𝐏𝐞𝐫𝐬𝐨𝐧𝐚𝐥𝐢𝐭𝐢𝐞𝐬 - 𝐀𝐫𝐨𝐧 𝐏𝐢𝐩𝐞𝐫

10

Aron

Estava a adorar este dia com ela, por mim, não terminava.

Vê-la a ser ela, um ser humano que anima qualquer lugar, uma pessoa tão bela quer por dentro quer por fora. Era me impossível ficar indiferente perante a sua presença.

Já não consumia há algum tempo e isso estava a deixar-me nervoso, com medo de não o conseguir disfarçar perante dos amigos da Alice e dela disse que tinha que ir à casa ainda tomar um duche.

Cheguei a casa e preparei as minhas coisas para antes do banho, peguei na caixa onde costumava guardar o meu produto, numa mortalha e num pouco de tabaco, fechei uma. O efeito iria passar antes do jantar, por isso, não me preocupei muito.

Fui tomar o meu duche. Troquei de roupa e sentei-me um pouco na minha varanda, acendi a ganza e fiquei a reler o meu mais recente texto, dando-lhe alguns retoques.

As frases soltas na minha cabeça ajudavam com ideias mas não colaboravam para uma boa estrutura do texto, decidi parar pois já estava a sentir o efeito da droga no meu sistema, logo, não conseguia ficar concentrado por muito tempo.

Matei-a. Dirigi-me até à sala para colocar a minha playlist de Apocalyptica no volume mais alto que a minha coluna podia dar, sentei-me no sofá e, quando dei por mim, já estava a ter uma pequena trip.

Passando uma hora e tal, sentir-me melhor, aquele pouco produto que me tinha restado do dia anterior parecia ter sido o suficiente para silenciar os meus demónios.

Levantei-me, peguei no meu casaco e em tudo o resto que era necessário e sai de casa para ir ter com os amigos de Alice e com esta.

Quando cheguei, vi apenas Alice a sair da vivenda, o que me deixou confuso.

Os outros? – perguntei apontando para a casa.

A morena informou-me que seríamos só nós. Não fiquei nervoso como seria de esperar, pois ainda estava um pouco high, não conseguindo reagir mais de metade do que ela me fosse dizer ao longo desta noite.

Estou tramado! – pensei.

Se os amigos dela viessem possivelmente iria conseguir passar um pouco despercebido, agora sozinho com ela não.

Conduzi até a um restaurante qualquer. Nada me vinha à cabeça, era como se todos os meus possíveis pensamentos fossem uma folha em branco.

Quando entrámos no estabelecimento, Alice disse algo a uma senhora que se aproximou de nós, sentámo-nos e pouco depois foram-nos entregues as ementas.

Eu tentei ler, porém nada não conseguia assimilar nada, optei por pedir o que fosse que Alice iria escolher.

Está tudo bem? – perguntou a rapariga ganhando, assim, a minha atenção que, outrora, se encontrava num ponto qualquer.

Sim. – tentei ser o mais convincente possível.

Entretanto fizemos os nossos pedidos, a nossa comida veio.

Porra já estava esfomeado. – pensei ao ver o prato à minha frente.

Às vezes tentava focar a minha atenção na rapariga que estava sentada diante de mim, contudo não conseguia.

Nem me apercebi que já estávamos fora do restaurante, só reparei que estávamos no meu carro quando a minha cara foi virada para a luz.

Estás a passar-te ou quê? – perguntei confuso e chateado.