Síndrome de Borderline

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  Ray

 
Eu já havia tomado café e estava a caminho da escola quando encontro Emma e Norman na metade do caminho.

- Oi Ray, bom dia! – Disse Emma como sempre, muito animada.

- Oi Emma, oi Norman – Disse olhando para cada um enquanto falava seus nomes

- Oi Ray, bom dia – Ele disse olhando pra mim com pequeno sorriso no rosto

Nós começamos a andar em direção a escola e quando chegamos lá, sentamos cada um em seus lugares e esperamos o professor, mas ele não veio e uma das professoras veio o substituir, a Isabella sensei, eu olhei para o lado e a Emma parecia estar mais feliz que o normal, talvez ela goste dessa professora, bom eu não a culpo, todos gostam dela, ela é uma boa professora que dá boas aulas e é incrivelmente gentil com os alunos, as aulas passaram num piscar de olhos, as aulas com ela costumam passar mesmo, bem rápido. Passei o intervalo inteiro com os meus únicos amigos falando sobre coisas aleatórias dessa vez não somente a Emma falou, mas eu e Norman também, o que já foi uma evolução.

 
  Norman
 

Depois das aulas nos três voltamos para casa juntos e como sempre a Emma se separa primeiro e eu e o Ray vamos andando, geralmente vamos em silencio como hoje, porque, se tem uma coisa que eu aprendi sobre ele, é que ele gosta de silêncio e livros. Ele estava lendo um livro que me parecia interessante

- Que livro você está lendo Ray? – Pergunto sem para de andar e olhando para o livro.

- Se chama, O Código da Cavalaria – Ele falou olhando para frente e continuando a andar

- Sobre oque ele fala?

- Fala sobre o Código de Cavalaria medieval, em que se buscavam, além da honra, valores espirituais como: justiça, fé, prudência, caridade, esperança, temperança e fortaleza. Essas virtudes cristãs e, ao mesmo tempo, Universais, moldavam o individue, seu caráter e sua personalidade, visando à busca de Deus e ao convívio com Ele. – Ele me falou tão detalhadamente que eu fiquei surpreso, quando perguntei sobre o que se falava no livro eu não esperei que ele fosse me dar uma resposta tão complexa, fiquei surpreso e impressionado.

- Parece interessante, quando você terminar de ler, me empresta para eu poder ler também? – Falo olhando para o mesmo e dando um sorrisinho de canto

- Claro. Não vejo porque não – Ele diz isso dessa vez, falando olhando nos meus olhos com aquele olhar frio e sem expressão de sempre

Depois de um tempo eu chego em casa e me despeço do Ray, eu entro em casa e a primeira coisa que eu percebo e a minha mãe que está em silêncio sentada na mesa, eu tenho que falar alguma coisa para ela não ficar brava

- Oi mãe – Eu digo mas ela não me reponde, então eu subo para o meu quarto para tomar um banho. Saio do banho, me troco e deito na cama já morrendo de cansaço. Há alguns anos eu descobri que minha mãe sofre de Transtorno de Personalidade Borderline (TPB)

(Síndrome de Borderline  é um transtorno mental grave caracterizado por um padrão de instabilidade contínua no humor, no comportamento, auto-imagem e funcionamento.
Os sintomas mais comuns da síndrome de borderline englobam instabilidade emocional, sensação de inutilidade, insegurança, impulsividade e relações sociais prejudicadas.
Essas experiências geralmente resultam em ações impulsivas e relacionamentos instáveis. Uma pessoa com Síndrome de Borderline pode experimentar episódios intensos de raiva, depressão e ansiedade que podem durar de apenas algumas horas a dias.
Algumas indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline também apresentam altas taxas de ocorrência em conjunto de outros transtornos mentais, como distúrbios do humor, transtornos de ansiedade e distúrbios alimentares, além de abuso de substâncias, automutilação, além de pensamentos e comportamentos suicidas. Indivíduos com Síndrome de Borderline podem alternar momentos em que estão estáveis com surtos psicóticos, manifestando comportamentos descontrolados.
A Síndrome de Borderline também pode ser chamada de Transtorno de Personalidade Limítrofe.) 

A Emma não sabe disso e acho melhor continuar assim, eu estava prestes a dormir quando meu celular toca antes de olhar quem é, eu olho a hora e são 19:36, eu olho para ver quem está ligando e, assim que vejo que é a Emma eu atendo

- Emma o que foi? Aconteceu algo? – Eu pergunto o mais calmo possível apesar de estar um pouco preocupado, ela ligou com o nosso número de emergência.

- No-Norman eu po-poderia ir a-até a sua ca-casa – Ela disse com a voz tremendo tanto, que mal dava para entender, mas mesmo assim eu entendo, mas havia um problema a minha mãe estava em casa e não podia trazer Emma até aqui, o que eu faço?.... já sei!

- Emma não vai dar para você vir aqui em casa a minha mãe está aqui, mas fica calma que eu tive uma ideia.

- Qual? – Ela pergunta com uma voz misturada em medo e um pouco confusa

- Eu vou ligar para o Ray. – Fica um tempo mudo do outro lado da linha o que significa que ela deve estar pensando um pouco

- Tudo bem – Ela responde e eu imediatamente desligo o celular e começo a ligar para o Ray, ainda bem que tínhamos trocado os números de celular há alguns dias.

Eu começo a ligar, mas ninguém atende e eu ligo novemente, depois de alguns toques ele atende.

- Norman, o que você quer? – Frio como sempre, é a cara dele.

- Eu e a Emma podemos ir ate a sua casa? – Tudo fica em silencio, mas antes que possa pergunta de novo ele responde

- Claro, mas vocês vão ter que me explicar o porquê de virem na minha casa tão tarde, tão repentinamente.

- Tudo bem – Eu apenso concordo e ligo para a Emma para avisar que eu vou ate sua para buscá-la e lava-la ate a casa do Ray

 Quebra de tempo

Depois de buscar a Emma, nós passamos pela minha casa e continuamos andando, eu não fazia ideia de onde era a casa do Ray, só sabia que era mais um pouco acima da minha casa. Por sorte Ray estava esperando do lado de fora de sua casa.

- Você esqueceu de perguntar meu endereço, idiota. – Ele fala assim que nos avista, ele estava com as costas encostadas na porta e os braços cruzados.

Eu apenas sorri aliviado e ele abriu a porta indicando para mim e Emma estrarmos. Quando entramos na casa, nos sentamos no sofá e Ray sentou em uma cadeira na minha frente.

- Então, o que aconteceu? – Eu e Emma nos olhamos com uma dúvida se falávamos ou não mas decidimos contar sobre nossas vidas tanto eu quanto a Emma, e fui o primeiro a começar a falar.

- Tudo bem eu conto.

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