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BRUNA BELLINI
Entrei no carro sentindo o sangue ainda fervendo em minhas veias por conta da guerra de água infantil que acabara de acontecer. Depois que Vinicius jogou o líquido salgado e gelado em mim, ele instaurou uma Bruna que estava pronta para retribuir seu ataque ao mesmo nível: baixo.
Minhas bochechas doíam após tanto riso e agora, sentada no banco do carona com o cabelo e roupa encharcados, o som alto da respiração de nós dois ecoava dentro do veículo, tentando recuperar o fôlego, e ríamos um pouco mais relembrando de toda a situação.
Vinicius me transmitia sensações novas, como a falta de ar após esse episódio digno de crianças. Antes, imaginava apenas as chances de hoje dar errado e o quanto ele poderia ser o babaca da história, mas na verdade conversamos sobre assuntos que nunca imaginei conversar com o considerado "pegador da faculdade", segundo Camila; era a única coisa que eu sabia do Walker antes do píer.
Até mesmo o silêncio reverberando nos cantos do veículo era confortável, enquanto nossas maçãs do rosto ainda estavam vermelhas e levantadas devido ao sorriso aberto de ambos.
Observei o relógio, me assustando ao já passar das 21. Nem mesmo me preocupei em pegar o celular, que agora notificava na tela bloqueada centenas de mensagens das garotas e do meu pai.
Vinicius deu partida no carro enquanto eu me atualizava sobre o que se tratava a euforia das meninas – mas não era nada além de teste do Quizur para saber quem você seria do clube das Winx. Do meu pai, apenas um drama conhecido pedindo para eu mostrar que estou viva. Guardei o celular e voltei a prestar atenção no caminho que Vinicius seguia. Vi ele guiando o volante à caminho da praça, como aconteceu das últimas vezes.
- Vira para a direita. – observei a face de Vinicius franzir em dúvida – a minha casa é pra lá.
Vi seu rosto mostrar surpresa, mas assentiu e seguiu minha ordem, virando a esquina da rua que eu morava.
- Bruna Bellini revela onde é sua casa, nos próximos instantes – disse parodiando um locutor de jornal, o que me tirou um riso baixo.
- Você não é mais um completo estranho.
Minhas palavras pareceram ecoar no carro um silêncio. Não pensei sobre a frase que acabei de citar, mas ela passou uma intimidade que ainda não temos, me causando uma leve agonia.
- Mas ainda é estranho. – virei para Vinicius com um sorriso amarelo, contornando a situação em uma brincadeira. Ele revirou os olhos enquanto estalava a língua no céu da boca – é aqui – aponto para a casa na calçada à esquerda, com uma entrada simples de muro branco e portão de madeira. Agradeço mentalmente por ser tarde a ponto da velhinha da casa amarela ao lado não estar no portão para fofocar sobre minha chegada com um garoto.
Me preparei para sair do carro enquanto construía uma frase de despedida.
"Até mais" soava muito íntimo.
Talvez um "boa noite, Vinicius" seja o suficiente.
- Bo... - sou interrompido pela voz mais grave.
- Gostei de hoje, Bruna.
- Eu também gostei– sorri fraca observando-o me fitar de forma calma.
- Mas vê se troca o feixe do colar, pra eu não te obrigar a sair comigo de novo. – retribuiu o sorriso só que com ar mais irônico, o que me fez descer os olhos para seus lábios marcados.
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A Lua que carrego
RomanceAos 18 anos, Bruna Bellini realizou o sonho de passar na Universidade Federal Reginald Pearson, uma das maiores faculdades de Direito do Rio de Janeiro. Desde o primeiro segundo na faculdade, ela percebe que não será nada como havia planejado - e tu...