Aos 18 anos, Bruna Bellini realizou o sonho de passar na Universidade Federal Reginald Pearson, uma das maiores faculdades de Direito do Rio de Janeiro. Desde o primeiro segundo na faculdade, ela percebe que não será nada como havia planejado - e tu...
- O que estava lendo? – digo tentando quebrar o silêncio.
- Nada demais, é um livro pra faculdade. – comenta sem nem virar a atenção para mim. Isso é estranho, ela não parece me querer por perto. Isso já tava meio óbvio desde antes da lanchonete, mas por que essa garota me fazia querer saber mais sempre?
- Ah sim. E porque você não quer me dizer o seu nome? – ela ri, e que sorriso mais sexy.
- Vira à esquerda – disse me guiando pelo caminho e me ignorando completamente.
- Já vi que não vai me responder. Então me conta algo sobre você.
- Eu faço direito – sorriu sem mostrar os dentes me fazendo rir e me deixando mais intrigado
- Algo que eu não saiba.
- Hm.. – fez cara de pensativa, me fazendo acreditar que eu realmente saberia algo sobre a estranha de olhos claros que tá no carona do meu carro – Eu tenho um irmão.
- É mais velho? Porque não tenho um bom histórico com irmãos protetores.
- O que te leva a achar que vai conhecê-lo? – gargalha na minha cara – Chegamos, obrigada Victor!
- Engraçadinha. – digo na crença de que ela só está brincando com a minha cara. Afinal, ela sabe o meu nome, né?! Logo depois observo toda a praça – Tem certeza que é seguro daqui? – era deserto e escuro pela janela.
Volto para olhá-la na procura de resposta, mas seus olhos se fixaram aos meus, provocando mais um momento de silêncio.
Estávamos a centímetros de distância, distância essa que me permitia conseguir sentir sua respiração quente.
- Tenho, e é bom pra refletir até chegar em casa. Obrigada, de novo – Diz com dificuldade, colocando uma mecha solta do seu cabelo atrás da orelha e saindo do carro em seguida.
Não é possível que só eu esteja sentindo essa sensação de necessidade quando to perto dela. Acho que a frase "a curiosidade matou o gato" nunca fez tanto sentido. Ela tava me matando, com seus simples mistérios.
- Me manda uma mensagem quando chegar! Ah é, você não tem meu número... mas se quiser – digo enquanto me recupero do transe.
A filha da mãe me mata só de olhar pra trás, rir e voltar a caminhar, me fazendo fitar a sua silhueta no meio do escuro se distanciando do carro.
Ela continua me matando.
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Ainda era cedo para o jantar ter terminado. Decidi mandar uma mensagem para Felipe na esperança de que ele me respondesse rápido o suficiente.
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Não pensei duas vezes antes de aparecer com as cervejas na casa em tons cinza e com um ar de tabaco me causou uma quietude. Seu civic prata parado na entrada não deixava dúvidas de sua presença.
- Felipe? – disse de forma mais alta enquanto abria a porta para que alguma alma me respondesse
- Fala aí cara, pode entrar. – Falou sem tirar os olhos da tela da TV.
- Sozinho? – me joguei no sofá com a cerveja em mãos.
- Sempre – se estendeu pegando uma garrafa – Achei que tinha um jantar hoje.
- Esqueceu a parte que eu disse que não iria
- Pensei que faria esse sacrifício pela sua mãe – sorriu ladino – Mas se não tava em casa, aonde estava até agora?
- Eu também tenho os meus mistérios.
Bebi mais algumas cervejas, o suficiente pra me deixar tonto. Nesse tempo, pedi para que Isabela mandasse mensagem para a garota e me avisasse assim que ela chegasse.
- Qual o nome da garota? – Felipe me fez desviar a atenção do celular.
- Que?!
- Você tá estranho, Vini – virou a cerveja – Não vai me dizer que tá apaixonado..
- Apaixonado?! – disse em meio as gargalhadas - Parece até que não me conhece. Afinal, quem é o misterioso aqui é você. Por que não me conta o nome da sua garota?
Disse brincando, mas pareceu que as palavras afetaram muito mais seu rosto pálido do que uma piada. Felipe ajeitou-se e agora parecia rir forçado. Eu deixei o cara que sempre parecia uma incógnita sem palavras, mas só por um tempo.
- Então me diz o que tava fazendo antes de vir pra cá – me encarou, fazendo meus olhos se arregalarem de forma espontânea.
- Eu só levei uma amiga da Isabela em casa – encostei o gargalo da garrafa na boca. – nada além disso.
- Eu sou pica – comentou, como sempre, tranquilo – Quem é?
- Eu não sei, ela não me disse. Mas, como falei, é só uma amiga da minha irmã.
- A mina não te falou o nome?- debochou – Então você a levou até em casa e ela te fez de otário?
- Cala a boca – Felipe me deixou irritado e ao mesmo tempo aflito, ele não estava mentindo.
Depois de muito papo jogado fora sem desvendar nenhumas das cartas de Felipe, decidi voltar pra casa. Eram dez horas da noite, o jantar teria terminado ou estaria ao fim, nada que me preocupasse.
A tontura da embriaguez agora estava fraca, me permitindo estacionar o carro e sair andando de forma mais natural.
Enquanto entrava, o barulho da porta parecia ser o único som na casa, o que me fez se sentir aliviado ao não ouvir alguma voz indesejável. Infelizmente, o alívio durou apenas alguns segundos.