Billy Hargrove
Quero ir mais fundo que isso, porque quanto mais fundo, melhor. Quero continuar descendo.
Mas algo me faz parar. Olivia. Meus pulmões queimando. Fico olhando pra escuridão que deveria ser o fundo mas não é, e então olho pra cima, pra luz, bem fraca, mas ainda lá, esperando com Olivia.
É preciso força pra me empurrar pra cima, porque agora preciso de ar, preciso muito. O pânico volta mais forte e vou em direção à superfície.
Vamos, penso. Por favor, vamos. Meu corpo quer subir, mas está cansado. Sinto muito. Sinto muito, Olivia. Nunca mais vou deixá-la sozinha. Não sei o que estava pensando. Estou voltando.
Quando finalmente chego à superfície, ela está sentada na margem, chorando.— Idiota.
Sinto meu sorriso ir embora e nado em direção a ela, a cabeça levantada, com medo de afundar de novo, mesmo que só por um segundo, com medo de que ela surte
— Seu idiota! — ela diz, mais alto desta vez, em pé, ainda de calcinha e sutiã. Envolve o corpo com os braços, tentando se esquentar, tentando se cobrir, tentando se afastar de mim. — Que porra foi essa? V ocê sabe o medo que senti? Procurei por toda a parte. Fui o mais fundo que consegui antes de ficar sem ar e ter que voltar, tipo, três vezes.
Quero que ela diga meu nome pra eu saber que está tudo bem e que não fui longe demais e que não a perdi pra sempre. Mas ela não diz, e uma sensação fria e escura cresce no meu estômago — tão fria e escura quanto a água. Chego à margem do Buraco Azul, onde enfim encontro o chão, e saio de lá até ficar perto dela, pingando.
Ela me empurra com força e empurra de novo, e meu corpo é jogado pra trás, mas continuo de pé. Fico ali enquanto ela me bate, e então começa a chorar e a tremer.
Quero beijá-la, mas nunca a vi assim e não tenho certeza do que ela vai fazer se eu tentar tocá-la. Digo a mim mesmo: Desta vez você não é o centro das atenções, Billy. Então fico a um braço de distância e digo:— Deixa sair todo o peso que está carregando. Você está com raiva de mim, da sua mãe, da vida, do seu pai. Vamos. Eu aguento. Não desapareça aí dentro. — Quero dizer dentro de si mesma, onde nunca vou alcançá-la.
— Vai se ferrar, Billy!
— Melhor. Continue. Não pare agora. Não seja uma pessoa que espera. Você está viva.
Sobreviveu a um acidente horrível. Mas está só… aqui. Está só existindo, como todas as outras pessoas. Levante. Faça isso. Faça aquilo. Ensaboe. Enxágue. Repita. Sem parar pra que não tenha que pensar nisso.Ela me empurra várias vezes.
— Para de agir como se soubesse como me sinto. — Está me socando, mas só fico ali, pés plantados no chão, e aguento.
— Sei que tem mais aí dentro, provavelmente anos de merdas que você tem deixado de lado fingindo um sorriso.
Ela soca e soca e de repente cobre o rosto.
- Você não sabe como é. É como se tivesse uma pessoinha raivosa dentro de mim, tentando sair. Está ficando sem espaço porque cresce cada vez mais, e então começa a levantar, entra nos meus pulmões, no meu peito, na minha garganta, e continuo a empurrá-la pra baixo. Não quero que saia. Não posso deixar que saia.
— Por que não?
— Porque eu a odeio, porque ela não sou eu, mas está aqui dentro e não me deixa em paz, e tudo o que penso é que quero chegar pra alguém, qualquer pessoa, e mandar essa pessoa pro inferno, porque estou com raiva de todo mundo!
- Então não fala pra mim. Quebre alguma coisa. Soque alguma coisa. Atire alguma coisa.
Ou grite. Mas tire isso de você - grito de novo. Grito e grito. Então pego uma pedra e arremesso no muro que envolve o buraco.Dou uma pedra a ela, que fica sem saber o que fazer, então pego a pedra de sua mão e arremesso o mais longe que posso e entrego outra para ela, que a joga também e pula. Ficamos jogando mais e mais pedras no muro, até que ela para e diz:
- O que a gente é, afinal? O que exatamente está acontecendo aqui?
- Me desculpe, mas não vou conseguir cumprir minha promessa!
- O quê?
É nesse momento que eu não me controlo e a beijo. Um beijo que, se passasse na TV, seria proibido para menores. Sinto ela tensa no começo, e isso parte meu coração mas logo ela se derrete em meus braços tanto quanto eu nos dela. Ela está aqui, bem na minha frente, e não vai ir embora.
Então, eu a afasto.- Que merda é essa, Billy?! - ela me encara brava com aqueles seus olhos castanhos lindos.
- Você merece coisa melhor. Não posso prometer que vou estar por perto, não porque eu não queira. É difícil explicar. Sou problemático. Estou despedaçado, e ninguém pode me consertar. Eu tentei. Ainda estou tentando. Não posso amar ninguém porque não é justo com quem me amar de volta. Nunca vou machucá-la, não como quero machucar as outras pessoas, mas não posso prometer que não vou desmanchá-la, pedacinho por pedacinho, até você ficar em mil caquinhos, como eu. Você tem que saber no que está se metendo antes de se envolver.
- Se você não percebeu, já me envolvi, Billy. E, caso não tenha notado, também estou despedaçada.
- Eu queria poder prometer dias perfeitos e ensolarados, mas nunca vou ser como um daqueles personagens de filme.
- Se tem uma coisa que eu sei é que ninguém pode prometer nada. E eu não quero um personagem de filme. Deixa que eu me preocupo com o que eu quero - E ela me beija. É o tipo de beijo que me faz perder a noção de tudo.
Por um segundo, penso se ela está sendo sincera, se quer mesmo ficar com alguém tão complicado.
Então, como agora sou eu quem está pensando demais e ela é diferente de todas as outras garotas e não quero mesmo estragar tudo, me concentro em beijá-la à margem do Buraco Azul, sob o sol, e isso basta.
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Oi gente! Espero que tenham gostado!
Os dois capítulos foram baseados no filme Por Lugares Incríveis, super recomendo!
Bom, por enquanto, é só meus amores! Me digam o que estão achando da fic, a opinião de vcs é muito importante pra mim!
Não se esqueçam de deixar o votinho, isso me motiva MUITO a continuar postando pra vcs.Bjs♡
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BROKEN, billy hargrove
Fanfiction➣ BROKEN - ❝ Você merece coisa melhor. Não posso prometer que vou estar por perto, não porque eu não queira. É difícil explicar. Sou problemático. Estou despedaçado, e ninguém pode me consertar. Eu tentei. Ainda estou tentando. Não posso amar ning...