Amizade

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- Pai me tira daqui... Por favor, pai... Meus joelhos estão doendo... Eu tenho medo do escuro!

- Parece que está aprendendo a me chamar direito. Estamos progredindo. Mas se eu ouvir essa baboseira de medo do escuro de novo vamos ter que conversar. – O final foi acompanhado pelo olhar estreito em meio a pouca luminosidade.

- M-meus j-joelhos...

- Você vai ficar bem, sempre fica... Você sabe o que acontecerá se você sair dessa posição não sabe Uryuu? Pode dar adeus a governanta... E eu saberei se você se mover.

Uryuu de olhos vermelhos concordou voltando a olhar a parede em sua frente. A porta foi fechada e as lagrimas voltaram a cair, pareciam inacabáveis. Então ele chorou, chorou muito e por muito tempo ainda, teve que chorar dessa forma para saber segurá-las na frente daquele homem.

. . .

Uryuu abriu os olhos de uma vez. Percebeu a força com que apertava seu travesseiro então o liberou para se virar na cama encolhido ainda ficando de costas. Suspirou, mas aquilo saiu mais como um gemido dolorido. Odiava se lembrar dos pesadelos, gostava de esquecê-los depois de abrir os olhos e ficar pensando no porquê de tanta fagulha no peito.

Pior que nem sonho era.

Não esperou o despertador no celular tocar e levantou-se. Depois do café da manhã seguiu para o colégio. O dia estava um pouco mais frio pelo que agradeceu também. Sua sorte só não se prolongou até o corredor, não demorou muito para o encrenqueiro aparecer e jogar o braço por cima de seus ombros o cobrindo andando junto de si.

- Então, eu estive pensando...

- Isso é surpreendente. – Uryuu ironizou.

- Engraçadinho... – Ichigo parou e olhou o moreno por inteiro depois sorriu de lado. – Você tem mesmo jeans.

Uryuu franziu o cenho e teve que morder o lábio interno pela vergonha. Por que Ichigo tinha que sorrir daquele jeito? Nem tinha percebido ter vestido um jeans aquele dia, também não estava com um Oxford e sim com um sapato mais aberto e informal verde musgo além do moletom aberto mostrando o uniforme. Não achava que tinha dado tanta importância para o que o ruivo disse na sexta. E ainda tinha que ficar com vergonha!

- Er... Eu nem percebi.

- Sei. – Sorriu mais. – Eu diria que está parecendo um adolescente agora.

Uryuu rolou novamente os olhos e cruzou os braços. Até isso já estava parecendo imitar o Kurosaki. Descruzou os braços no mesmo estante sem jeito.

- Deve ser por que eu sou um. – Voltou a andar não querendo mais pensar nisso, mas logo Ichigo voltou a colocar o braço em seus ombros.

- Foi pego no flagra e ‘tá com vergonhazinha?... Não me olha assim, eu gostei. Tá, continuando o que eu ia falar antes de descobrir que você realmente me escuta: você não mora longe então por que vem de carro? E o motorista?

- Que é que tem o motorista? – Disse em um tom mais entediado.

- ‘Pra que ele?

- Bem, ele é um motorista então ele serve para dirigir. – Ichigo o olhou como dizendo é mesmo? E Uryuu continuou. - E eu não sei dirigir.

- Mas você mora pertinho por que não vem a pé?

Uryuu parou de tentar andar com aquele peso sobre seus ombros e se afastou tirando o braço do ruivo.

- Eu acordo tarde e esse é o trabalho do Marcus. Agora pare de ficar fazendo perguntas sem noção.

- Ah, coisas sem noção são com ele mesmo. – A garota morena comentou parando no meio deles enquanto comia salgados em um pacotinho. Ichigo a olhou irritado (o jeito de sempre).

Ponta Solta [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora