71 - JOSH

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Hoje completa uma semana que estou aqui. A essa altura, pensei que estaria surtando ou morrendo de saudades de casa, mas não. Estou bem.
Quer dizer, estou melhor do que eu achei que estaria. Oxford é o lugar mais lindo do mundo, com seu imenso jardim e seus prédios com construções antigas. Juro que assim que pisei aqui, meu coração parecia que ia explodir, tamanha a minha felicidade.

Meu pensamento dessa experiência ser um incentivo, só aumentou. Não me vejo fora daqui e vou apresentar a melhor pesquisa da minha vida para conseguir, de fato, me matricular e ser um estudante nesse lugar no ano que vem.

Essa "tour" de duas semanas, não cobre nem metade do que a universidade é. E somos expressamente proibidos de desviar o caminho. Tudo para atiçar nossa curiosidade para estudarmos aqui.

Objetivo atingido com sucesso!

— Josh, vamos?

Tori me chama da porta, enquanto disco o número dela novamente.

Não poderei ligar para Any na hora em que sempre ligo, pois estarei em uma palestra. Queria falar com ela agora, pelo menos. Mas, ela não atende o celular. Já nem sei quantas vezes liguei só nesses dez minutos.

— Nós vamos chegar atrasados.

Tori diz e eu olho a hora em meu relógio. Ela tem razão, mas resolvo tentar só mais um pouco.

— Pode ir na frente, guarda meu lugar ao lado de vocês, por favor!

Coloco meu celular no ouvido e ouço a chamada.

Tori me olha por mais alguns instantes e suspira.

— A gente se vê lá então.

Ela diz e se vira, saindo dali.

Nessa semana que fiquei aqui, já mudei meu curso umas três vezes. Gosto muito da psicologia, de verdade, mas a área de exatas me chamou bastante atenção. Os laboratórios de engenharia são surreais e me ganharam com uma força inexplicável.

Meu grupo também teve um pouco a ver com isso. Quando chegamos, fomos separados em grupos de dez pessoas cada. Não poderia ter pego um grupo melhor. Eles são todos mais velhos do que eu, mas senti uma conexão com eles meio surreal.

São sete meninos, contando comigo e três meninas.

— Aí Any, atende logo esse celular, meu amor. Preciso ouvir sua voz.

Falo sozinho quando a chamada cai, pela milésima vez, na caixa postal.

Desisto e resolvo mandar uma mensagem dizendo que não poderei ligar mais tarde. Explico o porquê e digo que tentei ligar, mas ela não me atendeu.

Bufo um pouco frustrado e me dirijo a sala da palestra.

(...)

Acho Tori, Lamar e os outros sentados em fileira e me sento também. Todos estão prestando atenção no doutor que está falando no momento e eu coloco meu celular no mudo.

— Demorou, ein?

Tori diz em voz baixa.

— Sim, ela não me atendeu.

Digo triste e ela compreende.

— Tenta depois de novo.

— Não, vai ser tarde lá. 

Esse fuso horário me estressa demais.

— De repente ela saiu, está se divertindo. Estamos no sábado à noite, Josh.

Ela diz e eu sinto uma pontada em meu peito.

Será? Mas ela não me avisou nada. Será que foi de última hora?

Se sim, com quem? Noah?

Sei que nada impede dela sair com ele, como Any sempre diz, eles são amigos. Mesmo eu insistindo que ele quer enfiar a droga da língua dele na boca dela de novo, sei que não posso proibir nada. E nem quero.

Mas, dentro de mim, lá no fundo, torço para que ela esteja em casa dormindo, vendo algum filme ou sei lá.

Sei que esse pensamento é muitíssimo egoísta e me sinto péssimo por conta disso, mas não consigo evitar.

Não consigo nem prestar atenção na palestra e reprimo o desejo de tentar ligar para ela novamente.

Estou parecendo um namorado maluco e possessivo. Eu não sou assim, não sou!

Mas, não querer sua namorada perto de alguém que ela já beijou e que claramente tem interesse nela, é normal, não é? Não estou sendo maluco nessa situação. Qualquer pessoa se sentiria meio...

Meio o que? Inseguro?

Não, não estou inseguro. Confio nela demais. É nele que não confio!

Ah Any, não esteja com o Noah, por favor!

Trust | Beauany - (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora