Chego no hotel cedo e vou direto para meu escritório encontrando Camila ainda na mesa que daqui a pouco será de Isabella, chamo ela para conversar e ela adentra a sala junto comigo.
- Está pedindo demissão porque? No dia que pediu eu estava com muitos problemas e não pude conversar, sei que foi secretária do antigo dono, mas não pretendia lhe substituir.
- Não é nada com o senhor, vou voltar para minha cidade no norte do país, meus pais estão velhos e precisam que alguém toque o pequeno negócio da família. - ela diz sorridente e percebo que está feliz com sua decisão.
- Tudo bem, se precisar de ajuda com algo sempre poderá contar comigo. - digo e ela sorri largamente.
- Sei o quanto seu coração é bondoso, mas lá vou ter tudo que preciso, obrigada por tudo. Já contratou alguém?
- A menina do joelho sangrando. Irá chegar daqui a pouco, Davi foi buscar ela. Passe tudo pra ela e depois vá no recursos humanos. - digo tendo que atender o telefone insistente que toca. Ela faz um gesto e sai.
- Oi cara, quase não me atende. - Carlos resmunga assim que sente que atendi.
- Estava ocupado.
- Sei que é ocupado, mas pensei em te tirar do terno hoje. Que tal irmos a praia? Saí agora da prefeitura e estou com vontade de dar um mergulho, posso te apresentar o barco. - ele diz empolgado e fico imaginando o porque de negar se seria mesmo bom.
- Vou lhe buscar na prefeitura. - digo.
- Não estou no seu carro lembra? Nos encontramos na praia do Cabelo.
- Precisamos te comprar um carro. - digo e ele bufa.
- Não pense em gastar mais comigo, desse jeito vai me por manhoso. - sorrio com o jeito dele e digo:
- Não estou pensando amorzinho, estou falando o que vou fazer, vou passar no apartamento e vestir algo que não seja o terno que estou e te encontro na praia.
Ao desligar digito para que Camila mande comprar um Audi e que seja entregue na casa de praia que ela já sabe o endereço e trato de responder os emails que não poderiam esperar então me levanto e vou para sair quando esbarro com alguém pequeno na porta.
- Ai. - ela diz recuando.
- O que pensa estar fazendo? - ela diz olhando para nós dois molhados do café que ela entornou. - Isso estava quente. - resmungo.
- Eu ia te levar um café a mando de Camila, ela disse que esqueceu de levar quando o senhor chegou, poderia fazer barulho ao sair da sua sala?
- Poderia você anunciar que estava para entrar? - me deu vontade de rir.
- O senhor é muito grosso. - ela diz tentando se limpar.
- Venha comigo. - digo a puxando para a saída e mandando um audio para Camila que fique mais um dia que dobro um salário dela, iria precisar de Isabella fora do escritório hoje.
- O que pensa estar fazendo?
- Te levando para meu apartamento. Precisa de uma roupa menos transparente. - ela olha para o vestido que estava usando e fica com vergonha. Com o café derramado estava muito transparente mostrando o sutiã preto. - Também precisa de roupas melhores para trabalhar, vou mandar entregar no meu apartamento e esqueci de dizer que não admito relacionamento intimo de meus funcionários então por favor não se apaixone por nenhum homem que trabalha pra mim. - digo e ela se solta de mim.
- Por que me toma? Não sou uma mulher fácil que sai dando em cima de todos não senhor. Posso comprar minhas roupas e cuidar de mim, o vestido não ficaria transparente se não tivesse me atropelado como é seu costume. - diz olhando para a Ferrari em nossa frente e me olhando com cara feia.
- Não pode afirmar que fui eu. - digo abrindo a porta para que entre. - Não vivo te atropelando, você vive se jogando na frente do meu caminho isso sim. - bato a porta do carro com força e mando que coloque o cinto.
Quando chegamos no meu apartamento não falávamos mais nada depois do que disse, ela nem me olhava direito e eu chamei Nana e mandei que ligasse para uma loja que fica no hotel e mandasse entregar roupas laborais para ela aqui em casa e que depois avisasse a Davi para lhe levar em casa, não dirigi a palavra a mal criada em minha frente e quando dei as costas ouvi ela me chamar de grosso e comecei a rir.
Chegando na praia encontro Carlos jogado na areia e ao olhar em volta só vejo um rapaz caminhando, então puxo ele pelas pernas e corro para o mar, não lembro o tempo que faz que tomei um banho desses. Ficamos mergulhando e jogando água um no outro como antigamente e decido sair para perguntar a Nana como a birrenta está se comportando.
- Oi. - ouço uma voz doce e suave nas minhas costas e solto o telefone e olho para a pequena perto de mim.
- Oi. - digo sorrindo.
- Você nada bem. - ela diz e eu olho para Carlos ainda nadando no mar.
- Não melhor que ele. - aponto. - Onde estão seus pais?
- Não sei. - ela diz e percebo não ter mais que quatro anos. - Molo no olfanato Bom Pator.
- Eu já morei lá. - digo me sentando perto dela que começa a cavar na areia com uma pazinha. - Te deixaram vir aqui só?
- Eu fugi. Quelia ve o ma. - ela diz apontando para o grande mar na nossa frente.
- Eu também fugia e vinha ver o mar. - digo lembrando da época que eu fugia pelo buraco na cerca para vir para essa praia. - Mas volte para lá, é perigoso uma princesa andar só na rua.
- Sou uma plincesa?
- Sim você é a mais bela princesa que já conheci. - digo e ela sorri.
- Se eu volta pla lá plomete que vai lá me ve? - ela diz passando as mãos sujas nas bochechas. - É tliste lá.
- Eu sei que é, prometo que irei lá toda a semana pra lhe ver que acha? Trago você aqui e não precisa vir só.
- Apete aqui a mão pala sela nosso acoldo. - ela diz me mostrando a mão suja de areia e eu aperto mais também a puxo para um abraço.
Carlos sai do mar, apresento minha nova amiga a ele e juntos vamos com ela para o orfanato, sei que não é mais Marinete que governa, pois fiz questão de a afastar denunciando o que fazia, então preciso saber quem controla o lugar hoje em dia.
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Fortes Ondas
SpiritualUm órfão, que da noite para o dia recebe uma grande herança e junto com ela uma missão, ele enfrentará muitas lutas para cumprir a sua missão, mas permanecerá fiel a promessa que fez ao ler a carta. No percurso ele conhece a Deus e se converte ao cr...