Taiwan Stony
Eu havia pesquisado na internet sobre Charles Darwin, que há pouco parei de admirar por causa da repentina pesquisa que me disse que o biólogo comeu a maioria - há menções dizendo que foram todos - dos animais que descobriu. Há duas noites vinha tendo pesadelos com o rosto deste homem e imagens dele comendo animais aleatórios na minha frente, eram constantes e eu só conseguia pensar no olhar malvado que eu atribuíra a ele.
Vi o mesmo olhar em Wess quando ele saiu de fininho da casa onde o homem, que se "esqueceu" de dizer o nome nos deixou acomodados. Parece que nenhum dos meus irmãos ou meus pais pareceram perceber a saída dele, mas eu percebi, eu era o único que não estava admirando essa casa bonita, com móveis bonitos e com o ar de uma mansão. Wess havia saído escondido, quer dizer que vai aprontar alguma. Diferente dele, não pude sair, Léo com certeza notaria minha ausência.
Mas esse não fora - nem de longe - o evento mais estranho. O natal é amanhã; essa época festiva tinha sido estranha nos últimos anos sem Will. Quando ele ainda morava com a gente, era normal, era o normal que eu aceitava porque eu conseguia rir, eu conseguia fazer com que Will olhasse para mim como às vezes Léo olha, como se pensasse "Você é inteligente e isso é uma qualidade boa", em resumo, eu conseguia fazer com que meus irmãos mais velho olhassem para mim com admiração. Porém, agora, o natal tem sido meio cinza; ríamos é claro, também tínhamos o momento família feliz e lembrar que depois do natal, especificamente três dias depois, seria o aniversário de Beverly. Mas não era a mesma coisa, mesmo que eu precisasse, eu sabia que não poderia fazer meus pais perdoarem Will por... O que achem que ele tenha feito. Eu ouvi a versão dele sobre o Treze de Maio, e acredito piamente em cada palavra. Por causa do natal, o mesmo homem estranho que se apresentou como "J.S." trouxe presentes para meus irmãos e eu, além de uma boa quantidade em dinheiro para os nossos pais.
O presente de Wess, por alguma razão, foi um relógio que parecia feito de ouro, brilhava até mesmo quando uma brecha de luz o tocava. Não soube o que era o presente de Léo, ele disse que abrira sozinho e até agora não mostrou. O presente de Livvy fora um conjunto de bonecas. - Que ela deu à Beverly quando o J.S. se retirou, ela realmente odiou.
O meu presente fora um notebook preto, ainda na caixa.
Ganhar presentes na minha família é algo raro, só acontecia nos aniversários. A forma como o homem nos deu os presentes fora tudo, menos gentil. Ele tinha aquele brilho no olhar que Léo disse se parecer com uma própria estrela cadente da qual conseguia realizar seus próprios deleitosos desejos. Ou segredos. Ou qualquer coisa. Eu não gostei dele, mas o notebook é muito bem-vindo.
Sentado na sala com Léo no sofá ao meu lado, tento não fica incomodado com o fato de que tudo parece brilhar dentro da casa; as paredes eram de uma cor azul claro, quase como o céu e havia uma mesinha de canto branca que sustentava um jarro particularmente gigante e lustroso. Os sofás eram cor creme, até mesmo o chão parecia brilhar somente com a luz do sol e essas coisas me incomodavam.
- Você está com aquela cara. - Léo diz.
- Só estou pensando. Qual foi o seu presente?
Léo moveu os ombros como sempre fazia quando ficava nervoso e/ou incomodado. Não entendia seu nervosismo, mas também não tive tempo para perguntar pois nossa mãe nos chamou para comer e quando isso acontecia tínhamos que correr para lavarmos as mãos, nos sentar à mesa, e rezar então assim comer. Nosso almoço foi o mais farto em anos, era bom se você não pensasse que o dinheiro viera de um desconhecido e santo Deus, um homem que era uma total incógnita. Mas ninguém parece ligar muito para isso, principalmente Wess que se diverte fazendo coisas que em nossas condições anteriores, não poderia; assistir TV o dia todo - com a disponibilização de canais pornográficos. Ele acha que eu não escuto, mas realmente fico acordado até tarde como ele. Wess também ficava na piscina, bebia o que tinha e sempre adorava exibir o seu relógio dourado.
Depois que almocei acabei andando pela casa. Livvy insistiu para que eu a ajudasse em alguma coisa relacionada a internet, mas ela repensou na ideia assim que nosso pai apareceu. Tomei a deixa da liberdade para caminha pela casa e algo estranho que notei foi: a casa possuía sete quartos, todos muito enormes e bonitos. Mas um deles está trancado. Foi isso que despertou a minha curiosidade e não era para ser nada além disso porque era apenas um quarto certo? Negativo; era um quarto de alguém, eu dei ênfase nessa parte.
À meia noite, depois que eu confirmei que Wess estava mesmo dormindo, acabei abrindo aquela porta com um clipe de papel e um clipe de cabelo mas antes tive que passar cinco horas - ou mais - aprendendo a fazer isso corretamente na internet. Consegui abri a porta em questão de minutos.
O quarto era como todos os outros, mas esse tinha diferenças notáveis: A cama era maior e estava coberta por uma camada assustadora de poeira e teias de aranha; o cadeado da janela estava escuro; as cortinhas balançaram um pouco quando abri a porta e a corrente de ar entrou no quarto, elas eram escuras e pesadas, impediam a luz. Acendi a luz e comecei a explorar o quarto devagar, comecei pela direita onde tinha a cama e uma escrivaninha vermelho-cereja. Me aproximei mais apenas para descobrir que as gavetas estavam vazias. Não havia decoração nenhuma, era como se tivessem trancado o quarto para definitivamente esquecê-lo. Não ousei chegar perto da cama, mas abri as cortinas e uma lufada de poeira atingiu meu rosto, me fazendo tossir.
- Caramba. - Murmurei.
Andei mais um pouco e fui até dentro do banheiro, que não era nada além de paredes brancas, pia de mármore e teias de aranhas.
Havia uma foto, debaixo do travesseiro esquerdo. Depois de me sentir péssimo por ter quebrado a minha própria promessa de não vasculhar na cama, sinto uma pontada de felicidade ao ter feito. Era a foto de um homem louro, olhos verdes brilhantes, ao lado dele, outro homem com os cabelos cor castanho ruivo, eles sorriam. Havia alguma coisa no momento em que a foto foi tirada; o momento foi perfeito, eles estavam tendo um momento perfeito e parecia se gostar. Havia inscrições na parte de trás da foto.
Quamvis omnia amare mea semper pro vobis quae est pura
Sai do quarto e cheguei ao meu às uma e meia da madrugada, o suor colando meu cabelo nas têmporas era irritante, tive que lavar o rosto e ir direto para o computador que ganhara. Antes de dormi eu traduzi aquelas palavras, demorou mais do que pensei porque as frases traduzidas vinham incoerentes e após uma longa pesquisa em um dicionario de latim - que foi o que testei- o que me veio na tela foi:
Apesar de tudo, meu amor por você sempre foi puro.
⁎⁎⁎
O homem louro era Davi Laurent. Não sei quem é o outro homem na foto, o que sorria mais abertamente, com uma felicidade que invejei. Não sei quem ele é, mas quando J.S. apareceu aqui, nessa casa que não é nossa de novo, soube que eles tinha alguma coisa em comum. O nariz, talvez o queixo ou alguma coisa, mas meus instintos diziam que havia alguma coisa de parentesco neles e não costumo errar. Em contrapartida não ousei perguntar nada, ele passou a maior parte do tempo conversando com os meus pais na cozinha luxuosa, se serviu do vinho que ele mesmo trouxe. Pareceu uma eternidade esperar na sala com Wess, Léo, Livvy e até mesmo Beverly. Quando os três apareceram, notei duas coisas que aconteceram rapidamente, mas não julguei sendo da minha imaginação.
Um: J.S. piscou para Wess de modo cúmplice ou sei lá.
Dois: Meu pai parecia ter mastigado espinhos, ele olhou par todos nós e depois para o homem dono da casa, como se implorasse por outra... Opção?
Meu pai falou antes que eu raciocinasse tudo, e o que ele disse me deixou chocado.
- Nós vamos até Will, amanhã.
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Minha Solução | Série Irmãos Laurent-(Livro 3) (Romance Gay)
RomanceOs últimos anos não tem sido fáceis para a família Laurent, e agora Valentim e Vanessa tentam convencer seu terceiro filho que ele precisa de um segurança. Davi Laurent não aceita a ideia de primeira, mas para tranquilizar seus pais ele decide fecha...