onion chips

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— Ahn, pai... — Chamei ao pé da escada. O meu casal de pais muito jovens e bonitos me encaram, — Mãe... — tinham pipocas e refrigerante em mãos, era sexta e isso significava que iriamos assistir ao show das oito na TV a cabo. — Eu vou a uma festa.

— Lisa, querida. — Papa diz entre suas gargalhadas profundas. A camisa com os três primeiros botões desatados como o galã que sempre era. — Já vamos rir o suficiente com o show de hoje, não precisa fazer mais piadas.

Naquele momento eu fecho os olhos, faço uma viagem mental de um segundo que logo se tornam profundas indignações, tudo leva a um só questionamento: o que eu fiz para merecer isso.

— Querido, pupila não está a brincar dessa vez. — Orienta, Mama, sabiamente. Igualmente linda e refrescante como sempre, os lábios grandes com seu rosa natural.

— Como? — Ele abre bem os olhos.

— Vou encontrar Jennie. — Digo.

— É alguma amiga da escola? — Pergunta Mama. E meu pai pega um punhado de pipoca e mastiga, vidrado no momento.

— Ela se mudou a pouco tempo, não termina as frases falando broto e é decente. — Enumero em cada dedo. — Me levou pra comer comida chinesa e comida chinesa é boa. — Ergo o polegar.

Há um breve momento em pause no ambiente onde meus pais apenas me encararam, até subitamente largarem os copos de refrigerante e as pipocas no balcão e empurraram-me pelos ombros até a porta de casa dizendo mil informações:

Nos ligue em emergências.

Podes beber, mas não fiques bêbada, lembre-se que está de bicicleta.

Não perca a bicicleta de vista, mas não deixe que a vejam de bicicleta, pode ser pouco descolado.

Não fume.

Só volte para casa depois da meia noite.

Pule na piscina, chegue em casa com a franja pintada de roxo e um pé descalço.

Beije alguma boca, troque germes com alguém.

E não se esqueça de beber cerveja de cabeça para baixo no botijão, fiz muito isso no meu colegial. — Adicionou Papa. Divirta-se.

E me enxotaram da própria casa, sorridentes da maneira que pais não deveriam agir. Levei as mãos ao rosto e esfreguei, olhando para trás com descrença. Não sei se esses são os exemplos ideais de mãe e pai que um adolescente necessita na própria vida. Mas recolhi minha Bike e segui direto para o colégio, segundo Jennie a casa de Im Nayeon seria duas quadras depois. Comecei a ir bem rápido, tinha sido uma das poucas vezes que não pensei tanto enquanto pedalava, porque não me passava pela cabeça que Jennie somente tinha me feito o convite por educação quando na real intenção não gostaria de mim por perto. Jennie nunca me tiraria esse sarro, ela nunca faria isso. Eu sei porque... porque... ah, porque eu sei.

(ou porque na verdade quero me convencer de que Jennie é a exceção. Nesse período, poucas vezes me perguntei internamente se Jennie de fato existia, se ela não era uma imagem mental irreal que eu tinha criado para me consolar, para me sentir menos sozinha, e por isso eu a achava tão perfeita, porque ela era realmente um modelo completo sem erros saído diretamente da minha cabeça, como se até mesmo os fios esteticamente não alinhados por trás de sua orelha fosse uma escolha vinda da minha mente e por isso gostava tanto, porque Jennie me agradava em tudo.)

Eu nem precisei identificar as janelas em excesso e o telhado azul da... da Rússia? Porque o gramado de entrada estava corrompido por jovens bêbados e copos americanos. O som era alto, daqueles que dava impressão de que a casa de repente era uma animação e sairia pulando no ritmo da música pelo descer da rua.

the j of my question zOnde histórias criam vida. Descubra agora