Trust | Beauany - (em revisão)

38 - ANY

Ele para em frente ao meu prédio e desliga o motor do carro.

É a segunda vez que ando de carro com Josh Beauchamp e é a segunda vez que ele faz isso, desligar o motor.

Estou um pouco nervosa porque o clima na casa dele ficou diferente. Posso jurar que ele estava olhando fixamente para meus lábios antes de eu levantar igual uma maluca para ver o telescópio.

Sim, eu sou uma covarde. Não sei o que ele ia fazer, SE iria fazer algo, mas decidi não pagar para ver.

Josh, como eu já tinha pensando antes, vem agido estranho comigo.

E eu seria uma puta de uma mentirosa se dissesse que não estava gostando.

Sempre foi cansativo para mim ser ignorada. Ainda mais por alguém que eu nunca tinha feito nada.

Será que eu tinha feito algo a ele e não sabia?

— O que você está pensando?

Ele me pergunta com a voz baixa e melodiosa.

Voz baixa e melodiosa Any? Que porra é essa?

Aproveitei que estava com a guarda baixa e falei de uma vez:

— Estava pensando se fiz algo para você me odiar.

Ele arregala os olhos. Com certeza ele não esperava por aquilo.

Bom, nem eu mas, paciência.

— Te odiar? De onde você tirou isso?

— Bom, a gente se conhece há um tempo consideravelmente bom e posso contar nos dedos as vezes que nos falamos civilizadamente. Você me desprezava, Josh.

Digo essa parte com um sorriso forçado.

Ele batuca os dedos no volante.

— Não te odiava e nem te desprezava.

Faço um som de desdém porque nem ele acredita nisso. Fala sério!

— É sério Any — Ele diz, virando o corpo totalmente para mim — Desprezo e ódio são palavras muito fortes e posso te garantir que não é o que eu sentia por você.

— Indiferença, então?

Ele pisca os olhos e posso ver que acertei na mosca.

Ok, eu também era indiferente a ele.

Ou era isso que eu sempre tentava acreditar.

— Por que?

Pergunto e odeio o som que sai da minha voz.

— Por que o que?

— Por que você era...hm...é... indiferente comigo?

Ele suspira. Acho que está ponderando se me conta ou não. Ou o quanto ele vai me contar.

— Você vai me odiar por isso, eu acho...enfim...— Ele me olha nos olhos e eu me sinto nervosa. Mais do que eu já estava — Por causa de Sabina.

Abro a boca meio chocada e chateada. Não acredito que Sabina falou mal de mim a ponto dele não...

— Não! A culpa não é dela. Não pense isso. Eu meio que tomei as dores dela nessa briga de vocês duas.

Estava pronta para refutar e falar que não tinha briga nenhuma mas desisti. Ele conhece a gente e sabe como é meu relacionamento com minha irmã.

— Entendi.

Digo apenas isso porque...bom...não tenho o que falar.

— É que eu sempre vejo o lado dela, Any. Nunca tive oportunidade de conversar com você e...

— Ah não! Aí vou ter que te cortar — Digo interrompendo ele — Você teve várias oportunidades Josh, você que não quis.

— Quando eu tive essas oportunidades? Toda vez que tentava conversar com você, você vinha com quatro pedras na mão.

— Já parou pra pensar que eu podia estar em um dia ruim?

— Por cinco anos?

Ele pergunta e eu sinto o baque. Sim, desde o dia que minha mãe morreu eu estou em um dia ruim. Todos os dias são ruins para mim.

— Acho melhor eu entrar.

Digo olhando para frente. Ele não entenderia. Ninguém entende.

— Tá vendo? É isso que você faz.

— Faço o que?

— Foge. Estamos conversando e quando as coisas ficam ruins, você foge ao invés de resolver.

Respiro fundo e fecho os olhos. Estou cansada deles me julgando.

— Só queria entender o porquê de você complicar as coisas para Sabina.

Viro para ele com raiva nos olhos.

— Eu complico as coisas para ela?

— Sim, você, Any.

— Isso só pode ser piada.

— Ela te ama e você vive...

— Eu também a amo, merda! Mais do que tudo nesse mundo. Mas ela mudou comigo primeiro, Josh. Sempre pensa o pior de mim, não me conta as coisas e ainda esconde que está falando com a porra do nosso pai!

Digo tudo isso num fôlego só.

Josh pisca os olhos depressa, me observando.

— O-o pai de vocês? Mas ele não...hm... sumiu? Abandonou?

— Parece que Sabina não te conta tudo, então. — Digo e abro a porta do carro, saindo — Obrigada por hoje Josh, estou realmente sem cabeça para mais nada, mas obrigada.

Fecho a porta e caminho para o prédio.

Sei que essa conversa não acabou e, apesar de meus nervos estarem a flor da pele, sinto algo dentro de mim.

Algo forte que eu não faço ideia do que seja.

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Oito horas da manhã e eu postando capítulo rs mais tarde vou postar mais dois, bjs 😗✌️