Capítulo 07 - Escritório Particular

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A viagem já durava mais de 5 minutos e o silêncio entre nós era quase palpável. Evitava olhar para Billy, que me observava pelo canto do olho, sorrindo.

- Vai demorar muito? - perguntei cruzando os braços.

- Calma, Markey! - ele riu olhando para mim - a gente já vai chegar!

- Afinal, onde você tá me levando, hein?

- É surpresa.

Revirei os olhos e cruzei os braços, apreciando a vista. De repente, Billy parou o carro no meio de uma rua deserta, a única coisa que podia ser vista eram árvores e mais árvores. Ele desceu do carro e eu o acompanhei.

- Vai me matar e jogar meu corpo na floresta? - arqueei a sobrancelha - é um lugar perfeito pra isso!

- Vem logo, garota! - sorriu caminhando em meio as árvores. Fiquei no mesmo lugar, estática, ele parou e sorriu me dando a mão - vem!

Segui ele em meio a floresta, até chegarmos à uma cabana. Ela era pequena, com uma pequena varanda na frente e sua pintura estava descascando. Billy foi até lá e abriu a porta, sumindo lá dentro.

- Vai ficar aí? - ouvi sua voz lá dentro.

Caminhei lentamente e entrei. Seu interior era bem diferente, havia uma cama no canto com lençóis limpos, uma prateleira cheia de livros e uma estante com discos e uma vitrola. Luzes coloridas estavam espalhadas pelos cantos.
Devo dizer que fiquei impressionada.

- Gostou? - ele perguntou se deitando na cama - bem-vinda ao meu escritório particular!

- Esse lugar é incrível! - fui até a prateleira de livro - meu deus, você sabe ler!

- Engraçadinha! - veio até mim - eu gosto de ler, algum problema?!

- Nenhum, só que não combina muito com a sua personalidade!

- Bad boys também lêem, ok!

- Me mostra o seu favorito, então! - apontei para os livros.

Ele sorriu e pegou um exemplar de As Ondas, de Virginia Wolf e me entregou.

- É o meu favorito também! - sorri folheando o livro. Olhei para Billy, que tinha um sorriso tímido no rosto - me mostra sua passagem favorita!

- Tá bom - suspirou pegando o livro da minha mão, o folheando. Ele parou e intercalou entre olhar para mim e para o livro sorrindo.

- “Meu próprio cérebro é para mim a mais inexplicável das máquinas — sempre zunindo, sussurrando, planando rugindo mergulhando, e então se enterrando na lama. E por quê? Para que esta paixão?”.

Escutei atentamente cada palavra, deixando um sorriso tímido brotar em meus lábios.

- Vai, me mostra a sua agora! - me entregou o livro.

Folheei o livro, procurando a passagem que tanto amava.

- Sinto mil capacidades brotarem em mim. Ora sou brejeira, alegre, lânguida, ora melancólica. Tenho raízes, mas sou fluida. Toda dourada, fluindo…”

Terminei e o observei, ele me olhava com um olhar indecifrável. Tinha um sorriso no rosto e parecia absorver cada detalhe do meu rosto.
Meu coração bateu mais rápido quando o loiro se aproximou, tirando lentamente o livro das minhas mãos e o colocando na estante, sem cortar o contato visual. Seu olhar desceu até minha boca e voltou aos meus olhos. Billy se aproximou mais e mais, até ficar a centímetros da minha boca, mas ele se afastou e sentou na cama, me deixando sem entender nada. 

- Eu fui um idiota ontem quando te beijei a força - sorriu - agora, quem vai ter que me beijar é você!

Ri de seu comentário e balancei a cabeça.

- Você, definitivamente, não é normal, Billy Hargrove! - cruzei os braços sorrindo.

- Nós dois não somos!

Ficamos o resto do dia lendo livros em silêncio e apenas parando para ler citações um para o outro, ouvindo os discos na vitrola. No final da tarde, ele me levou em casa como prometido. Me despedi e entrei em casa, dando um beijo em minha mãe e subindo feliz da vida para o quarto.
Me joguei na cama, me permitindo sorrir. Talvez eu tenha me enganado.

Billy Hargrove não é tão idiota assim...

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All the love

BROKEN, billy hargroveOnde histórias criam vida. Descubra agora