BROKEN, billy hargrove

Capítulo 14 - Decepção

Olho para o teto enquanto o sol nasce do lado de fora, sua luz invadindo o quarto. Não sinto vontade de levantar. Não quero encarar o mundo. Não quero encarar ele.
Uma parte de mim quer ficar no quarto, encolhida em baixo dos lençóis e ficar lá até o verão acabar. Acho que não quero sair e ver como o mundo é sem Billy aos meus olhos.
Quanto a outra parte, essa sabe que eu não posso ficar me escondendo para sempre. Ela odeia essa autopiedade misturada com uma falsa tristeza. Ela me diz que eu não preciso dele para existir. Tive uma vida antes dele. Então por quê não posso retomá-la?

Decido dar ouvidos à segunda parte e me levanto, indo até o banheiro. Encaro meu reflexo no espelho e rio, vendo meus olhos inchados e nariz levemente vermelho.

- Você é patética, Olivia Markey!

Rio mais ainda, balançando a cabeça em negação e indo até o box, me despindo e deixando a água gelada passar por meu corpo.
Me enrolo na toalha e olho no espelho novamente. Bem melhor!
Me visto e desço as escadas, beijando a bochecha da minha mãe, que preparava o café da manhã.

- Achei que ia ficar em casa hoje. Você chegou tão triste ontem.

- Nenhum cara vai me fazer desistir de tudo e fica chorando dentro de casa. Tenho coisas mais importantes para me preocupar do que com paixões mal resolvidas.

Ela sorriu e eu sorri de volta, pegando uma maçã da fruteira e depositando um beijo em sua bochecha. Fecho a porta e suspiro.
É claro que eu estava mentindo quanto aquilo. Billy não é só uma paixonite adolescente, estou apaixonada por ele. Mas também não posso parar a minha vida por causa dele, nem ele, nem ninguém vai fazer isso comigo.
Se eu fingir para mim mesma que estou bem com tudo isso, que nada me afeta, uma hora a mentira pode se tornar realidade. Até porque, Billy e eu não tínhamos nada sério, então não tem porque sofrer por uma coisa que nem sequer foi real.

Pego a bicicleta e começo a pedalar, sentindo o vento no rosto. Gostaria que ele levasse todos os sentimentos ruins.
Olho para a entrada da piscina comunitária e suspiro pesadamente. Exitei por um segundo, mas afasto esses pensamentos e entro. Dou bom dia à todos e vou para o vestiário, colocando o maiô. Guardo minha bolsa no armário e olho para a porta, vendo ele parado, me encarando por debaixo de seus óculos escuros com uma expressão indecifrável.
Olho diretamente para ele, que tira seus óculos, me permitindo ver seus olhos vermelhos e inchados, mas se ele acha que eu vou me comover com isso, está muito enganado! Bato a porta do armário, pegando o apito e indo até a porta, mas sua mão segura meu braço.

- Me solta!

- Olha, me desculpa por ontem. Eu estava bêbado e nem lembro direito do que falei.

- Mas eu lembro. De cada palavra.

Ele abaixou os olhos, encarando os pés. Depois de alguns segundos, me olhou nos olhos.

- Eu não queira ter dito aquilo. Foi um erro, eu tava com raiva do meu pai, da Max.

- Primeiro, você queria sim ter dito aquilo, a bebida só deu o empurrão que você precisava para falar. Segundo, ter raiva do seu pai, tudo bem, eu no seu lugar sentiria o mesmo. Agora, a Max não tem culpa de nada! 

- A culpa toda é dela! Se eu e ela não tivéssemos brigado, meu pai não teria batido em mim e nós não estaríamos tendo essa conversa!

- Ela faz isso pra chamar a sua atenção! A Max só quer que você seja o irmão dela!

- Ela não é minha irmã! E você não tem que se meter na minha vida, sendo que não consegue arrumar a sua! Afinal, por quê se importa tanto com ela?

- Ela é minha amiga. E, apesar de todos os meus defeitos e falhas, defendo os meus amigos até o fim! Já eu e você, não temos e nunca tivemos nada!

- Divertimento momentâneo, não é? - ele riu sem humor - parece que a diversão acabou!

- É, acabou.

Billy continuou sorrindo e colocou os seus óculos, entrando no vestiário. Saí de lá o mais rápido possível e fui até o meu posto, tentando ao máximo não chorar.
Depois de uma hora, saí do vestiário e vi uma cena nada agradável: Billy e a Sra. Wheeler conversando bem próximos.
Ela foi embora e Billy se virou para ir embora e seu sorriso sumiu ao me ver. Meus olhos começavam a enbassar pelas lágrimas acumuladas, enquanto soltava uma risada sem humor, balançando a cabeça em negação. Andei até o meu posto, sem olhar para ele e me sentei.
O loiro apenas ficou parado, me olhando com uma expressão indecifrável. Depois de alguns minutos, ele se virou e foi embora.

- Eu sou muito idiota mesmo! - murmurei antes de voltar a minha atenção para a piscina, ou pelo menos tentando.

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All the love...