O sol começava a se pôr na cidade chinesa. O fuso, mais uma vez, era um dos grandes inimigos dos pilotos, e meu também. Mesmo com a rotina de visitar diferentes países em pouco tempo e quase nenhum intervalo, ainda sofríamos com horários tão diferentes.
Eu estava de volta ao box, depois de acompanhar de perto a pista, captando todas as informações necessárias para uma boa corridano final de semana. Lya passeava de um lado pro outro dando ordens, e eu esperava ansiosamente pela minha enquanto terminava de digitalizar alguns documentos importantes.
— Stella — ela finalmente chamou — Preciso que entregue isso aqui à Andreas — a loira estendeu-me uma pilha de papéis, que segurei com dificuldade, mas sem erro.
— Onde ele está? não o vi no box hoje — perguntei acatada, com medo de sua resposta.
— Na verdade, Andreas está em reunião com Otmar, talvez ainda estejam no box da rosada, se você correr , pode dar sorte de encontrá-los.
E assim que ela virou as costas, coloquei todos os papéis dentro da minha bolsa da maneira que consegui, e corri pelas garagens atrás de uniformes e bonés rosas.
Andreas estava parado em frente a um homem branco e alto, de cabelos grisalhos, o que me fez chutar uns cinquenta anos como sua idade.
Com muito custo, venci a briga interna comigo mesma e interrompi a conversa dos dois. Andreas me agradeceu com uma piscadela, como sempre, e Otmar me deu um simples aperto de mão, mas que me fez sentir extremamente importante.
E foi quando, ao me virar para finalmente voltar para o hotel depois de um dia completamente exaustivo e estressante, que os olhos castanhos de Lance Stroll atingiram meu corpo como um raio, me fazendo corar instantâneamente.
O canadense caminhou até mim, com seus olhos cheios de fúria e o motivo ainda desconhecido. Tentei me esquivar de seu corpo, mas sua voz se fez presente, me fazendo congelar no lugar.
— Stella Knightley no recinto da sua escuderia rival, quem diria — suas palavras atingiram em cheio o resto de paciência que eu ainda tinha, principalmente depois da risada irônica que ele havia soltado.
— Eu trabalho para a McLaren, Stroll. Você acha mesmo que a Racing Point é minha rival? — desviei meu olhar para os painéis com gráficos atrás do piloto — agora, se me permite, tenho coisas melhores a fazer.
Ele, então, passou os largos dedos entre os fios de cabelo rebeldes que insistiam em cair sobre seu rosto, e umedeceu os lábios.
— Duvido muito — cruzou os braços — se quiser ter coisa melhor para fazer, deveria vir jantar comigo mais tarde, o que acha?
Não é possível. Esse mimadinho acha mesmo que vai conseguir um encontro comigo? repentinamente? Coitado.
— Ótimo! — disse ríspida, sem pensar — só aceito porque realmente não tenho nada melhor para fazer — menti.
Também não me entendi, parecia que estava sem controle dos meus pensamentos e, principalmente, das palavras que saiam da minha boca.
— Tem meu número, Stella — ele iniciou — você está hospedada nessa mesma rua, certo? — perguntou com seu sotaque canadense ridículo, e eu concordei apenas balançando a cabeça — passo lá às oito. Esteja pronta.
"Esteja pronta" Repeti sua frase inúmeras vezes em minha cabeça, cada uma com uma voz de desdenha diferente.
E antes que pudéssemos perder total contato, Lance piscou pra mim.
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Faltando pouquíssimos tempo para as oito horas, como marcado, eu ainda terminava de arrumar meu cabelo. Mesmo que não estivesse me importando muito com o tal encontro, nunca ousaria sair desarrumada.

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Roller Coaster • Lance Stroll
Romance"We were up and down and barely made it over, but I'd go back and ride that rollercoaster with you." capa por @dybaladeiro