainda.

Enxugo a cabeça com a toalha enquanto me dirijo ao meu quarto para pegar a camisa. Sempre só levo o short para o banheiro.

Entro e me deparo com Any com o corpo um pouco agachado, olhando pelo meu telescópio.

Ela se vira sorrindo para falar algo mas logo o sorriso morre em sua boca.

Vejo ela engolir em seco e sinto um frio no estômago.

Ai a realidade da situação me atinge.

Estamos sozinho na minha casa.

Ela está no meu quarto e eu estou sem camisa.


Maratona 5/6

Trust | Beauany - (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora