CAPÍTULO 26: AQUELA PESSOA

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Meus olhos ainda estavam úmidos, ainda focados nas lindas fotografias que Therese coletou sobre minha vida, de nós, de todas as pessoas importantes para mim, quando ela retornou para o quarto trazendo uma bandeja cheia de comida. Eu afastei meu olhar de uma foto minha e dela com os braços firmes em volta uma da outra, enquanto estávamos em uma festa, na de Annie dessa vez, com os rostos colados enquanto ríamos. Cada fotografia tinha memórias alegres, mas eu não pude deixar de notar como eu parecia mais relaxada nas fotografias em que eu estava com Therese ou com Rindy ou nas de nós três juntas. Eu não sabia explicar exatamente o que era, se era minha postura, ou meu sorriso, ou algo em meus olhos, mas eu parecia mais livre do que jamais estive. Eu sabia que me sentia diferente, mas perceber que eu parecia diferente, também era tanto agradável quanto chocante ao mesmo tempo.

Eu olhei para Therese e meus olhos não podiam evitar olhar para a pele que se revelava na abertura do robe, antes de eu repreender a mim mesma e desviar o olhar para seu rosto lindo. Ela se concentrou em se inclinar e equilibrar a bandeja na ponta da cama e então me entregar duas xícaras de café. Eu tive que conter um sorriso enquanto ela subia no seu lado da cama, sempre tão cautelosa. Eu olhei para a bandeja e arregalei meus olhos ao ver uma seleção com panquecas, bacon, frutas frescas, torrada, ovos e calda para as panquecas.

"Você não precisava fazer tudo isso", eu olhei de volta para ela e vi seu sorriso enquanto lhe entregava sua xícara.

"Eu sei", ela respondeu sucintamente, se curvando na cama para pegar a bandeja e colocá – la no meio de nós. "Eu quis". Ela me ofereceu um prato e eu peguei balançando minha cabeça carinhosamente para ela e a vi pegar outro prato e colocar panquecas nele. Eu comecei com ovos e bacon, tomando um revigorante gole de café, antes de pegar um bocado de ovos. Ela não começou comer até que eu começasse. "Está bom?", ela perguntou com seus olhos verdes grandes.

"Perfeito", eu sorri, me inclinando para colocar uma mecha de seu cabelo marrom atrás de sua orelha.

Comemos rápido, nossa transa matinal alimentou uma de nossas fomes, mas deixou a outra mais esfomeada ainda, apesar de que nossos olhos continuavam se encontrando, compartilhando nossos sorrisos, nossas mãos sempre se tocavam um pouco mais enquanto pegávamos a comida. A paz e alegria derivadas daquele momento, fazia uma combinação inebriante e eu poderia ter ficado ali pelo resto da vida. O olhar dela me dizia que ela sentia o mesmo.

A maneira que me sentia por ela, como me sentia quando estava com ela, era mais esclarecedor do que qualquer coisa que tinha experimentado antes. Eu não sabia que essa tranquilidade, essa felicidade e serenidade podiam e existiam e mesmo que eu soubesse, não achei que poderia existir para mim. Ela me ensinou tanto, ela continuava a me ensinar tanto, sobre a pessoa que eu poderia ser, sobre as emoções que poderia sentir, sobre as possibilidades sem fim que a vida poderia trazer, sobre os perigos e maravilhas do amor, os níveis estonteantes de luxúria, o medo terrível e a felicidade emocionante de cruzar o caminho com aquela pessoa, aquela pessoa que era o encaixe perfeito, que você nunca poderia pensar em ficar sem, que você sabia com uma clareza que era a razão da sua existência, a única pessoa que te fazia se sentir inteira, que fazia cada segundo valer a pena. Eu estava admirada por ela, cada pedaço dela, por dentro e por fora. Eu sempre estaria, enquanto eu respirasse. Eu estava mais certa disso do que qualquer outra coisa em minha vida.

Eu engoli minha última uva e então me encostei-me à cabeceira da cama, olhando para Therese que tinha terminado antes de mim. "Isso foi ótimo", eu sorri. "Obrigado".

Suas bochechas ficaram um pouco vermelhas. "De nada".

Eu fiquei a encarando um momento, com meus olhos procurando os dela. "E... obrigado pelo meu presente", eu disse pela que seria a décima quinta vez desde que o abri. "É tão bonito... Você fez com tanto carinho. Eu vou guardar para sempre", minha mão procurou pela dela na coberta. "Você é tão maravilhosa, Therese. Nunca pense que eu não sei disso. Eu me sinto tão abençoada, tão grata por você, tão sortuda".

Por Trás Daqueles OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora