Capítulo 19

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William


Corremos bastante. Quando paramos em um meio fio livres de carros, ofeguei tão forte que meus pulmões arderam, parecendo brasa. Tossi um pouco enquanto Owen corria para me alcançar. A camisa dele gruda no corpo forte e atraente, não deixo que ele perceba que estou de olho no seu corpo. Por alguma razão, o corpo dele não me desperta nada além de admiração; genuína e não safada. Nem mesmo os corpos de outros caras conseguem me despertar algo; eu só penso em um corpo da forma que quero, de como queria e de como desejo. O de Davi. É tão ruim não poder admitir isso em voz alta, mas seria uma catástrofe seu eu o fizesse. Reprimo as palavras e engulo em seco. Novamente parece brasa. Queimo e suo. Ofego e penso nele. Isso acontece a cada nove vezes em dez. 

Antes de sair da casa de Kevin, vi ele de mãos dadas com Billy. Foi horrível, um frio ruim tomou minha barriga e não gostei do modo como meu próprio corpo reagiu aquilo. Imaginei-me acertando Billy bem no olho. O que não estava machucado. Me pergunto se ele contou a Davi, pelo menos. 

- Tenho que pagar um jantar então. 

Rio de Owen e sua fingida cara de tristeza. Sim, apostamos um jantar. Tinha esquecido esse detalhe. Também esqueci de dizer a ele que, costumo correr bastante. E que sou um pouco competitivo. 

- Parece que sim. - Respondo. 

- Você está legal? Parece... Preocupado. 

Preocupado não seria exatamente como estou; nem sei nomear. Acho que deprimido de ver o homem que tenho sentimentos segurar a mão de outro, que por acaso, também deve ter fortes sentimentos pelo mesmo. Ambos em uma gangorra, e Billy está me vendo lá embaixo. Forço um sorriso para Owen, ele não tem nada a ver com meus pensamentos ruins. 

- Estou legal. 

- Ótimo. Onde iremos? 

- Hãã... Não faço ideia. Você pode escolher e marcar o dia, tudo bem? Eu tenho que correr para casa. Para o trabalho. - Sinto-me corar. 

- Tudo bem. - Owen parece não perceber, ainda bem. - Você aguenta correr até o trabalho? Não quer um táxi?

- Eu corro melhor do que muitos. 

Ele sorri para mim. Depois corro, indo em direção à casa. 



Quando chego, penso que deveria ter ficado um pouco mais pela rua. Está vazia. Silenciosa e deprimente. Tomo um belo banho em primeiro lugar, depois como alguma coisa e limpo o que sujei. Depois que fico sem nada para fazer, pego o livro que Davi me recomendou e leio por horas. 

Eles chegam quando estou nas últimas páginas. Billy e o olho roxo, o olhar de desdém que não poderia faltar e... Davi. Olhos esmeralda e barba de ouro. Não consigo parar de pensar nele assim, valioso. 

- William?

- Aqui. Tudo bem? 

- Ah, sim. Fomos apenas doar aquelas caixas. Chegou há muito tempo? 

Ele anda pela casa como se... Realmente pudesse enxergar. É uma coisa tao bizarra que quando minha consciência me bate dizendo que ele não pode ver, sinto-me ficar deprimido. 

- Não. - Minto. - Cheguei há pouco tempo. 

Billy passa por mim, me olhando como um falcão. Não ligo. Pelo menos tento não ligar tanto. Toda vez que o olho, aquela maldita ameaça ressurge na minha cabeça e fica ecoando por minutos; é irritante ter a voz dele na minha cabeça. Davi senta-se. Me sento ao lado dele. 

- Você cheira a... Lavanda. 

Novamente fico vermelho. Ele está sussurrando. Resolvo confessar algo que estou prendendo há um tempo. 

- Seus sussurros são minha perdição. Eu... Porra. 

Agora foi a vez dele de ficar vermelho e é a coisa mais adorável que já vi. Não adorável do tipo, um bebê sorrindo ou um filhote de cachorrinho. Adorável do tipo excitante, do tipo que deixa você babando apenas de imaginar ele corando na cama, na parede ou até mesmo neste sofá que estamos.

Antes que ele se pronuncie, Billy aparece. 

- Utah vai ligar para você. - Ele avisa. 

- Obrigado. Eu vou tomar banho e... Falar com ele. 

- Precisa de ajuda? 

Fecho a mão em punho e a coloco atrás das costas. Sinto meus dedos estalarem. 

- Não... Mas se puder separar uma roupa para mim seria de muita ajuda. 

- Claro que sim. - Pela primeira vez no dia, vejo Billy sorrir. Sorrir mesmo. 

Ele se levanta e como sempre, olha para mim. Sua tamanha provocação me fez querer ainda mais pintar seu olho de roxo. Olho para meu chefe assim que tenho certeza de que Billy entrou no quarto dele. 

- É sério? - Murmuro.

- Eu precisava afastá-lo para dizer que... Seus sussurros me deixam tão louco quanto. 

- É sério? - Repito mais empolgado e excitado. 

- Você já disse isso. - Ele dá um sorriso de lado. Provocador. 

Olho para trás rapidamente. Billy não olha. Roubo um beijo de Davi. Não foi demorado como eu queria, ansiava, morria de desejar. Mas foi o suficiente para ter meu lábio sugado e mordido por ele, para saber que mesmo de olhos fechados, ele sorriu. Quando nos separamos eu me levanto. 

- Eu irei dá uma volta para caso tenha alguém rondando a casa. 

- Tudo bem... Pode ir... 

Tento não rir da sua surpresa. Passo por ele sem fazer mais nada, não com Billy aqui. Tenho que me esforçar bastante para não querer esfregar isso em sua cara quando ele me lançar mais um daqueles olhares de nojo, terei que morder a língua. p


Dou a volta na casa três vezes e não encontro nada suspeito. Bem, quase nada. Há um tijolo perto de uma árvore, na outra rua. Corro até lá. O tijolo está marcado com tinta spray preto. Apenas o desenho irregular de uma caveira. A pedra que foi jogada para acertar a janela não tinha nenhum desenho, era irregular e pesada, quase como se fosse escolhida aleatoriamente apenas para assustar. Não chegou a acertar nenhum de nós, foi até um arremesso fraco. Jogo o tijolo onde encontrei. Um senhor está em uma cadeira de balanço na varanda de sua casa, ele está com um rádio do lado em cima de uma simples mesa de madeira. Me aproximo. 

- Com licença, o senhor viu alguém aqui usando um capuz e... Segurando uma pedra? 

- A janela quebrou. 

- Sim. Quebrou sim, o senhor viu quem foi? 

- Foi aquele merdinha do Roger. 

- Quem é Roger? Por favor, diga. 

- Ele mora bem ali. - O senhor aponta para duas casa depois da de Davi.

- Obrigado, o senhor ajudou muito. 

O senhor parece não ligar. Vou embora depois de agradecer mais uma vez. 

Hora de algumas verdades. 

Minha Solução | Série Irmãos Laurent-(Livro 3) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora