CAPÍTULO 8: TIMING

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Eu não sei como tinha imaginado o apartamento de Carol... Mas não era desse jeito. Eu acho que teria a mesma suntuosidade que sua casa tinha, onde tudo e todo lugar gritava conservadorismo e dinheiro. Eu podia ouvi – la ao telefone com Abby de um dos quartos: pelo que parecia, ela tentava demover Abby de lhe dar algum tipo de sermão. Eu tentei não ouvir enquanto eu olhava ao redor da cozinha.

Na viagem de carro para cá, ela tinha me contado como Abby esteve preocupada com ela desde Chicago. Uma das regras que Carol teve que acatar quando esteve com os pais de Harge, era que ela não poderia ter contato com Abby. Foi só outra demonstração de crueldade, trancando ela do mundo exterior e da única pessoa que poderia lhe oferecer algo além da rejeição e do desgosto. Eu não sabia o que pensar sobre Abby... Ela parecia que não gostava muito de mim e eu tinha a impressão que ela achava que eu era nada mais do que uma criança, mas eu sabia que ela adorava Carol e que ela foi a pessoa que esteve ao seu lado desde que ela era pequena.

Não posso mentir, mas tinha um lado meu que se preocupava com o amor que as duas compartilhavam, mesmo que Abby tivesse me dito ela mesma que não era mais algo romântico e mesmo depois que Carol tinha me dito que ela me amava. Eu realmente não quero pensar em como isso me fazia sentir, porque eu não estava por demais confortável com ciúmes e possessividade que aparecia dentro de mim toda vez que eu me lembrava de que elas já tiveram um relacionamento. Eu não teria um pingo de ciúmes se Richard tivesse me apresentado uma ex – namorada, mas eu acho que isso era outro sentimento que Carol fazia surgir em mim, entre todas as emoções que eu não sabia possuir, presas fora do meu alcance, até que ela aparecesse com a chave.

Ainda assim, eu não podia me ressentir da amizade entre elas. Mesmo se eu me ressentisse, não contaria. Era bem claro para mim como uma valorizava a outra, como a amizade delas era profunda e no fim, eu seria eternamente grata por Abby cuidar de Carol, tendo certeza de que ela estivesse bem, quando eu não fui capaz. Além disso, eu pretendo fazer parte da vida de Carol, e Abby, vinha no pacote. Certamente, ela não poderia ter desdém por mim para sempre.

Deixando a cozinha, eu fui para o corredor, virando a próxima à esquerda que me levou à um quarto vazio, provavelmente o dobro do tamanho do meu quarto. Eu olhei ao redor, vendo o teto alto, fui até a janela e olhei para baixo para as ruas agitadas de Manhattan. Eu senti minha confusão aumentar enquanto eu fiquei por ali um momento, olhando distraidamente pela janela. Carol me contou que ela mudou para esse apartamento há um mês e mesmo assim o lugar estava quase vazio. Eu não entendia por que e por alguma razão me senti insuportavelmente triste ao pensar que ela tinha que voltar para esse local vazio todos os dias e chamar isso de lar.

Eu balancei minha cabeça, tentando me livrar da tristeza e voltei para o corredor. Eu ouvi brevemente um trecho da ligação de Carol, sorrindo ao perceber que ela estava tentando terminar a chamada. Indo em frente, eu fui até a sala. Ali tinha um sofá grande que parecia ter sido caro, uma poltrona correspondente, duas mesinhas, uma com uma foto de Rindy, mais uma estante e uma vitrola. Isso era tudo. Parecia que não tinha nada pessoal ali, em nenhum dos quartos a não ser por aquela fotografia. Eu suspirei. O apartamento inteiro era bem arranjado, pelo que pude ver, mas parecia tão... Solitário.

Uma das razões pelas quais eu não quis vir aqui noite passada foi porque eu estava com medo. Eu precisava da segurança que meu apartamento poderia trazer para ver o que aconteceria entre Carol e eu. Eu precisava sentir, pelo menos uma parte, que seria sob minhas condições. Eu frequentemente me sentia tão sem controle ao redor dela, tragada entre ela e sua vida, que eu precisava que nosso encontro fosse no meu território, por assim dizer. Desde o começo, ela foi um furacão e eu queria ser engolida.

Noite passada e em nossa conversa essa manhã, tive coragem para dar esse passo e quando Carol penosamente me informou, que não importasse o quanto ela me amava, ela não conseguiria usar as mesmas roupas e roupas íntimas dois dias seguidos e que ela teria que voltar a seu apartamento e pegar mais (e telefonar para Abby, já que achamos que seria imprudente usar o meu telefone, pois minha senhoria era curiosa), então não hesitei em dizer que iria junto. Aquela vulnerabilidade voltou a seu rosto quando ela me perguntou se eu gostaria de ir junto, a vulnerabilidade que fazia meu coração apertar e meus braços terem vontade de abraçá – la e eu percebi que ela, como eu, não queria sair da bolha em que nós estávamos. A vida real estava esperando na esquina, mas por enquanto poderia esperar. Eu a olhei enquanto um sorriso apareceu naqueles lábios perfeitos e respondi com um meu. Levaria um tempo para eu me convencer que aquele amor era real, depois que eu pensei que a tinha perdido.

Por Trás Daqueles OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora