CAPÍTULO 5: OS PERIGOS DO AMOR

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Não consigo explicar para vocês como me senti, sentada na poltrona, esperando Therese selar meu destino. Não é que eu não queira, vocês entendem, eu estou achando essa coisa de escrever estranhamente compensadora, mas não há palavras suficientes no dicionário para transmitir adequadamente a quantidade de pensamentos e emoções que corriam dentro de mim.

Eu queria ir até ela, me jogar a seus pés, dizer que apesar de ela me achar cruel e imprudente quando a deixei aquela manhã no Drake, que eu nunca quis magoá – la. Eu precisava que ela acreditasse, antes de tudo. Eu queria beijá – la, devorá – la com meus beijos, fazer ela entender o quanto ela era necessária para mim, o quanto eu precisava dela, o quanto eu a desejava, mostrar através do meu corpo o que as palavras não seriam capazes de explicar. Eu queria abraçá – la enquanto lhe prometia que nunca mais seria idiota. Eu queria que ela me abraçasse, tão perto que eu pudesse sentir a batida de seu coração perto do meu rosto.

Ela me agradeceu, a mim, e eu senti que não merecia. Deveria ser eu agradecendo, não? Ela voltou. Ela esperou por mim muito mais do que eu estava me forçando a esperar essa noite. Ela me salvou. De novo. Eu sempre deveria tudo a ela. Eu sempre seria dela, mesmo se ela não me quisesse. Eu falei o quanto estava feliz somente por estar ali. Era verdade. Eu não me sentia feliz assim desde o Ano Novo, antes daquele bastardo do detetive Tucker, antes de eu fazer a pior decisão da minha vida. Eu não sabia o que aquela noite traria, mas agora, enquanto eu estava com ela, não importava.

Eu a examinei por um momento, colocando aquele mesmo nível de cuidado e atenção que um artista concede a sua musa. Quando percebi que era possível eu perder qualquer resto de autocontrole, que eu perigosamente estava perto de me entregar as minhas necessidades profundas e me atirado nela, eu me levantei, andando até a prateleira de livros – uma nova desde a última vez em que eu estive lá – esperando que meu desejo não estivesse tão aparente nos meus olhos. Nunca foi assim. Com ninguém. Eu não conseguia me concentrar enquanto estava perto dela, ela despertou algo selvagem em mim, desconcertante e viciante e eu sabia, com uma certeza que me deixava nervosa, que ela era minha droga, meu ópio pessoal, um hábito que eu nunca perderia, um que eu não queria perder.

Eu conheci a luxúria antes. Abby me apresentou. Mas foi só com a chegada de Therese na minha vida que eu percebi que eu nunca amei Abby, não daquele jeito. Eu achei que sim, por muito tempo, mas eu sabia que a amaria como amiga, eu percebia que seria assim. Nós ficamos numa época em que meu casamento estava totalmente acabado, quando brigas e recriminações se sobrepunham a qualquer sentimento de respeito que eu tinha por Harge. Eu sempre serei grata por ela ter aberto meus olhos, percebendo aquela parte em mim que eu relutava em aceitar e as coisas foram maravilhosas entre nós por um tempo. Eu só queria ser mais atenta aos meus sentimentos naquela época, que eu fosse capaz de prevenir que ela saísse machucada.

Com Therese era completamente diferente. Primeiro, achei que era só uma paixonite e não da parte dela. Eu senti a força que ela tinha sobre mim. Eu só não sabia o quão profundo era. Mas as coisas que eu sentia por ela... Estavam em outro nível totalmente. Eu acho que Therese me via como alguém sábia, alguém que estava imune aos perigos do amor. Eu acho que pensava ser essa pessoa também. Mas do jeito que aconteceu, nós duas estávamos erradas. Se eu for completamente honesta, eu acho que eu era ingênua como Therese, nesse aspecto, pelo menos.

Eu procurei pela estante de livros, um dedo passando pelas colunas, enquanto eu tentava me manter calma. Felicidade, excitação, entusiasmo, confusão, ansiedade... Todos competindo por minha atenção, todos lutando para chegar à frente. Eu tomei outro gole da minha cerveja, sorrindo quando reconheci o título de um dos meus livros favoritos. "A room of One's own"*. A ponta do meu dedo ficou ali por um momento, enquanto fiz uma nota mental de que eu precisava achar minha própria cópia e relê – lo. Quando ia seguindo para o próximo, ouvi um barulho atrás de mim.

Por Trás Daqueles OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora