70 - ANY

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Faz quatro dias, duas horas e dois minutos que estou sozinha. E sim, estou contando. Não tenho como evitar.

Josh tem me ligado todos os dias, como prometeu. Ele está tão animado e eu acabo ficando animada também. Mas, quando ele desliga, e eu volto para minha solidão, a tristeza me invade e eu fico mal até o dia seguinte, quando ele me liga novamente.

Desenvolvi uma espécie de independência emocional dele que, parando para pensar, não é saudável. Não é nem um pouco saudável, sei disso. Porém, Josh me faz bem. Sua presença me faz bem. Ele me faz sorrir como a muito tempo eu não sorria.

Às vezes, como ontem mesmo, eu fico meio paranóica. Afinal, o que ele viu em mim? Sei que esse pensamento é péssimo e eu não era assim, mas tudo o que aconteceu na minha vida até agora, desencadeou uma espécie de insegurança incontrolável e uma ansiedade absurda.

A todo momento, o que Ashley falou para mim no último dia de aula, vem em minha mente e eu sinto raiva dela por ter feito isso comigo.

Eu tenho plena ciência de que posso ser imatura as vezes, tenho ciência que ele vai conhecer outras garotas lá, mas não é nem isso. Não é a chance dele me trair que mexe comigo, sei que ele não faria isso. Eu acho. Quer dizer, tenho certeza. Talvez.

Enfim, é o fato dele ter a oportunidade de conhecer pessoas mais legais do que eu. Com menos problemas. E se ele perceber que não vale a perna perder tempo comigo e com minha mente agitada?

Balanço minha cabeça para tirar esses pensamentos de mim.

Não. Não vai rolar. Não vou me sabotar. Não posso nem pensar nisso, pois estou sozinha e sabe lá Deus o que minha mente doida é capaz de fazer em meio a uma de suas crises.

Olho o relógio e vejo os ponteiros passando.

É impressão minha ou o relógio ficou mais lento?

Levo um susto com o barulho do meu  celular tocando e eu saio correndo para atender. Deixei-o no quarto e me arrependo amargamente disso.

Pulo na cama meio desesperada, quase caindo do outro lado e atendo a chamada.

— Alô??

Falo meio ofegante por conta da corrida. Acho que vou aproveitar essas férias para dar uma exercitada.

— Ainda bem que Josh não está aí senão eu poderia pensar besteira com essa sua voz ofegante.

Minha irmã diz do outro lado da linha e eu abro um sorriso.

Magicamente nos damos melhor quando não estamos nos vendo.

— E ai? Como estão as coisas?

Sabina desanda a falar e eu escuto tudo com atenção. Ela está com saudades de mim, de Josh e de Pepe, mas diz que está sendo maravilhoso lá. Conheceu novas pessoas e que já fizeram um grupinho para se falarem até ano que vem, onde vão todos torcer para passarem com louvor na apresentação.

Ela conta como é a Yale, mas eu ouço só em partes.

Imagino Josh com um grupinho também. Eles rindo. Se divertindo.

Eu estou bem com isso. Se eu não estivesse, seria muito mesquinho da minha parte e eu não sou assim. Não mesmo!

Estou bem.

Ficarei bem.

Tenho que ficar bem.

Trust | Beauany - (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora