Emma
- Gilda precisamos conversar. - Disse me ajeitando na cama para poder conversar mais confortavelmente com a mesma
Ficamos um tempo em silencio, ela não me respondia e também não tirava os olhos de seu livro, como se estivesse ignorando completamente a minha presença.
Finalmente ela fecha o seu livro e o coloca em cima da cama ao seu lado, ela se ajeita e me encara, seriamente e friamente, isso me incomoda um pouco, e me deixa bastante desconfortável, como se ela estivesse me fuzilando apenas com seu olhar. Aquela pessoa na minha frente não era mais a Gilda, mas eu tinha que traze-la de volta, tinha que faze-la voltar ao normal.
- E então, Emma, o que queria conversar? - Ela foi direta e fria
- Bom... eu... eu... - Eu sei que devo falar com ela, mas, o que eu devo falar? Eu estou muito nervosa, e ela fica me encarando desse jeito, mas, estamos falando da Gilda, eu tenho que tentar, eu tenho que fazer o que for possível!
- Você? - Ela repete o que eu falei esperando eu continuar a minha fala.
- Bom, eu - Paro um pouco de falar e respiro fundo para continuar - Gilda, eu não sei o que está errado com você, eu não sei o que aconteceu com você, eu não consigo entender como uma pessoa que sempre foi tão doce, amável, fofa, carinhosa e tão linda, consegue me olhar com esses olhos, olhos de quem odeia a tudo e a todos, olhos de quem não sente paixão por nada e nem ninguém. Mas se tem uma coisa que eu sei sobre você é que, esses olhos não são seus, esse olhar de quem despreza a todos, não é seu.
Dei uma pequena pausa para olhar nos olhos de Gilda já que até agora eu estava olhando para a cama ou para a parede, tentando evitar seus olhos, e quando olho para a mesma ela parece estar com um olhar um pouco menos sério e frio, como se estivesse, com mais emoção em seus olhos, acho que está funcionando é melhor eu continuar.
- Você sempre foi uma pessoa, tão tímida e carinhosa, e seus olhos transmitiam isso. Quando estava triste, você abaixava a cabeça e evitava olhar para as pessoas, e quando estava com vergonha, você cobria o seu rosto com as mãos, para que ninguém pudesse ver seu rosto envergonhado, quando estava feliz, os seus olhos brilhavam, de uma forma tão magica e contagiante. Todas as vezes que você ficava feliz, as pessoas a sua volta também ficavam, principalmente eu, toda vez que via o seu sorriso ele me trazia uma sensação de estar segura, uma sensação quente e agradável, e todas as vezes que via os seus olhos brilharem, não somente por felicidade mas, admiração também, eu não conseguia parar de olhar para você, porque você parecia tão radiante, como o sol! - Eu estava imersa em pensamentos, em quanto falava eu lembrava dos momentos que passamos juntas, lembrava de cada sorriso e cada olhar que dávamos quando estávamos juntas.
Depois de um tempo imersa em meus pensamentos, eu olho para Gilda, que estava com uma expressão de surpresa, seus lábios estavam entreabertos e seus olhos arregalados, olhando atentamente para mim. Eu não sei porque, mas na minha mente aquela expressão que ela usava me parecia tão convidativa, eu queria tocar seu rosto e encostar meus lábios nos dela, mas eu sabia que seu fizesse isso agora, poderia acabar estragando tudo, então eu tenho que me segurar, tenho que parar de pensar nessas coisas e me preocupar em faze-la voltar ao normal logo.
- Você sempre foi a pessoa mais especial para mim, nós sempre contamos tudo uma para a outra, além de sermos namoradas somos melhores amigas. Você é a metade que me completa, você é a luz no fim do túnel, um túnel frio e escuro, em que eu vivia a caminhar sozinha, e você me tirou de lá, e me levou para ver o sol, quente e agradável! Quando eu estava triste, você me abraçava e me dizia que tudo iria ficar bem, quando eu estava com problemas, você me ajudava a enfrenta-los, mesmo sendo uma pessoa bastante tímida e medrosa, você sempre estava lá por mim, estava sempre ao meu lado segurando a minha mão, apesar de que as outras pessoas pensavam que era ao contrário, mas na verdade não, na verdade era você que me apoiava, e me tirava de situações difíceis. - Novamente fico imersa em pensamentos, e com um sorriso bobo no rosto.
Eu me aproximo de Gilda que estava sentada de pernas cruzadas, e fico de joelhos em sua frente, eu seguro as suas mãos juntas com as minhas, aproximo meu rosto do seu e olho atentamente em seus olhos, que brilhavam, com seus lábios ainda entreabertos. Me aproximo cada vez mais e vou direto para seu ouvido ainda segurando as suas mãos.
- Eu te amo, Gilda. Eu te amo. - Digo baixo em seu ouvido e posso sentir seu corpo ficando arrepiado, mas não sei se é por minha aproximação repentina, ou pelas palavras que disse em seu ouvido com uma voz seria e um pouco sexy.
Quando volto a olhar em seu rosto, não aguento e começo a chorar de felicidade, junto com a mesma, que já chorava prantos.
- Me desculpe Emma, me desculpe! - Ela dizia entre lagrimas e soluços, e me dando um forte abraço - Me perdoe, eu não sei o que deu em mim, quando eu te vi pela primeira vez depois de tanto tempo, no campo de batalha, tudo o que eu mais queria era, te dar um abraço, e dizer que eu sentia a sua falta, mas, por alguma razão eu não conseguia, eu não conseguia me mexer e andar até você, eu não conseguia, me desculpa eu tentei, mas não conseguia! - Ela me abraçava cada vez mais e mais forte, suas palavras devem ter sido difíceis de dizer, já que ela não parava de soluçar, e as lagrimas não paravam de escorrer de seu rosto, e, do meu também.
- Não Gilda, não chore, está tudo bem, eu sei que não foi a sua intenção, está tudo bem. Agora pare de chorar, tá? - Ela assente com a cabeça e eu me afasto de seu abraço apertado, e paço minhas mãos em seu rosto pra limpar as lagrimas que ainda desciam.
Depois que ela para de chorar e sorri para mim, meu coração se enche de alegria, eu a puxo para mais um abraço apertado e ela retribui.
Quando eu a solto, posso ver novamente uma expressão muito convidativa em seu rosto, eu acaricio carinhosamente a sua bochecha com o meu polegar, e posso ver aquele momento parar no tempo, como se eu estivesse vendo tudo em câmera lenta. Eu começo a aproximar lentamente nossos rostos, e quando já estou perto o suficiente, eu encosto seus lábios nos meus delicadamente, nos levando a um beijo calmo e doce, segurei a sua nuca para aprofundar mais o beijo, pedi passagem com a língua, logo em seguida Gilda permite que nossas línguas se encontrem. Aquele que no começo era um beijo calmo e lento, começou a ser mais intenso e prazeroso, só parávamos para pegar o folego, mas logo em seguida juntávamos os nossos lábios novamente. Eu a derrubo na cama ficando por cima dela mas sem parar o beijo, que a cada momento ficava mais intenso, comecei a deslizar a minha mão solta pela cintura de Gilda, o que faz a mesma ficar toda arrepiada e se agarrar ao meu pescoço, deslizando as suas mãos pelo local, e logo em seguida segurando bem firme. Eu começo e levantar a sua blusa e passar a mão suavemente pelo seu corpo, explorando cada canto de seu corpo, eu iria começar a tirara as nossas roupas para esquentar as coisas, mas...
- Ei Emma! Como foi? Você conseguiu? - Anna entra no quarto desesperada junto com os outros.
Quando eles entram no quarto, encontram uma cena que não deveriam ter encontrado, eu estava em cima de Gilda com uma de minhas mãos em sua nuca e com a outra apalpando os seus seios, com os botões de sua blusa todos abertos e alguns aviam sido arrancados, enquanto Gilda mantinha uma de suas mãos dentro de minha blusa e a outra agarrando o meu pescoço. Quando nós nos olhamos, e todos nós processamos aquela cena, arregalamos os olhos, todos nós, enquanto Don e Anna tampam os olhos de seus irmãos mais novos.
- Mas que merda vocês estão fazendo?! - Eles gritam todos juntos, menos as crianças que estão com seus olhos fechados e não conseguem ver a cena.
- Ninguém ensinou vocês a bater na porta?! - Eu grito saindo de cima de Gilda, e ela logo em seguida cobre a sua lingerie com o cobertor que estava jogado em sua cama.
- Fala sério né, vocês se veem pela primeira vez em muito tempo, e essa é a primeira coisa em que vocês pensam em fazer?! - Pergunta Don praticamente gritando com a gente.
...
Ficamos um longo tempo discutindo sobre o que tinha acontecido, por sorte as crianças não viram a cena. Finalmente, depois de tanto tempo, discutindo e discutindo, nós conseguimos dormir, e eu dormi muito bem, porque sabia que Gilda estava dormindo na cama ao lado da minha, mas antes de dormir eu me viro para Gilda e a chamo para falar algo.
- Ei, Gilda - Sussurro bem baixo para que somente ela possa ouvir.
- O que foi? Emma - Ela também sussurra, para que só eu ouça suas palavras.
- Eu te amo, Gilda. - Mesmo estando escuro e eu não conseguindo ver seu rosto posso sentir que ela ficou muito vermelha agora.
- Eu também te amo, Emma - Agora quem ficou corada foi eu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bem vindo ao inferno
FanficDois amigos que depois acabam se tornando três, cada um com suas vidas pessoais uma mais complicada que a outra, mas tentando se ajudar ao máximo, e, como se isso não bastasse, em um piscar de olhos não somente suas vidas mas como a de todas as outr...