Capítulo 26

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Davi

Billy fechou a porta do meu escritório a um minuto e meio atrás. 

Estar contando os segundos me livra minimamente do nervosismo que parece uma corrente: Impossibilitando minha garganta de liberar as tão duras palavras; mantendo meus ombros baixos; me deixando pesado e com receio de acabar afundando em meu próprio chão. Eu sabia o que estava por vir, só nunca achei que este momento chegaria e seria tão sério; tão assustador. Sei bastante sobre a verdade para supor que, enquanto Billy começar a falar - se ele falar -, tenho que apenas escutar e escutar até que todas as palavras já tenham deixado seu corpo. Tenho que enchê-lo e deixá-lo explodir como quiser; é o que todos deveriam fazer algum dia. 

- Então? - Ele pergunta. Não sei se está animado ou simplesmente sendo educado. 

- Acho que precisamos esclarecer algumas coisas. Não quero deixar... Nada sem explicação. 

- Você não está falando coisa com coisa. Você não vai nem sentar? 

- Estou bem assim. 

Foi a mentira mais descarada que pude começar esta conversa. 

- Tudo bem. Fale. 

- Passamos muitos anos juntos, não é? Eu vou falar até que eu esteja convencido das minhas palavras, então quero apenas que... Escute-me. Começarei falando que eu gosto muito da sua companhia e de como você é atento, mesmo que eu sinta que está começando a me evitar. Vou contar que ultimamente tenho me sentido um pouco mau por deixar que você pense algo que nunca vai acontecer. Sinto que estou transformando nossa relação em algo venenoso e está é a última coisa que eu quero na minha vida, Billy. Eu preciso de você, nem saberia como eu estaria sem você há quatro anos, ou quando cheguei ao Brasil. Mas eu não posso mais fazer isso. Deixar as coisas como estão. Não pense que eu não estou me sentindo nervoso com essas coisas, reconheço que eu mesmo as deixei acontecer. Eu estraguei tudo e nem tinha noção disso. Então peço que me perdoe se puder e, sinto muito se não era o que você esperava. 

Sessenta segundos se passaram. Sentia incomodado com minha própria posição. 

Oitenta segundos de pura aflição.

- Você gosta do segurança. 

A fala quase faz meu coração descompensar por completo. Gostar é uma coisa tão simples, mas causa um grande impacto. 

- Sim. Não vai falar mais nada? 

- O que você quer que eu diga? 

- Quero que grite comigo, Billy. Quero que despeje... Tudo. 

Do contrário que pensei, ele não grita ou me xinga ou se quer encosta um dedo em mim. Mas ele ri.

- Pode me dizer do que está rindo? Billy!

- Davi... Olha só... Eu estou rindo para não desabar em lágrimas. Eu amo você, é verdade, mas não sou um cretino completo que vai gritar com você por não sentir o mesmo por mim. Não vou fazer nada além de falar. Certo, você gosta do segurança. Isso sim é um balde de água gelada na minha cabeça. Estivemos juntos por anos, é verdade, e nesses anos todos eu sufoquei o que eu sentia por você, mas nós transávamos e nos beijávamos e o caralho mais. Não vou dizer que isso não foi um grande impacto na minha vida, claro que foi, você era... É um homem perfeito. Tem noção de quantas vezes pensei em vir até você e despejar tudo? Mas eu não podia por inúmeros motivos e um deles é sua família; eles não gostam de mim e eu dou boas razões para isso. Então, se você gosta do segurança ali, faça o que achar melhor, eu ainda... Estarei aqui e tentarei ao máximo não evitar você ou ser totalmente grosso com ele. Eu só preciso de um baita tempo para entender que... O lugar que você me colocou era na verdade, areia movediça.  

Minha Solução | Série Irmãos Laurent-(Livro 3) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora