Garoto Solitário - parte 2

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  Emma

 
- Emma posso dormir aqui? – Ele me perguntou com sua voz ainda um pouco tremula.

- Mas é claro que pode, que pergunta boba. – Digo conseguindo tirar um sorriso de seu rosto.

Já virou rotina o Norman dormir aqui, tanto que tem até algumas roupas dele aqui, não são muitas as roupas, mas é o suficiente para ele dormir. Eu gosto quando o Norman fica aqui em casa, eu sinto que assim ele vai ficar mais seguro e não vai tentar nenhuma besteira de novo.

- Bom, que tal você ir tomar um banho para depois passar uma pomada nesses roxos – Digo me levantando do sofá e indo pegar uma toalha para ele.

- Tudo bem – Ele diz se levantando e pegando a toalha da minha mão, com uma voz que já não está mais tremula o que me faz soltar um suspiro de alivio

 Quebra de tempo
 

Depois do Norman ter tomado banho nós fomos comer e depois fomos dormir no meu quarto, que tinha uma cama de casal. No dia seguinte nos acordamos e fomos tomar café, acordamos um pouco tarde então nos trocamos na pressa e eu pedi para meu motorista nos levar. Por sorte chegamos a tempo, mas assim que entramos na sala o nosso professor chegou e começou a dar aula, eu e Norman sentamos nas ultimas mesas, eu sento na fileira do meio e o Norman senta a minha esquerda e... olha, não é o Ray sentado a minha direita? Que legal, ontem eu não prestei muita atenção nisso, nem lembro dele ter sentado do meu lado, queria poder falar com ele, mas a aula já começou, na hora do intervalo eu falo. 

A nossa escola é incrivelmente rígida por isso é a melhor escola, apenas os mais fortes "sobrevivem", mas apesar de tudo eu gosto dela, não somente porque o Norman está comigo, mas também porque tem uma professora que eu gosto em especial, seu nome é Isabella sensei, ela é muito legal e carinhosa, espero continuar a poder ter aulas com ela. Depois de um longo tempo chega o intervalo e eu vou diretamente falar com o Ray

- Oi Ray como você esta? – Eu digo, mas ele me ignora e sai andando e eu vou atrás dele, mas ele continua me evitando, por que?

Então os dias foram passando e eu todos os dias tentava falar com o Ray, na hora do intervalo e no final da aula, mas não dava certo ate mesmo o Norman disse para eu desistir, mas isso não faz o meu tipo, eu não vou desistir!

  Ray

Depois daquele dia na pracinha aquela menina não parava de me seguir, todos os dias, nos intervalos e depois das aulas, eu não sei o que estava acontecendo mas eu não queria falar com ela, nós não tínhamos nada para falar, nem nos conhecíamos, eu só queria ficar sozinho mas ela não desistia, então eu decidi ir falar com ela. No intervalo, como sempre, aquela garota veio falar comigo

- Oi Ray! – Ela chegou para mim no corredor um pouco depois de eu ter saído da sala

- Oi – Ela parecia surpresa talvez por eu finalmente ter falado com ela depois de tantos dias – Qual é o seu nome? – Perguntei sem qualquer hesitação, afinal eu não lembrava mais o nome dela

- Eu sou a Emma! – Ela falou apontando para si mesma

- Olha Emma eu vou ser direto, o que você quer comigo? – Perguntei olhando nos olhos da mesma que parecia ter ficado confusa com a minha pergunta

- O que eu quero? Quero ser sua amiga! – Amiga? Amiga?! Agora eu é que fiquei confuso, por que ela queria ser minha amiga, isso não faz o menor sentido

- Mas porque voc –

- Emma, aí está você – Um garoto de cabelos brancos me interrompeu enquanto chamava a menina que estava na minha frente

- Norman! – Ela disse se virando para o garoto esbranquiçado 

- Emma vamos até a cantina comer,  se não a comida vai acabar – Disse o garoto de cabelos brancos já se virando para ir ate a cantina, eu ia aproveitar aquela oportunidade para sair daquela situação mas...

- Espere, pronto agora vamos – Ela disse essa última parte segurando no meu braço, eu fiquei muito surpreso e o garoto de cabelos brancos parecia estar bastante surpreso também, porem nem tanto quanto eu.

- O que você está fazendo Emma? – Perguntei tentando soltar a sua mão do meu braço, mas eu não conseguia, não soltava de jeito nenhum, de onde vinha tanta força?

- Como assim? Agora nós somos amigos e amigos tem que ficar juntos, é deprimente ver você sozinho todos os dias. – Ela diz olhando pra mim já decidida e decido apenas seguir o fluxo.

- Eu acho uma boa ideia, eu sou o Norman – Ele diz estendendo a sua mão em minha direção, a Emma solta o meu braço para que eu possa apertar a mão do mesmo

Depois disso a Emma olhou para nós dois sorriu e saiu saltitando de alegria ate a cantina, eu não entendi o porquê dela estar tão feliz, ela definitivamente é estranha. Depois de comermos o intervalo acaba e voltamos as aulas. 

Depois da aula fomos juntos até nossas casas, eu achei coincidência demais as nossas casas serem para o mesmo lado, mas tudo bem. Estávamos indo juntos e a Emma não parava de falar, ela era a única falando, mas era engraçado as coisas bobas que ela dizia, até chegar a uma rua que nos separava. A Emma foi para um lado e eu e Norman para outro. Aquela falação acabou, e o silêncio tomou conta do lugar, nós não falamos nada o caminho inteiro, o que não era ruim, já que eu não gostava de muita falação, mas tem uma coisa que me intrigou bastante com esse Norman... os seus pulsos, a primeira coisa que eu reparei nele foram os pulsos com uma cicatriz em forma de x o que me deixava bastante curioso, mas eu não perguntei nada, já até consigo imajinar qual deve ser o motivo. Depois de um tempo nós passamos em frente a uma casa bem luxuosa e o Norman parou em frente dela, com certeza era a casa dele, porque ele começou a andar em direção a casa, e quando estava na porta ele olhou para traz e disse

- Até amanhã, Ray – Ele me disse isso acenando e com um sorriso bobo no rosto.

- Até, Norman – Eu disse também acenando e depois voltando a andar em direção a minha casa que era um pouco mais adiante.

Ao chegar em casa encontro os meus pais na mesa me esperando para tomar café, eu apenas os ignorei e subi até o meu quarto para tomar um banho, e é por isso que eu odeio educação física me deixa todo suado! Enquanto estava em baixo do chuveiro fiquei lembrando dos meus pais, não os que estavam lá embaixo na mesa, mas sim meus pais verdadeiros, eu posso até ser adotado, mas eu conheci meus pais verdadeiros e vivi com eles ate meus cinco anos de idade, eles faleceram em um acidente de carro e eu sinto muita falta deles, eu sai de meu transe com os gritos de minha mãe que me chama para tomar café, eu rapidamente sai do banho e coloquei uma roupa qualquer para poder descer. Eu sentei em uma das cadeiras da mesa e na minha frente tinha um prato com uma omelete e um copo de suco, nós todos comemos em silencio e quando acabamos eu fui para o meu quarto ler um livro, e ao anoitecer eu acabei pegando no sono.

 
 Quebra de tempo

 
Eu já havia tomado café e estava a caminho da escola quando encontro Emma e Norman na metade do caminho.

Bem vindo ao infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora