Capítulo 26 - Cartas e Brigas

4.8K 438 126
                                    

Três dias haviam se passado e eu estava mais ansiosa do que nunca para encontrar com Billy. Meus machucados cicatrizaram mais rápido do que os médicos imaginavam, talvez fosse por causa dos meus poderes, mas eles não precisavam saber disso.
Depois de me arrumar, desci as escadas e fui até a cozinha, onde minha mãe preparava um bolo de chocolate, meu favorito. Pincelei a massa com o indicador, recebendo reclamações como resposta.

- Onde vai? - perguntou enquanto mexia a massa.

- Na casa do Billy.

- Falando nisso, quando seremos devidamente apresentados? Tenho que conhecer o namorado da minha filha!

- Não somos namorados! - exclamei.

- Eu não teria tanta certeza! - sorriu arqueando uma das sobrancelhas.

- Não falamos sobre isso - peguei minha bolsa - agora, se me der licença, eu vou ver o meu não namorado.

Ela riu e me despedi, dando um beijo em sua testa. Peguei a minha velha companheira, bicicleta, e andei até a caixa de correio. Conta de gás, conta de luz, propaganda, carta da Universidade da Califórnia.

CARTA DA UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA!!!

Senti meu coração disparar ao ver o símbolo da universidade. Tinha me candidatado para uma das vagas há quase 2 meses, era uma das minhas várias opções. Comecei a pensar no que estaria escrito.
Talvez fosse apenas uma carta de rejeição, afinal, meu histórico escolar era bom, mas não excelente. Ou talvez, houvesse a mínima, ínfima possibilidade de ter sido aceita.

Analisei a carta em minhas mãos, decidindo se abria ou não. Optei pela segunda opção. Se era para confirmar minha derrota, era melhor fazer isso com calma. Guardei ela em minha bolsa e deixei as outras perto da porta para que minha mãe visse.

Comecei a pedalar, sentindo o vento em meus cabelos, finalmente em paz. Comecei a ir mais rápido, sorrindo feito boba. Era tão boa a sensação de liberdade, sem problemas ou preocupações.
Não demorou muito até chegar à casa de Billy. Coloquei minha bicicleta perto de uma árvore e me aproximei da porta, ouvindo alguns ruídos. Eles ficavam mais claros conforme me aproximam, tornando-se gritos.

- Vamos, chega de ficar nessa cama! - a voz era dura e grave, julguei ser o pai de Billy - levanta, sua bichinha! Para de ser preguiçoso!

- Para, ele ainda não está bom! - reconheci a voz de Max - não pode sair da cama, os pontos podem abrir!

- Não tô nem aí! - o homem rosnou e ouvi gritos de Max.

Senti uma raiva se apoderar de mim e abri a porta, seguindo até o quarto de Billy. Seu pai o puxava pela camisa, o forçando a levantar, enquanto o mesmo gemia de dor. Sem pensar duas vezes, andei até o homem e o puxei de lá, usando meus poderes para colocá-lo contra a parede.

- Quem é você?!? - ele perguntou assustado.

- Amiga do Billy e da Max - respondi envolvendo seu pescoço com minha mão - eu sei o que você fez. Tenho nojo de você, como pode bater no seu próprio filho? Seu covarde, não vê que ele está doente?!

Apertei mais seu pescoço, o levantando até tirar seus pés do chão.

- Eu poderia acabar com você aqui e agora, seria até um favor para a humanidade. Mas isso me faria igual a você e eu não quero isso de jeito nenhum! Se você tocar na Max ou no Billy de novo, eu não terei a mesma benevolência. Juro por Deus que vou te achar e te matar da maneira mais dolorosa que um ser desprezível como você pode merecer. Estamos entendidos?!

Ele assentiu, já sem ar para verbalizar. Tirei a mão de seu pescoço, o fazendo cair no chão, tossindo. Fui até Billy e o ajudei à sair da cama, colocando seu braços em volta do meu pescoço com a ajuda de Max. Fomos para fora da casa e deixamos Billy perto da escada.

BROKEN, billy hargroveOnde histórias criam vida. Descubra agora