Roller Coaster • Lance Stroll

1. capítulo um

Depois do incidente ocorrido na Austrália — meu atraso —, eu tinha prometido a mim mesma e a Andreas que chegaria dentro do horário no próximo Grand Prix. Dito e feito. Após uma semana caótica e os resultados não tão animadores em Melbourne, era a vez de respirar o ar pérsico. Bahrein tinha tudo para ser uma das melhores paradas do campeonato e, também, da McLaren.

Mesmo que o fuso fosse totalmente diferente do da europa, eu estava mais cuidadosa que o habitual com o horário. Por isso, decidi que obrigaria meu cérebro e meu corpo a se acostumar com a nova rotina desde o primeiro dia no país. Sendo assim, mesmo que os treinos e corridas fossem ocorrer apenas na parte noturna, eu continuava acordando ao amanhecer, assim, não teria mais problemas com atrasos e poderia acabar aproveitando muito mais o país enquanto estivesse ali.

Fechei o notebook quando a aula gravada de física do último módulo finalmente acabou. Passei as mão pelos cabelos enquanto apoiava os cotovelos na mesinha que o quarto do hotel tinha designado aos engenheiros. Eu estava exausta e ainda precisava me deslocar até o autódromo para o treino de classificação da etapa. Era nesses dias cheios e corridos que eu mais pensava em desistir, e como sempre, a foto da minha mãe grudada em minha agenda era o que me salvava e impedia de seguir em frente com essa ideia maluca.

Então, foi assim que respirei fundo e me levantei para tomar um bom e demorado banho. A noite já começava a cair quando sai do chuveiro e fui escolher minha roupa. Por sorte, eu já levava na mala os looks prontos, e na hora de escolher, era só pensar em qual deles usar. Portanto, eu já estava pronta para sair do hotel em poucos minutos. E foi o que fiz.

Antes mesmo de entrar no banho, eu já havia pedido um táxi, pois sabia que em Bahrein e, principalmente, no bairro em que estava instalada, os motoristas demoravam a chegar. Quando desci até o hall e entrei no carro amarelo senti um leve orgulho da minha responsabilidade que havia aumentado em um bom grau nos últimos dias. Pra mim, era sinal de que finalmente estava entrando nos eixos e levando a vida da maneira correta.

Pela primeira vez na temporada eu pude caminhar sem pressa pelo paddock. Foi uma sensação diferente e muito satisfatória passar pela entrada, apresentar minhas credenciais e poder cumprimentar cada uma das pessoas encarregadas da organização do evento, coisa que eu não podia nem pensar em fazer em todas as vezes que chegava quase vinte minutos mais tarde que meu horário de contrato.

Nada poderia atrapalhar meu dia, a não ser o típico mau humor de Lya.

— Bom dia, Knightley! Caiu da cama? — ela perguntou enquanto me entregava algumas folhas com cálculos para serem resolvidos — Está dentro de seu horário, parece que o ar asiático faz milagres.

Antes que minha boca pudesse abrir e cometer o erro de responder em cheio as palavras rudes que minha mente havia formulado em reflexo da raiva, eu apenas sorri e desejei um bom dia igualmente, antes de sair o mais rápido possível de perto dela.

O box da McLaren estava incrivelmente agitado, e encontrar um bom local para que eu pudesse me sentar e começar a trabalhar, não foi a tarefa mais fácil do dia. Mas, por sorte, um cantinho na mesa central dos engenheiros estava vazio, e parecia ter sido reservado especialmente para mim. Então, depois de instalada no meu novo "escritório" comecei a revirar os papéis que Lya havia me entregado, e eram apenas contas para melhorar a direção hidráulica dos McLaren, cálculos os quais, na minha visão, eram muito simples de serem resolvidos.

Assim que abri meu computador e comecei a abrir todos os programas e arquivos necessários para a resolução dos cálculos, Carlos e Lando chegaram juntos, rindo e conversando entre eles.

— Boa noite, Stella! — Lando fez como sempre, mas adicionou uma piscadela, me fazendo dar um risinho sem graça.

— Boa noite — Carlos também me cumprimentou, como sempre, com seu humor variável.