16. capítulo dezesseis

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— Stella! — o sotaque inglês e animado me chamou, fazendo meus pés se cravarem onde estavam.

Em um só rodopio, estávamos frente a frente. Lando correu um pouco antes de realmente me encarar. Seu macacão estava por colocar, e uma de suas mãos segurava sua garrafinha de água, como de costume. Ele retomou o ar antes de começar a falar, o que me fez rir.

— Feliz aniversário atrasado! — ele me abraçou desajeitadamente, e eu o retribui com um sorriso assim que nos separamos — sinto muito por não ter dado os parabéns na semana passada, mal a vi, e depois, não nos encontramos mais...

— Não tem problema, Lando — eu sorri, tentando acalma-lo, e coloquei uma das mãos em seu ombro — de verdade. Não costumo comemorar meus aniversários, mas Josephine insistiu, então só saímos pra beber, nada demais.

Ele pareceu entender, já que meneava sua cabeça enquanto eu me explicava. Depois de um pequeno silêncio, eu ajeitei os papéis e as pastas que carregava nos braços, e vi o piloto tomar um gole de água.

— Pra te recompensar, e também porquê faz tempo que não saímos juntos, o que acha de, depois da corrida, ou mais tarde, procurarmos alguma coisa interessante nas ruas ao redor do hotel? — Lando perguntou sem jeito, com um sorriso vergonhoso formando em seus lábios.

Eu via toda a correria e agitação da equipe atrás dele. Pneus rolavam para serem instalados em ambos os carros, assim como os mecânicos que executariam essa função. Meus olhos estavam focados em Zak e Lya, que conversavam há tempos, mas agora, vinham em nossa direção.

— Acho ótimo! — falei sorrindo — mas agora, você tem uma corrida, e eu, instruções pra te dar, vamos — apressei o piloto, enquanto o empurrava até a entrada do box.

Lando logo se encontrou com Carlos, que me deu um aceno rápido, como sempre fazia. Me sentei ao lado de Zak, que acabava de voltar de onde quer que seja que havia ido com Lya. Ele parecia pálido, e apavorado, mas quem não ficava assim depois de conversar com Lya?

Meus pensamentos morreram após ele me entregar o enorme fone, que coloquei com precisão. Os gráficos, como sempre, apareceram em minha frente e, instintivamente, meus olhos pregaram-se na tela. Ouvi o barulho dos dois motores atrás de mim, e vi Carlos e Lando saírem para a pista, acompanhado dos mecânicos.

Os dois largariam em sexto e décimo primeiro, respectivamente, depois de complicações nos treinos ocorridos nos dias anteriores.

— Lando? — falei pela primeira vez no rádio, e logo recebi sua resposta — conforme forem passando as voltas, quero que me diga sobre os pneus, tudo bem?

Era uma sensação estranha ter poder sobre as decisões da equipe, mas o cargo de engenheira havia me proporcionado isso, e não poderia mentir dizendo que não gostava. Lando fez como pedi, e me manteve a par da situação dos quatro pneus de seu carro.

Depois de uma batida fraca — graças aos deuses do automobilismo —, Lando estava no pit stop trocando sua asa dianteira, enquanto Carlos aproveitava para subir até a quinta posição.

Lando saiu de volta as pistas com vontade. Ele demorou algumas voltas para retomar sua velocidade, e foi quando Lance o ultrapassou. O canadense havia largado nos últimos lugares, e vê-lo entrar na zona de pontuação, me deixava eufórica. Sofri tentando conter minha felicidade.

Depois de mais algumas voltas, Lando terminou sua corrida em décimo segundo, fazendo apenas Carlos pontuar para a equipe.

Larguei os fones na bancada, e esperei pelo piloto. Os dois carros logo estavam de volta ao box com a ajuda dos mecânicos, e Lando passou por mim, enfurecido, enquanto Carlos chegou logo atrás, com o seu sorriso largo no rosto.

Roller Coaster • Lance StrollOnde histórias criam vida. Descubra agora