Capítulo 34

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William

Os sons que aquele aparelho emitia me deixava louco, ansioso, nervoso e com vontade de socar aquele troço emitidor de bips. As enfermeiras me disseram que ele não acordou desde a cirurgia, o que quer dizer que foi há mais de seis horas. Ele não corre risco de vida, o médico rechonchudo havia me falado, a faca não atingira nenhum órgão, mas ele perdeu uma considerável quantidade de sangue. Estou aqui há meia hora, mas parece-se uma eternidade de preocupações. Quando saí de casa, Davi me fez tomar café com ele e eu queimei a língua duas vezes, o que fez ele me dá uma bronca; também me contou de quando Hall esteve no hospital, depois que um... Como era o nome dele? Thiago? Algo do tipo, o sequestrou e fez ele sofrer um acidente de carro sério. Hospitais não é uma coisa que gosto, só o cheiro me deixa enjoado. Mas é preciso estar aqui, porque não consigo parar de me culpar pelo que aconteceu com Júlio. Warley, ao que parece, sumiu do mapa. Não está mais naquela instituição que trabalhava, também não voltou para onde mora. Isso pode tanto ser uma benção quanto uma maldição, ainda estou tentando descobrir. 

Cansado de ficar sentado naquela cadeira me levanto e saio do quarto. Fecho a porta devagar e depois vou andando pelo corredor iluminado até à saída. Perto de algumas samambaias, pego o telefone e ligo para Davi.

- Oi, tudo bem? - A voz dele é carregada de preocupação. 

- Tudo do mesmo jeito. Onde você está? 

- Na casa de Diego, não se preocupe. Eu... Espere... Summer está mandando um beijo para você.

- Outro para ela. E para você. 

Posso imaginá-lo ficando vermelho neste instante e, ao mesmo tempo que sei que tenho que ficar aqui queria poder estar lá para ver isso. 

- Vai dar tudo certo. - Ele diz. 

- Espero que sim, assim podemos seguir com o plano. 

- Não me recordo de nenhum plano.

Acabo rindo baixinho. Meus olhos encaram o chão enquanto umedeço meus lábios preparando uma resposta.

- O plano de me apresentar para sua família como você queria. Ou mudou de ideia? - Pergunto tentando não demostrar minha aflição, mas falhei miseravelmente. 

- De jeito nenhum. - Ele fala firme, o que fez meu coração se acalmar. - Vou apresentar você sim, com maior prazer, mas antes tenho que pedir você em namoro. 

- Eu... Você tem que me preparar para quando falar essas coisas. Você soa tão sábio, nada brega. É perfeito.

- Pois ser sábio e amar excedem  a capacidade do homem. Shakespeare.

- Você deve ser uma exceção. 

Assim que termino de murmurar esse pensamento me sinto idiota. Não era para ter sido verbal, eu sei o quanto sentimentalismo demais pode afetar uma relação, e nessa relação eu mais pareço um garotinho ingenuo. 

- Vamos terminar em casa; prometo. - É a única coisa que Davi fala. 

Desligamos enquanto eu ainda morria de vergonha. 

Warley, quando namorávamos, dizia que o meu excesso de sentimentos se pareciam com o de uma mulher, o que eu não entendi muito bem na época, se estávamos juntos não era para se demonstrar todo o meu amor por ele? Todos os sentimentos juntos e misturados? Mas ele não queria nada daquilo enquanto estávamos em público, porque ele não era assumido, nem eu era. A sós nem mesmo falávamos sobre sentimentos de nenhuma forma, era apenas cama ou filmes, ou beijos e caricias ou brincadeiras. 

Ando devagar até o quarto onde estava antes. Abro a porta sem emitir nenhum som e entro, fechando-a com o mesmo cuidado. O cheiro e os sons de bips agora já não me incomodam tanto. 

Minha Solução | Série Irmãos Laurent-(Livro 3) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora