A Lua que carrego

1.

VINICIUS WALKER

As aulas voltaram e com elas a merda de ter que acordar cedo. Era o primeiro dia e eu já queria férias.

Pelo menos essa semana tinha trote, que servia pra aliviar o stress dos veteranos.

Como já to no quarto período, não organizo mais o trote, só que eu não vou deixar de jeito nenhum de sair mais cedo da aula pra rir um pouco dos calouros todos sujos, e é claro, ver as novas alunas do curso que nunca decepcionam. A vantagem do meu curso é essa: entra uma cabeça de mulher e uns pingados de homem. O que é ótimo, já que aumenta mais a oferta do que a concorrência.

Levantei ainda lutando e fui tomar um banho. Coloquei a primeira roupa que vi: uma blusa preta e uma calça jeans qualquer, passei um perfume e coloquei o tênis. Também peguei uma jaqueta com o símbolo da faculdade nas cores vinho e branco, porque logo no primeiro dia de aula o céu resolve amanhecer nublado, o que já é motivo pra agasalho aqui no Rio.

Minha mãe estava de plantão no hospital e eu nem ligava pra onde o meu pai tava, só queria sair logo de casa, então fui em direção a porta tirando a chave do bolso, até me assustar com gritos vindo da escada.

- Ei, você tá doido?! Ia me esquecer aqui?! - Minha irmã berra enquanto se atrapalha toda descendo com a mochila

- Caralho, nem lembrava que agora você ia comigo - falei enquanto coçava a nuca.

- Seu idiota. Só deixa eu me despedir do meu pai e já vou – revirei os olhos e caminhei pro carro

Enquanto Isabella, a mais nova caloura de direito da Reginald Pearson enrolava a ponto de me deixar mofando no carro, eu fui responder às mensagens que tinham me mandado no Whatsapp.

Fechei o celular e ri dos dois tendo uma dr.
Acabou que só respondi os garotos e ignorei as mensagens de algumas meninas, incluindo as de Melissa Scott.

Enquanto isso ouvi a porta do carro abrindo:
- Finalmente, pirralha - falei enquanto ligava o carro.

- Anda logo, eu não posso me atrasar no primeiro dia - falou procurando algo na mochila e em seguida tirando o celular.

- Você acha que hoje vai sentar a bunda na cadeira e ouvir o professor falar?- Falei segurando o riso. Ela nem escutou e isso só me dava mais vontade de rir.

Depois do almoço meus amigos já tinham se resolvido mesmo que aquilo não fosse sério, então fomos eu, Lipe e Guto ver a recepção dos calouros da odonto e, como de costume, só tinha calouras lindas. Logo quando chegamos, reparei em uma menina de tranças, toda pintada e agitada. Sem dúvidas, ela seria premiada como a caloura-destaque pela sua animação.

Enquanto isso ouço mais uma conversa dos dois:
- Caralho, a morena além de gostosa parece ser gente boa – Felipe comentou, quase a comendo com os olhos.

- Olha como você fala da mina, cara - Gustavo disse, estalando a língua e fechando a expressão.

- Ih, você conhece ela pra tá defendendo assim?! Já pode apresentar pros amigos

- N...Não to defendendo ninguém, cara – Ele disse meio incomodado - só respeita, porra!

- Vocês dois vão lá falar com a galera ou vão ficar de longe babando a mina?!- Ri e encerrei o assunto, indo pra roda de calouros e veteranos que tinha se formado.

Enquanto os dois babavam as calouras – Guto mais focado na caloura-destaque – observo quem está na roda pra cumprimentar o pessoal.

Não era nenhuma novidade que Melissa estaria ali e aquilo só me matava mais, porque sabia que ela viria falar comigo sobre as nossas pequenas diversões durante as férias.

Ela foi minha caloura quando apliquei o trote e nesse lance todo nos pegamos algumas vezes, mas ela é grudenta pra caralho e acha que a gente já tá quase num relacionamento.

Mesmo sem precisar falar, já avisei a ela que eu não sou apegado e não quero mulher nenhuma no meu pé, mas ela diz que quer o mesmo que eu, então de vez em quando revivemos momentos íntimos, mas nada além daquilo - pelo menos pra mim.

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