17: UM NOVO MUNDO

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A canção acima é a música que Carol e Therese dançam durante o capítulo. 

*

Assim que olhei para Abby, sabia que ela estava a dois conhaques longe da sobriedade e balancei minha cabeça, mesmo que um sorriso aparecesse no meu rosto. Eu sabia como eram as festas de Abby, para perceber que bater na porta não resolvia nada, então eu fui até a parte de trás com Therese, onde eu sabia que a porta estaria aberta. Assim que entramos na cozinha, Abby nos viu do corredor, dando um aceno – que era por demais exagerado, mais uma indicação de seu consumo de álcool mais suas bochechas rosadas e seu sorriso me davam mais certeza ainda. Eu olhei para Therese, achando graça da surpresa estampada no rosto dela e assim que eu me virei Abby estava se aproximando rapidamente de nós.

"Onde vocês duas estavam?", ela perguntou alto, sem dar chance de nenhuma de nós respondermos, pois ela já foi me abraçando e depois Therese. Ela se afastou e nos olhou com uma expressão desconfiada. "Ou eu não quero saber?". Ela mexeu as sobrancelhas e se eu tivesse propensão a ficar vermelha, eu teria ficado.

"Abby!", eu a repreendi, olhando para Therese e aliviada que sua surpresa tinha sido trocada por um sorriso. O olhar malicioso de Abby era contagiante, sempre foi.

"O quê?!", ela respondeu, com os olhos arregalados e inocentes, mas ela não conseguiu manter por muito tempo e já sorriu. "Bebidas?". Sem esperar uma resposta, ela foi pela cozinha, acenando para nós com um dedo para uma mesa de carvalho que estava sendo usada como bar. Estava quase arriando com o peso de garrafas de conhaque, xerez, vinho, gin, vermute, rum, vodka, uísque... Tinha um monte. Garrafas de todos os tipos e tamanhos e eu sabia que se olhasse na geladeira acharia incontáveis garrafas de cerveja e champanhe. Era bom que Abby não dava festas todo final de semana, eu me lembro de pensar; ela teria ido à falência rapidamente.

Therese parecia impressionada, olhando para a mesa desacreditando. Não poderia culpá – la, realmente parecia um excesso, até se chegar a conclusão de que Abby era assim. Ela não fazia nada pela metade e ela frequentava muitas festas. Nem consigo contar todas as vezes que ela me ligou ou apareceu em casa de ressaca e me contando as histórias divertidas de suas últimas aventuras.

"O que vocês... Oh!", Abby começou ao notar nossas duas pequenas sacolas e as pegou antes que Therese e eu tivéssemos chance de reagir. Eu tive que entregar, porque o álcool acabava com seus reflexos. "Eu vou levar isso para o quarto de vocês", ela disse mais para si mesma do que para nós, eu senti. Ela se virou rápido para a entrada. "Se sirvam, garotas bonitas", ela falou por cima do ombro e eu balancei a cabeça de novo quando ela desapareceu de vista.

Dava para ouvir Doris Day tocando na sala e eu presumi que era onde os outros convidados estavam, suas vozes eram apenas um murmúrio sobre a música. Eu olhei para Therese e sorri de sua expressão intrigada.

"Uau", ela disse depois de um momento, mostrando a mesa.

Eu concordei. "Eu te avisei", eu brinquei, indo procurar uma garrafa de vermute e uma de gin, o pensamento de um dry Martini me encorajando. "O que você quer?"

Ela ficou quieta por uns segundos e me virei para ela, sorrindo quando a vi procurando pelas marcas de vinho. "Eu acho que vou tomar um Claret, por favor."

"Claro, mademoiselle", eu disse suavemente, enquanto me inclinava para pegar, colocando na minha frente e pegando dois copos.

*

Eu olhei para meu reflexo no espelho do banheiro enquanto lavava minhas mãos, sorrindo igual boba para o reflexo me encarando de volta, notando minhas bochechas rosadas e o brilho nos meus olhos, pensando por que eu estava tão preocupada antes. A festa estava indo bem, mas não sabia se isso se devia aos dois vinhos e as quase três cervejas que eu estive tomando. Eu sequei minhas mãos e tomei outro gole.

Por Trás Daqueles OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora