the j of my question z

yeah, focus on me, treat me like shit

Cruzar o dedo do meio com o indicador podia significar duas coisas: a velha superstição de fazer o gesto para afastar as consequências de contar uma mentira ou aquilo que você projeta para atrair sorte. Ninguém, nunca, jamais ousava fazer isso em Gangnam. Acreditei eu por muito tempo que simplesmente desconheciam essa coisa de gestos com dedos, me convenci logo que era isso, porque quando cheguei aqui notei rápido que eles não costumam depositar confiança em coisas que não possuem explicações lógicas, eram muito desconfiados até. Do tipo que não contribuiriam com uma moeda de 50 wons no porquinho até que tivessem certeza absoluta que ele não guincharia ionc ionc porque era feito de gesso (não levem ao pé da letra). Eu havia trazido algumas superstições através das raízes que tinha na Georgia, quando passei 1 ano e meio em Atlanta na infância. Nunca seja capaz de deixar seus calçados de cabeça para baixo, nunca passe embaixo de escadas se não pretende fazer o mesmo caminho e repetir o movimento quando retornar, pisar em rachaduras em plena consciência é inadmissível e traz má sorte, leite por cima do cereal e não o contrário, números pares sempre ao regular o volume da TV, se pisar duas vezes com o pé direito no caminho da escola para casa terá que igualar a mesma quantidade com o pé esquerdo, a estrela cadente pelo parapeito sempre lhe concede um pedido e cet (coisa e tal, derivado de etc).

Lidar com o efeito da catástrofe que a descoberta de sua mentira causaria era de raro acontecimento por aqui, então não precisariam de um símbolo bobo com os dedos para jogarem a preocupação de ser um mentiroso para outro lado que não fosse sua própria consciência pesada, e sorte era uma palavra com o significado de difícil entendimento, porque ninguém conseguia dizer se era "sorte sua que sua mãe tem um novo noivo", porque pérolas como que "azar que ele tem um filho" vinham em forma de pedrada logo em seguida, e todo mundo sabe que nem sempre a parte boa de uma situação se sobrepõe a ruim.   Sua mãe tem um homem mais rico agora, você mora numa mansão e só queria um cachorrinho, mas no lugar vai ganhar um irmão postiço que quer lhe ver morto por tirá-lo o posto de centro das atenções. E seu pai tem outra mulher de classe elevada para cuidar, por isso ele nunca vai lhe ligar, mas sempre que se encontrarem, e vocês estarão bebendo o mesmo drink com Campari num brunch da alta sociedade mesmo que você tenha só 16 anos, ele dirá que sempre pensa em você.  Desse jeito é meio engraçado dizer que alguém tem sorte, não é?   Sorte a sua, garotão, porque você pode estar meio triste agora e mesmo que a gente não entenda, porque você tem tudo que um garoto de 16 gostaria de ter, só precisa esperar um pouco até que o dinheiro dos seus pais compre o amor de alguém e aí pode ser triste, mas será triste numa cama em paris com lençóis de bordado diamante. Sorte a sua.

Depois de ter acompanhado Jennie até sua sala e feito o caminho de volta para chegar até a minha foi que vim perceber (choquem-se agora) estavam olhando para mim.

Não tinha tomado nota anteriormente porque Jennie estava comigo, normalmente é na direção dela que os olhos voam com tanta sede como se estivéssemos no deserto e enxergassem nela um único poço de água fresca. E quando passei pelas pessoas, me secando, imperdoavelmente curiosas como nunca houveram feito antes, percebi que aquele seria um ano turbulento. Já era capaz de sentir o cheiro da confusão chegando. Isso porque o jornal já se encarregara de botar a boca no trombone. Parei na primeira prateleira de jornais impressos que encontrei e, enraivecida, tomei um nas mãos, porque já fazia uma pequena ideia do que poderia ter ocorrido para que de repente os olhos alheios me enxergassem como se tivessem línguas compulsivas no lugar dos olhos e eu fosse um pote de açúcar pronto para ser dissolvido.

"Meninas, falo diretamente com vocês...

ok, não vou excluir ninguém, nós nunca faríamos isso. Meninos, sintam-se também incluídos, porém menos.