Era cedo quando acordei na manhã seguinte. Eu mantive meus olhos fechados por alguns segundos, pensando se eu conseguiria voltar a dormir, quando eu percebi de repente como eu estava aquecida. Eu não estava só aquecida, estava pegando fogo. A lembrança da noite passada veio para mim, fazendo um belo trabalho de apagar qualquer pensamento sobre dormir mais e meus olhos se arregalaram. Carol.
Ela estava enrolada em mim, suas pernas entrelaçadas nas minhas, um braço descansando na minha cintura, sua mão em repouso nas minhas costas. A única parte dela que eu conseguia ver era sua clavícula. Oh, a clavícula dela ela era linda. Eu encarei, não lembro quanto tempo, mas eu me lembro de estar com tanto medo de me mexer, quase com medo de respirar, caso eu a acordasse. Sua respiração era lenta, profunda e me acalmava, deitada assim nos braços dela, me sentindo tão feliz, tão segura, a seu redor.
Eu não sabia como começar a processar o que tinha acontecido nas últimas 24 horas, então por um tempo, eu nem comecei. Eu só aproveitei o fato de ela estar ali, de que ela me amava, de que nós estávamos juntas. Eu examinei mais sua clavícula, olhando cada milímetro de sua pele branca e suave que eu podia ver. Eu inspirei fundo, o cheiro dela e do sexo fazendo uma combinação inebriante. Num momento, eu passei um tempo maior do que eu gostaria de admitir apenas virando minha cabeça para conseguir me aproximar e passar meus lábios em sua pele.
Minha mente viajou depois de um tempo e um sorriso bobo apareceu nos meus lábios enquanto eu relembrava a noite passada. Meu corpo ardeu com a memória. Não tinha jeito de ela ser humana, ela não podia ser. Não era normal que alguém fosse tão perfeita daquele jeito. Eu me lembrei do que jeito que ela olhou para mim, aquela paixão ardente em seus olhos, por causa de mim. Eu sorri de novo. Eu talvez não entendesse o que exatamente ela via em mim, mas eu nunca me senti tão especial antes, tão desejada, tão valorizada. Eu suspirei pensando no rosto dela quando eu disse que a amava.
Eu não podia imaginar que ela já não sabia disso: eu achava que tinha uma adoração imbecil sempre quando estava perto dela. Mas seu rosto quando eu lhe disse... Ela me olhou com tanto fervor, seus olhos azuis de repente se encheram de lágrimas não derramadas, aquela vulnerabilidade voltou mais uma vez. Eu não sabia se era uma coisa nova, algo que nasceu nela depois de tudo que ela passou nos últimos meses ou se sempre esteve lá, porque eu a colocava num pedestal tão alto, que eu deixei passar. Eu tive um impulso de lhe dizer ali, mas não fiz isso. Era a primeira vez que estaríamos acordando juntas. Eu queria aproveitar o máximo possível. Eu ficaria para sempre naquele momento, se pudesse.
De novo meus pensamentos voltaram para a noite anterior. Quando eu consegui recuperar o movimento dos meus membros e habilidades motoras depois daquele orgasmo de virar a cabeça – não demorou muito depois de uns minutos ficando deitada com ela, beijando ela e então eu fui incapaz de me conter – seria minha vez. Ela é tão fantástica que eu não podia decidir se gostava mais de oferecer ou receber mais dela. A forma que ela respondia a meu toque, o jeito que ela proferia meu nome como uma oração, sua beleza autêntica, deitada na minha cama... era... intoxicante; me fazia querer mais e mais, com uma energia que eu não achava ser possível ter. Eu poderia me contentar de prazer, meu estômago se arrepiando enquanto eu pressionava devagar meus dedos na pele sedosa de seu quadril. Eu não sei como a queria de novo, mas eu queria. Ela despertou algo voraz em mim e eu iria sempre querer mais.
Ociosamente, eu pensei no que o dia poderia nos trazer, de repente grata que era Sábado e que uma escrituraria do Times não precisava trabalhar nos fins de semana. Eu não sabia se ela tinha algum plano... Eu senti certa frustração só com a ideia, rezando para que ela não tivesse. Nós passamos por muita coisa e eu precisava dela. Precisava vê – la, estar com ela, falar, rir, tocar... Eu precisava tanto que meu peito apertava de ansiedade. Eu tinha tanto medo que se ela me deixasse, o tempo que passamos juntas seria como um sonho, como tantos que eu tive desde Janeiro. Eu fechei meus olhos e suspirei o mais fundo que eu pude. Eu não deveria estar surpresa com a insegurança que eu sentia dentro de mim, mas eu estava.
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Por Trás Daqueles Olhos
FanficO que há por trás daqueles olhos? Nas próprias palavras de Carol e Therese, mergulhando em seus pensamentos, esperanças e medos. Começando do último encontro delas no filme até... Quem sabe?