Já no shopping as meninas ficaram na parte de diversão, deixei Davi olhando elas e fui com Isa comprar o que faltava para nossa casa, eu estava achando ela muito calada, já estava acostumado com ela conversar sem parar, tinha sido assim todos os dias que saímos para escolher móveis ou comprar enxoval para a casa nova. Claro que a presença de Priscila a arquiteta facilitava e agora estava só nós dois.
- Está calada. - comentei.
- A cena no escritório me inquietou. - foi curta e grossa como sempre direto ao ponto.
- Fala das meninas com ciúmes?
- Não precisava ter colocado as meninas na história. Já havia visto sua cara de desgosto.
- Quem é ele para você ter ficado assim? Eu não mandei as meninas agirem daquela forma, mas confesso que achei bonito.
- Bonito? Eu fiquei com vergonha, parecia que eu estava fazendo algo errado. - ela diz parando e me olhando feio.
- E estava agindo errado?
- Aquele homem é o que vai liberar o espaço de onde faremos o casamento. Precisamos dele para isso e sempre que falei com ele o achei gentil e educado e você fez parecer que eu e ele tínhamos alguma coisa. Quando vai entender que não sou como as garotas que você se relacionava?
- Desculpa Isa, eu não sabia quem ele era, mas estou falando a verdade quando digo que não incentivei as duas agirem daquela forma, embora eu também não tenha impedido e até achado lindo e ficado feliz por saber que elas pensam em nós dois juntos.
- Nós dois juntos não existe Antony. - ela diz voltando a andar e me deixando com um nó na garganta, olho a minha volta e umas três pessoas observavam a cena, sigo andando envergonhado.
Ficamos o restante do percurso até perto das meninas calados, eu não queria mais levar nenhum fora dela, já havia entendido que ela não gosta de mim, queria era deixar elas irem para casa e me trancar no meu apartamento.
- Tio Tony? - Rose me desperta de meus pensamentos. - Aconteceu algo?
- Não pequena, estou bem. - como deve estar minha cara para ela pensar que aconteceu algum problema?
- Davi levará vocês em casa, vou precisar resolver algo. - digo e ela me olha séria, está com Mel no colo no banco de trás da minivan. - Amanhã pego você para irmos ver a escola. - digo e dou as costas sem esperar ela falar nada.
- O que você tem? - Davi me pergunta quando me entrega a chave da moto dele, vamos trocar a pedido meu.
- Tomei um banho de realidade só isso. - digo olhando para o carro e entregando a chave para ele. - Leve elas e diga a Carlos que o vejo amanhã.
- Não vai para o culto hoje? - Rose pergunta saindo do carro. - Tia Isa disse que hoje tinha encontro dos jovens.
- Vou precisar faltar hoje princesinha, mas farei um culto em casa não se preocupe. - beijo sua testa e monto na moto.
Não tenho vergonha de dizer que as lágrimas rolarem, isso pode parecer para muitos, ser coisa de mulher, mas eu sempre me permiti chorar quando queria, claro que tomando cuidado para ninguém ver. Chegando na praia do Leblom sento-me em uma parte afastada e começo a orar pedindo a Deus que me oriente como agir, estava começando a planejar o tal jantar no barco e agora ouço da sua própria boca que ela não quer ficar comigo.
- Alô. - atendo o Carlos depois de rejeitar sua ligação quinze vezes.
- Já soubemos de tudo. - ele diz e eu olho o mar mais uma vez. - Ela contou a mim e a Ana que você mudou o jeito com todos após terem discutido.
- Não discutimos ela apenas deixou claro que não quer nada comigo. Ela te disse que as crianças sentiram ciúmes dela com um fornecedor e que a culpa ficou para mim?
- Disse e se arrepende por isso, ela ouviu quando Rose relatou assim que entrou que era um erro ela trabalhar para não ficar perto de homens que não seja você. - foi quando ela percebeu que você era inocente.
- Muito tarde, Isa é temperamental e fala coisas sem pensar, as vezes eu acho que ela pensa que tudo que faço é por causa dela, mas superarei isso irmão, como ela diz eu e ela não existe então não vou ficar me atolando em lama muito tempo.
- Estou preocupado, vocês dois são cabeça dura e precisam parar para conversar.
- Não existe o que conversar, o que tinha pra ser dito foi dito no corredor do shopping em alto e bom som. Carlos eu não vou abandonar vocês nunca, mas não vou morar na casa prefiro ficar no apartamento.
- Precisa mesmo é agir como um homem e não como menino e pensar na sua filha. - ele diz e engulo em seco.
- Me diga se hoje eu estava agindo como menino até ouvir da mulher que amo que ela não quer nada comigo?
- Onde você está?
- Na praia.
- Praia do Cabelo?
- Não. Estou indo para casa já, estou bem, vou fazer um culto sozinho e seguir em frente. Como você diz a fila anda.
- Vem aqui.
- Não é uma boa hora, as crianças perceberam que estava chateado e vão perceber que não estou melho.
- Nos encontramos no apartamento. - ele desliga e eu fico olhando o celular, realmente eu encontrei um irmão para toda vida.
Preciso pensar como será a adoção de Mel, a custódia vai acabar em cinco meses e ainda não tenho como lhe adotar porque sou solteiro. Não vou me casar com qualquer uma para conseguir um papel então preciso parar e pensar. Meu telefone volta a tocar e atendo sem olhar.
- Antony é a Ludimila. - ela diz e eu suspiro, não queria falar com ela, embora seja legal eu já percebi que ela quer algo a mais.
- Oi irmã.
- Chegou uma carta estranha na igreja para você, sem remetente. Como faço para lhe entregar?
- Eu passo aí pela manhã e pego pode ser?
- Pode sim, vou estar com ela na igreja, irá ter consagração setorial e preciso estar lá como secretária da igreja.
- Combinado então. - desligo o telefone e vou para o apartamento.
Fico horas conversando com Carlos ele tentando me convencer que Isa gosta de mim e que não entendi direito o que ela quis dizer, ela claro havia omitido a parte do fora que me deu e ele ficou boquiaberto, também riu horrores da situação com o rapaz da prefeitura e de como as meninas agiram. Acertamos também alguns detalhes do casamento dele e voltamos para o assunto chave.
- O juiz deveria lhe dar a guarda logo.
- Ele me deu seis meses para estar casado e a guarda ser minha, se eu não conseguir me casar nesse prazo eu perderei Mel. - digo apoiando a cabeça nas mãos.
- Acho uma besteira.
- Todo mundo acha, mas é a lei e não posso burlar ela.
Fomos dormir alta madrugada tentando achar uma maneira de resolver meu problema sem perder a minha pequena.
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Fortes Ondas
SpiritualUm órfão, que da noite para o dia recebe uma grande herança e junto com ela uma missão, ele enfrentará muitas lutas para cumprir a sua missão, mas permanecerá fiel a promessa que fez ao ler a carta. No percurso ele conhece a Deus e se converte ao cr...