Capítulo 15

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(Segundo mês)

(Davi)

Summer pediu que fossemos brincar.

- Querida eu não posso brincar.

- O senhor vai trabalhar?

- Daqui pouco eu irei, sim. Mas não posso brincar com você porque não vejo, como posso saber se estou brincando como você quer?

A pequena fica em silêncio.

- Podemos brincar apenas falando. É legal também. Eu começo! Imagine que estamos em um reino muito distante, e eu sou a rainha. Então eu procuro um cavaleiro para defender meu reino. O que acontece depois?

- Você acha um cavaleiro forte, bondoso mas que esconde um segredo. Ele sabe muitas coisas e jurou lealdade a você.

- O cavaleiro tinha olhos azuis! Quer saber qual o segredo dele? - Summer começa a sussurrar.

- Quero, sim. Qual?

- O cavaleiro está apaixonado pelo tio da rainha que sou eu. Mas eles não podem ficar juntinhos. Porque o mal não deixava.

Acabo sorrindo e ao mesmo tempo hesitando. Quando ela deslizou o dedo na minha palma escrevendo, achei que havia algo que ela quisesse me contar. Summer não me contou nada, entretanto.
Mas ela está fixionada na ideia de uma paixão entre mim e Will... Não sei da onde ela tirou isso, nem mesmo sei se consigo parar de sorrir por isso. Ficamos mais alguns minutinhos brincando, foi quando ela disse que a história tinha que esperar até a hora dela ir dormir.

- Seus pais chegam hoje.

- Eu sei.

- Tenho que ir trabalhar agora. Brinque aqui dentro e se estiver com fome, pode ir pedir a Billy na cozinha. Certo, querida?

- Certo.

Fui para meu quarto e peguei o tablet  que estava em cima da escrivaninha. São cinco passos até minha cama.
Recebo uma ligação de Utah no momento em que encosto-me à cama. Atendo.

- Novidades?

- De mim ou da empresa?

- Ambos.

Faço o máximo para prestar atenção em tudo que ele fala. Me atualizo bastante sobre as coisas que estão acontecendo na minha empresa, lucros, falhas e até fofocas. Também prestei um pouco de atenção as novidades de Utah como amigo. Mas quem eu estou querendo enganar? Cada palavra que entra por um ouvido acaba saindo por outro quase no mesmo momento, há alguém encrustado na minha cabeça, é algo, uma memória mais pegajosa que mel, mais dura que pedregulho. Não consigo nem mesmo pensar na cor do céu ou em Shakespeare que acabo me lembrando de William.

Mas como posso não chamar aquilo que fizemos de aventura? Claro que foi. Ele é bonito certamente, poderia estar ao lado de qualquer pessoa que quiser e todas poderão oferecer a ele algo que não poderei, mas pensar nessas coisas me deixa mal, por um motivo totalmente egoísta, claro. Não posso pensar como se ele fosse propriedade minha, ele apenas trabalha para mim e... estamos em discrição. Sigilo. Distanciamento emocional.
Às vezes o que é certo machuca.

Diego e Hall chegaram depois que almoçamos. A pequena correu para os braços dos pais.

- Como foram? - Pergunto.

- Quente. - Diego responde.

- Calado. - Escuto Hall murmurar. - Como foi as coisas amorzinho?

- Eu fiz uma história. Quando fomos dormir eu conto para vocês.

Acabo rindo.

Hall pergunta algumas coisas, mas depois se acalma e fala apenas com a filha. Já Diego vem até mim.

Minha Solução | Série Irmãos Laurent-(Livro 3) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora