Clube de artes

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Uryuu não vendeu a pintura e isso gerou um pouco de insatisfação nos outros. Orihime foi mais branda e como líder do clube entendeu que era algo especial para ele. As aulas daquele dia passaram sem grandes novidades como dias comuns, mas para o Ishida que notou os olhares do ruivo foi a prova de que realmente eles estavam voltando ao entrosamento deles.

Quando as aulas acabaram o Ishida voltou ao seu canto no clube, claro, depois que ouviu a reunião sobre a exposição de artes que iria acontecer no festival do colégio dali a cinco meses. Não tinha muito interesse nisso por isso logo foi organizar as tintas pensando em um próximo tema... Nada vinha a sua mente, nada exceto o Kurosaki. Era meio irritante.

Pensou em outras coisas, a exposição de tintas que teria na região, os trabalhos escolares para aquela semana, o livro para terminar de ler, a vez que Orihime viu um pouco das marcas em seus pulsos sem querer; elas ainda o prendiam tanto infelizmente e era muito difícil estar perto das pessoas sem que elas não notassem e acabassem ficando curiosas com aquele seu costume.

Era algo para se aprender a conviver, mas não conseguia. Podia tentar enganar até a si mesmo falando que as coisas estavam melhorando, que não tinha mais medo ou não obedecesse ao pai, mas não, nada disso era verdade.

Talvez ainda demorasse muito tempo para que os pesadelos parassem de despertá-lo à noite, que o medo de Ryuken, das ameaças, das agressões, que tudo diminuísse ou que não ficasse extremamente nervoso pela possibilidade de chegar a passar mal no colégio e ter de ir para a enfermaria. O medo de que alguém visse aquelas marcas era quase palpável, não queria acabar sendo tirado do colégio ou pior, voltar para Londres para estar mais sozinho ainda ou em algum colégio interno para o qual o pai já ameaçou mandá-lo.

Mas era verdade que a situação se tornou mais tragável nos últimos tempos, conseguia ignorar o empresário quando comiam juntos e toda a maior parte do tempo, assim como ignorava as provocações e qualquer agressão, tudo ainda naquela mansão o embrulhava o estomago e ainda sentia tanta falta de Luísa que por vezes tentava questionar o pai sobre, mas ele nunca falava nada. Mesmo tudo parecendo tão ruim, ainda sim, tentava não ficar abatido e voltar aquela falta de esperança de antes. Não queria nunca mais ser aquele Uryuu.

Já desenhava e pintava há um tempo interessado nas tonalidades e nem percebeu a nova presença que o observava. Orihime parou de repente o que fazia vendo Ichigo encostado na parede olhando distraído as costas do moreno, conseguiu segurar sua boca vendo a atenção dele nisso. Ela sorriu um pouco e deixou as chaves na mesa indo até a porta e dando um tchau baixo para o ruivo que retribuiu sem olhá-la.

Uryuu tinha sua atenção completa na pintura, as mãos subindo e descendo formando entre cores fortes e escuras a figura de uma pessoa encurvada em um lugar fundo e escuro. Em cima de rabiscos a sua volta formava um buraco onde aquele ser se encontrava talvez preso. Pelo menos foi o que pareceu para Ichigo tão concentrado como estava em ver a imagem obscura tomando forma.

Uryuu parecia usar magia, era espantoso e surreal como ele era talentoso. Mas ele de repente parou voltando as mãos para o colo e suspirou olhando a imagem.

- Parece o mesmo de antes... – Ele murmurou parecendo decepcionado e Ichigo pensou se ele estava triste pelo desenho ter saído sombrio.

Ele estava realmente tentando deixar algo para trás. Tentando pensar positivo, ver o melhor em si, encontra-lo e mostrar, talvez até para si mesmo.

O Ishida suspirou agora resignado e franziu o cenho olhando o lugar, já que finalmente percebeu o silêncio no ambiente. Se surpreendeu por ver Ichigo mais atrás o olhando.

- O que está fazendo aí? – O ruivo se aproximou até o seu lado parecendo mais interessado em olhar o quadro. - Acho que a Orihime já foi. – Observou o lugar.

Ponta Solta [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora