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VINICIUS WALKER

- O que estava lendo? – digo tentando quebrar o silêncio.

- Nada demais, é um livro pra faculdade. – comenta sem nem virar a atenção para mim. Isso é estranho, ela não parece me querer por perto. Isso já tava meio óbvio desde antes da lanchonete, mas por que essa garota me fazia querer saber mais sempre?

- Ah sim. E porque você não quer me dizer o seu nome? – ela ri, e que sorriso mais sexy.

- Vira à esquerda – disse me guiando pelo caminho e me ignorando completamente.

- Já vi que não vai me responder. Então me conta algo sobre você.

- Eu faço direito – sorriu sem mostrar os dentes me fazendo rir e me deixando mais intrigado

- Algo que eu não saiba.

- Hm.. – fez cara de pensativa, me fazendo acreditar que eu realmente saberia algo sobre a estranha de olhos claros que tá no carona do meu carro – Eu tenho um irmão.

- É mais velho? Porque não tenho um bom histórico com irmãos protetores.

- O que te leva a achar que vai conhecê-lo? – gargalha na minha cara – Chegamos, obrigada Victor!

- Engraçadinha. – digo na crença de que ela só está brincando com a minha cara. Afinal, ela sabe o meu nome, né?! Logo depois observo toda a praça – Tem certeza que é seguro daqui? – era deserto e escuro pela janela.

Volto para olhá-la na procura de resposta, mas seus olhos se fixaram aos meus, provocando mais um momento de silêncio.

Estávamos a centímetros de distância, distância essa que me permitia conseguir sentir sua respiração quente.

- Tenho, e é bom pra refletir até chegar em casa. Obrigada, de novo – Diz com dificuldade, colocando uma mecha solta do seu cabelo atrás da orelha e saindo do carro em seguida.

Não é possível que só eu esteja sentindo essa sensação de necessidade quando to perto dela. Acho que a frase "a curiosidade matou o gato" nunca fez tanto sentido. Ela tava me matando, com seus simples mistérios.

- Me manda uma mensagem quando chegar! Ah é, você não tem meu número... mas se quiser – digo enquanto me recupero do transe.

A filha da mãe me mata só de olhar pra trás, rir e voltar a caminhar, me fazendo fitar a sua silhueta no meio do escuro se distanciando do carro.

Ela continua me matando.

Ainda era cedo para o jantar ter terminado

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Ainda era cedo para o jantar ter terminado. Decidi mandar uma mensagem para Felipe na esperança de que ele me respondesse rápido o suficiente.

Não pensei duas vezes antes de aparecer com as cervejas na casa em tons cinza e com um ar de tabaco me causou uma quietude

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Não pensei duas vezes antes de aparecer com as cervejas na casa em tons cinza e com um ar de tabaco me causou uma quietude. Seu civic prata parado na entrada não deixava dúvidas de sua presença.

- Felipe? – disse de forma mais alta enquanto abria a porta para que alguma alma me respondesse

- Fala aí cara, pode entrar. – Falou sem tirar os olhos da tela da TV.

- Sozinho? – me joguei no sofá com a cerveja em mãos.

- Sempre – se estendeu pegando uma garrafa – Achei que tinha um jantar hoje.

- Esqueceu a parte que eu disse que não iria

- Pensei que faria esse sacrifício pela sua mãe – sorriu ladino – Mas se não tava em casa, aonde estava até agora?

- Eu também tenho os meus mistérios.

Bebi mais algumas cervejas, o suficiente pra me deixar tonto. Nesse tempo, pedi para que Isabela mandasse mensagem para a garota e me avisasse assim que ela chegasse.

- Qual o nome da garota? – Felipe me fez desviar a atenção do celular.

- Que?!

- Você tá estranho, Vini – virou a cerveja – Não vai me dizer que tá apaixonado..

- Apaixonado?! – disse em meio as gargalhadas - Parece até que não me conhece. Afinal, quem é o misterioso aqui é você. Por que não me conta o nome da sua garota?

Disse brincando, mas pareceu que as palavras afetaram muito mais seu rosto pálido do que uma piada. Felipe ajeitou-se e agora parecia rir forçado. Eu deixei o cara que sempre parecia uma incógnita sem palavras, mas só por um tempo.

- Então me diz o que tava fazendo antes de vir pra cá – me encarou, fazendo meus olhos se arregalarem de forma espontânea.

- Eu só levei uma amiga da Isabela em casa – encostei o gargalo da garrafa na boca. – nada além disso.

- Eu sou pica – comentou, como sempre, tranquilo – Quem é?

- Eu não sei, ela não me disse. Mas, como falei, é só uma amiga da minha irmã.

- A mina não te falou o nome?- debochou – Então você a levou até em casa e ela te fez de otário?

- Cala a boca – Felipe me deixou irritado e ao mesmo tempo aflito, ele não estava mentindo.

Depois de muito papo jogado fora sem desvendar nenhumas das cartas de Felipe, decidi voltar pra casa. Eram dez horas da noite, o jantar teria terminado ou estaria ao fim, nada que me preocupasse.

A tontura da embriaguez agora estava fraca, me permitindo estacionar o carro e sair andando de forma mais natural.

Enquanto entrava, o barulho da porta parecia ser o único som na casa, o que me fez se sentir aliviado ao não ouvir alguma voz indesejável.
Infelizmente, o alívio durou apenas alguns segundos.

- Chegou tarde.

🌙

A Lua que carrego Onde histórias criam vida. Descubra agora