Capítulo 8

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(Davi)

Fico sentado, apenas ouvindo a água correr, minha imaginação é fértil, ágil, traiçoeira às vezes. Imagino gotas de água descendo pelo ralo mas antes as imagino rolando pelo corpo dele; pelas tatuagens que imagino sem saber exatamente quais são e a onde estão. Isso é ridículo, digo a mim mesmo, ele não notaria em alguém como eu, não quando há melhores por toda a cidade. Tento pensar em Shakespeare, tento pensar nos poemas e nas frases, tento pensar em qualquer outra coisa para aquietar minha imaginação. Se não ela me trará problemas que não estou nem um pouco a fim de resolver. Não com ele aqui. Toda vez que chego perto dele - Há cinco minutos é um exemplo. -, sinto uma necessidade enorme de expirar, de inflar com seu cheiro, seja de sabonete ou suor. É algo complexo, é algo confuso e que me recuso levar a diante, não quando ele passará seis meses aqui. Trabalhando, devo ressaltar. 

Penso em contrapartida que, ele pode pensar algo parecido, seu nervosismo quando estou por perto é quase palpável. Não, acho que pode ser outra coisa, uma razão disso pode ser seu nervosismo por achar que posso demiti-lo a qualquer segundo. 

Seis minutos depois sinto o cheiro dele de novo. Uma mistura de... Perfume e loção de barba. Me arrepio por baixo da camiseta ao pensar nele com barba feita, barba que pode arranhar. Me recomponho até que sinto ele parado. Talvez a minha frente. 

—Está pronto?

—Estou, sim, senhor.

—Sabe, podemos fazer um acordo.

Novamente sinto seu nervosismo. Novamente me parece palpável.

—Qual seria?

—Pare de me chamar de senhor e eu... O que você quer? Pode pedir.

Silêncio. Penso em minhas palavras de novo e de novo, mas não acho nada de errado nelas; talvez eu tenha sido grosso ou indiscreto com ele? Agora eu começo a ficar nervoso, estou acostumado a suas respostas curtas e seus risinhos abafados, mas não a esse silêncio excruciante.

Ele responde, depois de um minuto ou dois.

—Eu gostaria de... Pedir um dia para ir visitar um amigo. O senhor... Você pode decidir quando.

—Seu amigo está com problemas?

—Não, não, é que me sinto culpado por tê-lo deixado sem mais nem menos, não pense que eu não estou agradecido pelo emprego, eu estou de verdade.

—Não há problema, você pode ir amanhã mesmo se quiser. Billy e eu vamos programar algo.

Silêncio de novo.

—Vamos pegar aquelas caixas? —Ele pergunta.

—Vamos. Trato feito então.

—Feito. Sim.

O porão é enorme, sei disso porque antes de colocarmos a primeira caixa aqui, eu andei em volta dele e contei mais de vinte e sete passos. Não sei quantas caixas há, nem sei quantos passos consigo dar agora. Pensei nisso depois de esbarrar em uma caixa pesada. William me segurou pelo antebraço.

—Tudo bem?

—Você aprimorou os sentidos. —Comento tentando deixar de lado a corrente elétrica de calor que subiu pelo meu cotovelo.

—Seu irmão é um bom professor, só isso. Venha, eu te seguro.

Cinco dedos fecharam-se ao redor do meu braço, não perto do pulso, como percebi que queria. Mas não importa, estou mais concentrado em esquecer essa corrente elétrica. Depois de descermos todos os dez degraus, ele disse que acendeu a luz. Depois ele se desculpa por dizer isso.

—Pode me fazer um favor? —Pergunto quando sinto que ele iria se afastar. Quero que ele fique por perto.

—Sim. O que foi?

—Apague a luz. —Escutei o estalo da lâmpada. Ótimo. —Agora feche os olhos e relaxe os ombros, como se fosse se preparar para um jogo.

Não tenho certeza se ele está fazendo o que digo, por isso fico com um frio na barriga, mas confirmei que ele seguiu as instruções logo quando sinto seus dedos apertarem meu braço. Mais calor, mais corrente de choque subindo.

—É assim que acordo e é assim que é quando ando ou escuto a voz de alguém. Um breu. Mas não e tão ruim quando você consegue ter uma boa imaginação; é a imaginação que salva as pessoas da insanidade, agradeça por saber ler, ou escrever, ou ouvir. Eu sou cego, mas não sei o que faria se não tivesse minha imaginação. Consegue sentir o desespero que é não saber para onde ir?

—Sim. É apavorante.

—O que mais sente?

—Calma. É normal?

—Totalmente. No que está pensando?

—Não sei exatamente.

Preferi não falar mais nada, espero que ele ainda esteja de olhos fechados. Estou com minhas duas mãos livres, uso a minha esquerda para segurar sua mão no meu cotovelo; sinto seus ombros tencionarem. Sussurro para ele se acalmar.

—Pode acender a luz se quiser. —Falo.

—Depois. —Ele suspira, acho que já está de olhos abertos. —Davi?

—Sim?

—Acho que estou nervoso.

—E porque está nervoso?

—Nunca segurei a mão de ninguém assim. —Ele comenta me fazendo sorrir.

—Quer que eu solte?

—Quero beijar você. —Ele fala ao mesmo tempo.

Recobro a consciência do que estamos fazendo.

—Não podemos.

—Por isso estou nervoso. Acho que se não fizer vou enlouquecer... "Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com frequência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.".

—Você está citando Shakespeare, muito atraente William. —Eu tomo a iniciativa de juntar nossos lábios.

A voz da razão derramou-se e se foi com um sopro.

A luxuria me dominou por pouco; primeiro as mãos —Que pararam em seu pescoço; depois os dedos —Que marcaram sua pele; indo em seguida para meus lábios —Que dançavam sob a língua dele e aceitava quando seus dentes os mordia. Presumo que ainda está escuro, presumo que ele tome coragem vinda do escuro e só confirmo isso quando as mãos dele agem, segurando minha cintura, atravessando rápido de um lugar para o outro e fazendo movimentos em meus cabelos.

—Eu achei que estaria maluco por querer isso. —Ele murmura nos meus lábios, sinto como se devorasse suas palavras. —Estou só confirmando isso ao passo de que quero mais.

A língua dele é andante, exploradora, necessito saber mais, sentir mais um pouco nem que vá me arrepender amargamente. Meus desejos falam mais alto, o frio em minha barriga desce mais graus enquanto toda parte da minha boca para cima está fervilhando. Gemo em sua boca. Ele recebe meu gemido emitindo outro.

Assim seguimos.

Ele me coloca contra a parede, eu o aproximo de mim até que começo a sentir uma pontada de dor; não ligo, não paro, continuo, continuo a gemer e apertá-lo.

—Will... —Gemo.

—Estou aqui... Caralho eu estou... Estou aqui Davi...

A forma como ele rugiu meu nome foi excitante, foi o ápice e temi gozar como um adolescente desesperado. Não aconteceu. Apenas ficamos repetindo coisas sem nexo e não ligo para nada agora, esqueci-me do que iriamos pegar nesse porão, do que falamos anteriormente a esse momento, me pergunto onde estava com a cabeça quando não fiz isso antes. O bom sempre é desesperador e eu estou desesperado por William Stony. 

Minha Solução | Série Irmãos Laurent-(Livro 3) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora