Festa - parte I
BRUNNA BELLINI
Hoje é sexta. A gente não teve aula por ser o dia da Festa de Recepção, os veteranos precisavam da gente com energia à noite.
Não sei como eles conseguiam convencer os professores dessa loucura, disseram que mandaram email para todos eles de forma muito formal avisando da "linda e respeitável" festa de recepção e isso realmente funcionava, já que faziam todos os anos.
Eu recebi uma mensagem de Isabela avisando que poderia nos dar uma carona. Disse que não precisava pois, além da nossa casa não ser caminho dela até a faculdade, o pai da Cami nos levaria e os meninos também iriam com a gente.
Meu pai já tinha autorizado do Rodrigo ir comigo e disse pra eu tomar conta dele. Como ele ia ficar de plantão, nem adiantaria estabelecer horário pra gente voltar, mas disse pra avisar quando chegássemos.
Descansei o dia todo até ver que estava na hora de me arrumar pra festa. Tomei um banho gelado, vesti uma regata preta soltinha e um short destroyed, junto a um conjunto preto por baixo. Nem preciso falar qual tênis coloquei, acho que parcelei tanto aquela merda de vans que me apeguei.
Não gostava muito de acessórios, até porque já usava o meu cordão de lua, que só ele já era suficiente. Não o tirava por nada.
Também passei uma maquiagem básica e acrescentei um liptint que me deixava com a boca mais rosada.
Desci a escada trocando mensagens com a Cami e de longe já percebia que Rodrigo estava inquieto, de prontidão na porta de casa.
- Corre, naja, ninguém tem seu tempo não! - revirei os olhos e saí de casa, encontrando o pai da Cami, com ela e Pedro dentro do carro, arrumados e bem cheirosos.
VINICIUS WALKER
Isabela tava demorando pra se arrumar, como sempre, destruindo meus planos de chegar cedo para curtir mais.
Vesti o de sempre, uma calça preta e blusa branca, com um tênis preto qualquer.
Isabela desceu depois de horas com um vestido colado que mandei ela trocar na hora. Claro que ela me ignorou, mas aceitei porque ela podia descer com outra roupa mais curta ainda.
Chegando na festa, cumprimentei a galera e parei do lado do Lipe, que estava com um cigarro em uma mão e uma cerveja na outra enquanto curtia a música alta. Guto chegou depois, me oferecendo uma garrafa de vodka já pela metade.
- Vocês tão falando sério que vão ficar só na cerveja?! – Guto falou nos deixando surpresos.
- Isso é pra tu curtir ou criar coragem? – Felipe debochou rindo, me fazendo rir também.
- Cala a boca, só to curtindo
- Cara, não é tão difícil chegar na mina assim. É a caloura-destaque? - Perguntei sem esperar resposta – a Isabela pode falar c..
- NÃO! - berrou me interrompendo - Isso não tem nada haver com garota não. Não posso mais beber em paz?!
Quando eu e Lipe fingimos acreditar naquilo eu já tinha esvaziado a vodka. Procurei a Bela, que já estava debruçada no balcão do bar, virando uma longneck de skol beats na boca enquanto segurava o celular apreensiva.
De repente sinto alguém esbarrar em meu ombro, me fazendo virar com raiva. Enquanto viro, observo a cara do Guto de assustado ou... envergonhado, eu não sabia definir direito.
- VOCÊ TÁ MALUCO?! – grito procurando o responsável pelo empurrão. Acabo não vendo ninguém, até olhar mais pra baixo e encontrar novamente aqueles olhos azuis penetrantes, só que dessa vez assustados e acompanhados de dois amigos, incluindo a caloura de odonto.
- Me desculpa eu não... – a interrompi enquanto observava seu rosto e lábios avermelhados e bem desenhados que naquele momento me hipnotizaram sem muito esforço.
- Que isso! Eu que tenho que pedir desculpas. – sorri maliciosamente enquanto estendia a mão pra cumprimentá-la – eu já estava te procurando. Prazer, Vinicius.
Ela ignorou completamente a minha mão. Seu rosto que antes expressava timidez estava claramente entediado enquanto revirava os olhos.
Nenhuma mulher tinha reagido dessa forma comigo antes, o que me causou um sentimento estranho, em especial vindo daquele olhar, daquela menina que agora eu fazia questão de conhecer.
- Me procurando?! – disse soltando uma risada de deboche – Não sabia que tinha marcado encontro com um estranho.
- Calma aí princesa, se tiver estressada eu posso ajudar - disse me aproximando e deixando-a confusa. Eu nunca diria isso pra uma mulher se estivesse sóbrio, mas costumo não me preocupar já que as palavras que uso geralmente não são o foco das garotas com que converso.
Naquele momento minha vontade estava toda voltada pra garota que sem explicações eu queria sentir sua boca junta à minha e apertar cada parte do seu corpo.
Estávamos nos encarando, alternando a visão entre os lábios e olhos. Eu chegava mais perto e ela não recuava, o que me excitava mais ainda.
No meio da minha quase vitória, volto a ouvir as vozes ao redor, incluindo a da caloura-destaque que puxou a garota antes que eu a beijasse. A negra conseguiu me fazer odiá-la por alguns instantes.
- Vamos, encontrei o bar! – Puta que pariu, porque ela e o garoto estavam ali ainda?!
- Calma, antes me diz o seu nome - Falei segurando o braço da dona da boca que por pouco eu não beijei.
- Não dou meu nome para estranhos - a filha da mãe riu sarcasticamente enquanto se virou e saiu, me provocando mais ainda e me deixando admirar a sua bunda que não era nada mal.
Com a saída do trio indo em direção à Bella, voltei a beber e curtir com o Guto que ainda estava com uma cara de bobo.
Felipe já tinha sumido, mas ele sempre some, o cara é cheio de mistério, mas nunca entramos no assunto porque se ele não fala é porque não quer contar e a gente respeita.
Sobre o nome da misteriosa, eu vou me preocupar depois, até porque todo mundo me conhecia na faculdade e seria tão fácil arrancar essa informação da Bela que deixei de lado.
Depois de um tempo, reparei um objeto prata caído no chão. Pelo tumulto, não sabia de quem era. Me abaixei e peguei o que era um cordão delicado com pingente em formato de meia lua.
Guardei no bolso na esperança de encontrar alguém o procurando, mas não tinha nada além de um bando de bêbado ficando mais embriagados e anestesiados enquanto dançavam.
Como eu tava ali pra curtir a festa, voltei a virar garrafas de bebidas de cores distintas, ficar com algumas garotas e claro, no final terminar a noite da forma que costuma ser, com uma companhia qualquer na cama.
🌙
(Eu sei, eu também não gosto do Vinicius kkkk mas juro que ainda vai acontecer muita coisa)
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A Lua que carrego
Roman d'amourAos 18 anos, Bruna Bellini realizou o sonho de passar na Universidade Federal Reginald Pearson, uma das maiores faculdades de Direito do Rio de Janeiro. Desde o primeiro segundo na faculdade, ela percebe que não será nada como havia planejado - e tu...