5 - JOSH

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Margareth escreve em um papel enquanto Any espera.

Fico olhando para ela, tentando ler o que se passa em sua mente. Se eu não a conhecesse bem, diria que está com vontade de chorar.

Mas, qual é? É Any de quem estamos falando.

Ela não tá nem aí para nada. Não liga para os sentimentos de ninguém, a não ser os próprios.

— Assina aqui e pode sair — Margareth diz, entregando a Any o que eu acho que seria uma advertência.

Any pega a folha, lê e volta a olhar para a diretora.

— Você não vai dar uma dessa para Ashley?

Ah, então foi Ashley com quem Any brigou. Sinto curiosidade em perguntar o motivo, mas é claro que não farei isso.

Não sei o que sinto em relação a Ashley.

Indiferença, talvez? Não me leve a mal, não é que eu desgoste da menina. É só que...bem...eu também não gosto. Sei lá, tanto faz, porém isso não a impede de toda vez que nos vermos, dá em cima de mim. Confesso que meu ego sobe algumas alturas consideráveis. Ser cobiçado pela garota mais bonita da escola é um tanto quanto... interessante!

Meus colegas da computação fala que eu sou um otário por não aproveitar isso. Acontece que...não. Nunca quis e duvido que eu vá querer algum dia.

— Não — Margareth responde me tirando dos meus devaneios — Você quem estava em cima dela, ninguém me contou Any. Eu vi!

— E é claro que você não vai nem me perguntar o porquê, né?! Sabe diretora, eu não saio atacando as pessoas sem motivo algum. Posso parecer maluca, mas dá última vez fiz o teste, minha sanidade estava em perfeito estado.

Sinto vontade de rir com a resposta dela, mas desisto.

Ela parece estar falando sério.

— Não importa o motivo Any, você estava quase enforcando-a.

Espera, o que? Por que? Ashley pode ser tudo mas enforcar a garota? Any só pode ter pedido o juízo mesmo.

Solto um barulho como se não fosse novidade para mim e Any me olha.

Vejo mágoa em seus olhos e me sinto sem graça.

Droga, eu nem devia estar aqui.

Any volta a olhar para Margareth e agora seu olhar é de pura indiferença.

— Isso é exagero marga, mas eu já perdi essa batalha, não é mesmo? Você já parte do pressuposto em que eu sou a culpada — Any ri, sem humor algum — Tudo é minha culpa, aliás. Eu sou a garota problemática que ninguém quer por perto.

Ela se levanta de supetão, me dando um susto com o arrastar da cadeira.

— Any, não se vitimize! — Marga também levanta e sinto a atmosfera mudar um pouco — Você está errada e ponto. Será tão melhor quando você entender isso.

Elas se encaram por alguns segundos.

Any olha para o papel.

— Suspensão de dois dias? Vou estender para três diretora, não apareço na escola essa semana, que tal? Assim a senhora e todos terão paz sem minha presença desagradável.

— Any...

Marga suspira.

Any pega a mochila, me olha com ódio e sai porta a fora, batendo-a com força, deixando eu e Marga sem ter o que dizer.

Trust | Beauany - (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora