Verdades sejam ditas

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  Norman
 

- Tudo bem eu conto – Falei um pouco receoso, mas eu já tinha dito que iria contar então...

- Estou ouvindo – Ele disse cruzando os braços e olhando diretamente nos meus olhos de um modo muito sério, ele realmente estava disposto a ouvir o que me deixou um pouco mais aliviado, mas antes...

- Onde estão os seus pais? – Uma dúvida que não saia da minha cabeça desde que chegamos.

- Não estão, saíram para algum lugar.

- Onde? – Eu sei que estou sendo muito curioso, mas não dá para evitar. Ele não me respondeu e apenas deu de ombros indicando que ele não fazia a menor ideia.

- Agora pode começar a falar – Ainda com aquela expressão séria, ela me dá calafrios.

- Quer ouvir a minha história ou a da Emma primeiro? – Eu pergunto, mas ele apenas dá de ombros novamente, eu respiro bem fundo e ia começar já que a Emma estava muito abalada para falar algo, ela estava apenas ouvindo.

- Antes de começar Norman, Emma você não quer tomar um banho – Eu e Emma ficamos um pouco confusos – Não tem uma roupa para você colocar então vai ter que colocar a mesma roupa mas, e melhor do que ficar sem tomar um banho – O Ray fala tão serio que eu e a Emma achamos que era uma brincadeira mas, eu acho que o Ray não tem tempo para essas coisas.

A Emma olhou para mim e eu apenas assenti com a cabeça e ela também, o Ray apenas levantou saiu e voltou com uma toalha em mãos e deu para a Emma, ele mostrou o caminho do banheiro e ela foi tomar um banho. Eu não entendi o porquê dele ter feito isso, por que será que ele fez isso?

- Eu fiz isso porque ela parecia desconfortável com o assunto, assim podemos conversar melhor. – Ele respondeu exatamente o que eu tinha me perguntado parece até que ele leu a minha mente e quando eu prestei atenção no que ele falou percebi que ele apenas estava preocupado com a Emma o que me deixou bastante surpreso, parece que eu acabei de conhecer um outo lado do Ray um lado que não seja o sério e grosso, mas um lado gentil e que se preocupa com as pessoas.

- Agora você pode voltar a falar, Norman – Ele disse me tirando do meu transe

- Tudo bem. A mãe da Emma faleceu quando ela tinha sete anos, ela se suicidou e ninguém sabe o porquê, bom foi o que o pai dela disse...  – Dei um tempo antes de continuar a falar e o Ray estava prestando total atenção – O pai dela, é um homem com boas influencias e uma boa imagem, ninguém iria desconfiar dele, mas a Emma viu, ela viu ele... assassinar a... própria esposa. Ele fez parecer com que tenha sido suicídio, e é claro que todos acreditaram. Emma tentou contar a verdade para todos, mas quem iria acreditar em uma menina de sete anos de idade? Ninguém, ninguém acreditou nela. Emma me contou que seus pais viviam brigando, porque, seu pai abusava dela, mas a mãe dela não gostava disso e tentava impedir, mas... não deu certo. Depois que a mãe da Emma morreu, os abusos se tornaram mais frequentes, e é por isso que estamos aqui. – Falei com a voz mais calma o possível e quando terminei de falar fiquei impressionado por não ter gaguejado nem uma vez, talvez seja porque a Emma não está aqui ou porque o Ray está prestando atenção em tudo sem dar nenhuma palavra e deixando eu ir no meu ritmo

- Mas você a ajudou, ainda bem que ela tinha você ao lado dela nesses momentos difíceis, tenho certeza que ela se sentia bem melhor com você lá. – Ele disse deixando de ficar com os braços cruzados e sentando ao meu lado no sofá, acho que ele percebeu que eu estava um pouco abalado. Suas palavras me surpreenderam me deixando um pouco mais aliviado e me dando coragem para contar a minha história.

  Ray
 

- Okay, vou continuar –  Ele disse parecendo bem mais calmo e encostando as costas no encosto do sofá. – A minha mãe tem Transtorno de Personalidade Borderline, mas a Emma não sabe e prefiro que continue assim, e, quando eu tinha uns 4 anos de idade ela descobriu que meu pai estava traindo ela, ela surtou, e eles tiveram uma briga muito feia eu era muito novo e não fazia ideia do estava acontecendo, mas, depois disso meu pai foi embora com a amante dele, e sumiu no mundo. Eu tento fazer ao máximo tudo o que ela manda para não deixa-la brava, porque quando ela fica brava ela... bate em mim... e isso acabou se tornando cada vez mais frequente... ela as vezes surta e... tenta se matar, ou até mesmo se recusa a comer, o médico disse que isso faz parte do Transtorno Borderline, mas mesmo assim, é assustador.

Nesse exato momento a Emma sai do banheiro e volta a se sentar no sofá o que faz eu me levantar e me sentar na cadeira de novo.

- Bom agora e a minha vez de contar sobre a minha vida, seria injusto se eu soubesse sobre vocês mas vocês não sabem sobre mim – Eu digo eles parecem um tanto quanto surpresos mas já era esperado, dou um tempo e começo a falar. – Meus pais faleceram quando eu tinha cinco anos em um acidente de carro, um tempo depois, eu fui adotado por um casal que parecia ser amável e gentil, mas só parecia mesmo , não demorou muito para eu descobrir que eles são traficantes de drogas. – Nesse momento Emma e Norman me olharam com uma cara de muito surpresos, como se o que o Norman tivesse dito fosse super normal. – E como se isso não bastasse eles são loucos, eu não sei se é a droga em excesso ou se é de nascença, eu sei que eles são muito loucos, e parece que estão tentando fazer com que eu fique também, porque sempre que chega uma nova remeça de drogas, eles tem que injetar um pouquinho de cada uma dentro de mim e isso está acabando comigo, é... horrível. É isso não tenho mais nada a dizer sobre mim. – Eles parecem incrivelmente surpresos e eu ainda não entendi o porquê.

- Isso é um pouco engraçado, até parece que o destino juntou nós crianças com problemas familiares para nos consolarmos ou sei lá – Para dizer uma coisa boba dessas com uma voz de sarcasmo em uma hora tão séria quanto essa, só podia ser a Emma mesmo. – Mas também é um pouco triste pensar que nos conhecemos por essa razão. – Sua voz mudou de um tom de sarcasmo para um tom de tristeza, deixando a sala em silencio.

- Mas quem disse que o nos conhecemos por causa disso, eu acho que nos conhecemos para podermos ser grandes amigos e ajudar uns aos outros nos momentos difíceis, assim como esse. – Disse o Norman com uma voz mais animada e doce que parece ter deixado a Emma um pouco mais feliz  o que deixou o ambiente um pouco mais alegre e menos deprimente.

- É talvez seja – Digo quase em um sussurro, mas alto o suficiente para eles escutarem, colocando as mãos atrás da cabeça e olhando para o teto.

 
  Norman
 

- Os seus pais não vão voltar né? – Pergunto me lembrando que estamos na casa do Ray.

- Não, estão em uma viagem de “negócios” – Ele diz fazendo aspas com os dedos na palavra negócios. – Se vocês quiserem podem dormir aqui, não tem um quarto para cada um mas, no meu quarto tem uma cama de casal e tem um quarto sobrando com uma cama de solteiro, se quiserem podem usar a minha cama de casal e eu deito na cama de solteiro.

- Eu, na verdade gostaria de dormir sozinha hoje. – A Emma diz olhando para o chão o que surpreende eu e o Ray.

- Tudo bem, eu deito na cama de casal com o Ray, tudo bem para você Ray? – Pergunto passando meu olhar da Emma para o Ray

- Claro, eu não me importo – Uiii frio como sempre.

 
 Quebra de tempo
 

Nos todos dormimos muito bem e acordamos um pouco mais cedo do que o esperado, tomamos café e fomos para a escola mesmo que seja cedo, já que o Ray disse que seus pais estavam voltando e iam chegar de manhã.

 Como estava muito cedo nós paramos na pracinha que fica no caminho da escola, sentamos em um banquinho e ficamos a observar as crianças que brincavam.

 
 Quebra de tempo

 
Nós chegamos na escola e entramos na sala seguidos pela Isabella sensei já que o nosso professor original ainda estava doente, sentamos cada um em seus lugares e ouvimos as aulas em silêncio.

Bem vindo ao infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora