capítulo 61

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Bianca

Ter perdido Davi me baqueou de uma maneira que eu não consigo nem explicar.

Ver a vida deixar os olhos dele ali, nos meus braços é uma cena que não vou esquecer nunca.

Definitivamente, eu o amava.

Ele era leve, alegre, protetor e acima de tudo, me amava também. Era tudo recíproco. A vida com ele era colorida, não me deixava entristecer.

Agora, a vida parece que perdeu a cor.

E meu calvário só tende a aumentar, já que venho sentidos sintomas não muito bons para mim. Eu não sei se é emocional, mas venho sentido muitas tonturas e vertigens. Já cheguei a vomitar várias vezes, e não tenho tido apetite nenhum.

Seriam sintomas comuns? Sim, seriam. Desde que não tivesse combinado com um atraso de 8 dias na minha menstruação.

Eu tento não pensar muito nisso, mas é impossível. Eu ainda torço pra ser emocional.

Todos da minha grande família estão me apoiando muito. Meus pais sabem que estou sofrendo, e respeitam isso. Eles não ficam forçando pra que eu saía de casa, ou pra que eu volte a ser o que era antes.

Agora mesmo, estou no meu quarto deitada com meus fones no ouvido, exatamente como todos os dias.

Minha porta está aberta, e vejo quando Vini chega por ela. Tiro meus fones e sorrio fraco para ele.

Vini: Oi

Bianca: Oi

Vini: Posso entrar?

Bianca: Claro - me sentei na cama dando espaço pra que ele se sente também - algum problema?

Vini: Problema nenhum, só vim ver como vc está - ele balançou a cabeça - tá, pergunta idiota, mas...

Bianca: Estou bem Vini, na medida do possível.

Vini: Eu sei que talvez eu não seja a pessoa que vc mais quer ver, mas acima de tudo nós somos família. Estou aqui pra deixar claro que estou aqui por vc, e não vou te deixar abater tá

Bianca: Ah, obrigada Vini. Mas é meio impossível não se abater sabe. Eu só tenho queria ficar sozinha no meu cantinho, porque dói tanto sabe, eu o amava. Quer dizer, amo ainda. Porque amor não se acaba assim

Vini: Eu imagino que dói mesmo. Mas ele também te amava, tenho certeza que não iria querer te ver assim. Por isso, minha missão a partir de hoje é levantar seu astral

Bianca: Ah Vini, eu não quero ser levantada não sabe. Pelo menos por enquanto eu só quero ficar deitadinha aqui no meu cantinho curtindo meu luto - sorri fraco

Vini: Ah, então deixa eu te fazer companhia. A gente assiste um filme e come uma pipoca com Sazón.

Eu não queria ser mal educada, mas não tava a fim de companhia nenhuma. Independente do que já passei com relação a Vini, eu estou grata a ele pelo esforço em me ver melhor, mas eu simplesmente não quero ver ninguém.

Bianca: Desculpa Vini, mas eu realmente... - ele me interrompeu

Vini: Vai botando um filme aí que eu vou lá pedir tia Michelle pra fazer a pipoca - saiu sem me deixar responder.

Eu esperei ele voltar, e vendo que eu não tinha escolhido filme algum, ele mesmo escolheu. Acho que fui uma companhia de merda, porque fiquei calada quase o tempo inteiro, só respondia o que ele falava comigo.

Ele foi embora na hora que precisava ir trabalhar, e eu achei bom. Mal sabia eu que ele voltaria todos os dias. As vezes só passava antes de ir pro trabalho, outras vezes me mandava mensagem quando chegava de lá, me trazendo combos de lanches.

Não sei quando foi exatamente, só sei que eu já me sentia melhor. Demorou alguns dias, mas eu já me sentia mais a vontade em descer até a rua de casa por exemplo.

Porém, minha consciência não me deixava ficar bem. Não era pra eu estar assim, que espécie de luto é esse que passa tão rápido? Eu ainda deveria estar me sentindo mal.

Era a dúvida cruel que me acompanhava: Estar me sentindo melhor a cada dia e estar me sentindo culpada por estar assim.

Vini

Os dias foram se passando rápido, e eu vi Bianca melhorar cada vez mais.

Algumas pessoas podem imaginar que eu me reaproximei dela interessado nela.

Mas não foi. Eu só quis conforta-la, porque imaginei o quanto ela estava sofrendo. Antes de qualquer coisa, nós somos família. E família se ajuda, se apoia.

Acho que depois de tudo que aconteceu com a gente, construimos uma amizade legal, mesmo que isso parecesse impossível.

Ontem ela me disse que tá passando mal a alguns dias. Eu sei o que ela pode ter, e ela também sabe. Por isso, hoje vou passar numa farmácia para comprar uns testes de gravidez.

Libertação  (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora