2. capítulo dois

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O sol começava a se pôr na cidade chinesa. O fuso, mais uma vez, era um dos grandes inimigos dos pilotos, e meu também. Mesmo com a rotina de visitar diferentes países em pouco tempo e quase nenhum intervalo, ainda sofríamos com horários tão diferentes.

Eu estava de volta ao box, depois de acompanhar de perto a pista, captando todas as informações necessárias para uma boa corridano final de semana. Lya passeava de um lado pro outro dando ordens, e eu esperava ansiosamente pela minha enquanto terminava de digitalizar alguns documentos importantes.

— Stella — ela finalmente chamou — Preciso que entregue isso aqui à Andreas — a loira estendeu-me uma pilha de papéis, que segurei com dificuldade, mas sem erro.

— Onde ele está? não o vi no box hoje — perguntei acatada, com medo de sua resposta.

— Na verdade, Andreas está em reunião com Otmar, talvez ainda estejam no box da rosada, se você correr , pode dar sorte de encontrá-los.

E assim que ela virou as costas, coloquei todos os papéis dentro da minha bolsa da maneira que consegui, e corri pelas garagens atrás de uniformes e bonés rosas.

Andreas estava parado em frente a um homem branco e alto, de cabelos grisalhos, o que me fez chutar uns cinquenta anos como sua idade.

Com muito custo, venci a briga interna comigo mesma e interrompi a conversa dos dois. Andreas me agradeceu com uma piscadela, como sempre, e Otmar me deu um simples aperto de mão, mas que me fez sentir extremamente importante.

E foi quando, ao me virar para finalmente voltar para o hotel depois de um dia completamente exaustivo e estressante, que os olhos castanhos de Lance Stroll atingiram meu corpo como um raio, me fazendo corar instantâneamente.

O canadense caminhou até mim, com seus olhos cheios de fúria e o motivo ainda desconhecido. Tentei me esquivar de seu corpo, mas sua voz se fez presente, me fazendo congelar no lugar.

— Stella Knightley no recinto da sua escuderia rival, quem diria — suas palavras atingiram em cheio o resto de paciência que eu ainda tinha, principalmente depois da risada irônica que ele havia soltado.

— Eu trabalho para a McLaren, Stroll. Você acha mesmo que a Racing Point é minha rival? — desviei meu olhar para os painéis com gráficos atrás do piloto — agora, se me permite, tenho coisas melhores a fazer.

Ele, então, passou os largos dedos entre os fios de cabelo rebeldes que insistiam em cair sobre seu rosto, e umedeceu os lábios.

— Duvido muito — cruzou os braços — se quiser ter coisa melhor para fazer, deveria vir jantar comigo mais tarde, o que acha?

Não é possível. Esse mimadinho acha mesmo que vai conseguir um encontro comigo? repentinamente? Coitado.

— Ótimo! — disse ríspida, sem pensar — só aceito porque realmente não tenho nada melhor para fazer — menti.

Também não me entendi, parecia que estava sem controle dos meus pensamentos e, principalmente, das palavras que saiam da minha boca.

— Tem meu número, Stella — ele iniciou — você está hospedada nessa mesma rua, certo? — perguntou com seu sotaque canadense ridículo, e eu concordei apenas balançando a cabeça — passo lá às oito. Esteja pronta.

"Esteja pronta" Repeti sua frase inúmeras vezes em minha cabeça, cada uma com uma voz de desdenha diferente.

E antes que pudéssemos perder total contato, Lance piscou pra mim.

Faltando pouquíssimos tempo para as oito horas, como marcado, eu ainda terminava de arrumar meu cabelo. Mesmo que não estivesse me importando muito com o tal encontro, nunca ousaria sair desarrumada.

Roller Coaster • Lance StrollOnde histórias criam vida. Descubra agora