09. capítulo nove

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Depois do treino e do almoço, usei meu tempo livre para colocar o sono que havia perdido por conta da viagem e das mensagens que me assombravam antes da conversa com o piloto, em dia.

— Esse não, Stella, muito sem sal — Josephine repetiu a mesma frase pela vigésima vez, e eu me senti perdida vendo o último vestido que havia trazido para a viagem ser negado.

A loira terminava sua maquiagem em frente ao espelho do meu quarto. Suas mãos suavam pelo nervosismo, afinal, ela encontraria Charles em minutos. Os dois, depois daquele primeiro encontro, tinham estabelecido uma união amorosa casual, e eu gostava de pensar isso também sobre mim e Lance.

Ela terminou de passar o batom e pressionou os lábios, ajeitando os borrados e preenchendo os espaços vagos que faltavam. Seu celular tocou e ela apressou a procurá-lo pelo quarto extremamente bagunçado. Sua voz boba de paixão ao telefone ecoou pelo espaço enquanto eu encarava a enorme mala aberta na minha frente.

Depois de muito choramingar, Josephine me ajudou a encontrar a roupa perfeita. A preparadora física que já estava pronta há tempos agora me ajudava com a maquiagem.

— Que horas ele chega? — ela perguntou enquanto terminava de delinear minhas pálpebras.

— Combinamos as oito — abri apenas um dos olhos e respondi ansiosa enquanto brincava com o celular em meu colo.

— Relaxa — Josephine segurou meus ombros — ele virá, mas, agora, preciso ir — ela se afastou e deixou o vidro de maquiagem em cima da cama — se ele fizer qualquer coisa contigo, me grita, Stella. Entendeu?

Dei uma breve gargalhada, e concordei com a cabeça. A loira beijou minha cabeça com pressa e saiu pela porta de madeira escura.

Meu ecran já brilhava com algumas de suas mensagens enquanto o relógio marcava, exatamente, oito horas da noite.

Agora, meu cabelo já estava seco e com cachos feitos nas pontas com a ajuda de Josephine, enquanto meu corpo era envolto por um vestido preto e uma jaqueta de jeans claro. Não sabia exatamente onde iríamos, então, nos pés optei por usar um calçado confortável como os tênis brancos que nunca saíam da minha mala.

Assim que apareci na sarjeta do prédio enorme onde estava instalada, meus olhos não demoraram a encontrar sua Mercedes que brilhava diante deles. Lance, como fez da última e primeira vez, abaixou o vidro, e com o braço apoiado sobre ele, fitou todo meu corpo, em câmera lenta, enquanto abria um sorriso ladino.

Nada mal, Knightley — ele repetiu como na primeira vez.

Senti meu ar faltar e meu coração bater mais rápido que o normal. Puxei a barra do vestido para baixo, e respirei fundo antes de dar a volta na frente do carro e entrar pela porta do carona. Passei o cinto pelo meu corpo, e Lance me encarou com um sorriso contido. Seus cabelos estavam modelados em um topete, como sempre, e seu corpo vestia uma camisa social preta, desabotoada perto da gola.

— Mas, se fossemos em um restaurante, essa roupa não seria adequada — ele riu rápido do nervosismo que surgiu em meu rosto e continuou: — teve sorte dessa vez.

Eu ainda estava terminando de observá-lo. Suas pernas, mesmo que tensionadas por conta dos pedais do carro, subiam para cima e para baixo, nervoso, no ritmo da música que tocava no rádio. Franzi minhas sobrancelhas com sua frase. Lance, que usou o sinal vermelho para me encarar, agora ria da minha expressão. De onde estava, passou o tronco por cima de minhas pernas e pegou um envelope dentro do porta-luvas antes de me entregar.

Receosa, abri o envelope sob o olhar do piloto. Dentro dele haviam duas entradas para o Atomium.

Atomium é um dos inúmeros cartões postais do país; um museu que serviu para simbolizar a exposição universal de Bruxelas e hoje abriga um museu e um mirante a 102 metros de altura, além da sua forma arquitetônica de um átomo.

Roller Coaster • Lance StrollOnde histórias criam vida. Descubra agora