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Curtam o capítulo, é importante pra divulgação da história!

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- Você sabia, né?

Minha fúria misturada de desconfiança era scaneada pelos brilhantes olhos da minha amiga, que me olhava com ingenuidade e surpresa, mas com um sorriso disfarçado indicando seu lado travesso – É, ela sabia

- Do que, amiga?!

- Essa turma. É a do Vinícius - cruzo os braços

- Ele te atendeu? – assenti  enquanto observava a sua reação típica de filme adolescente acompanhado de alguns gritos - Que sorte hur, queria que minha vida fosse fácil igual à sua.

- Camila, você tinha que ter me avisado!

- Amiga, ia te avisar que em uma turma de mais de 50 alunos, talvez, só talvez, você fosse atendida pelo cara que deu em cima de você?

- Óbvio?!

A morena revirou os olhos e, enquanto andávamos, olhava para o céu como se estivesse pensando em algo, e estava, pensando em como me perguntar sobre o "encontro" que acabei de ter com Vinicius.

- Então... - Cami diz me olhando e esperando que eu finalizasse a história.

- Ele olhou minha boca né.

- Disso eu sei, né Bruna. Mas não rolou nada?

- Cami, nós estávamos em uma consulta e ele mandou eu escovar os dentes.

Ela riu de forma nenhum pouco discreta enquanto entrávamos no ônibus, fazendo com que os poucos passageiros do transporte nos encarassem.

- E ele falou do meu cordão... – Camila parou de rir e me olhou concentrada – ele disse que encontrou um parecido na festa dos calouros. Vamos nos encontrar depois pra ver se é o meu.

- Sério? – sua cara era um misto de surpresa com euforia – Viu, até que foi bom ser atendida por ele. Além de uma consulta ainda achou o seu colar e de quebra arrumou um encontro. - disse subindo os dedos indicador, médio e anelar, respectivamente, contando as vantagens que Camila criou nessa situação na ponta dos dedos.

Enquanto Cami zombava da minha cara eu só conseguia lembrar de cada instante perto dele. Dos seus olhos mais fechados enquanto ria por descobrir meu nome ou do seu sorriso que literalmente eram dignos de uma propaganda da colgate.

Então comecei a pensar sobre essa coincidência, ou da linha tênue entre coincidência e destino. Claro, tudo isso era uma coincidência, assim como tudo que acontece nesse mundo. Mas o destino não é nada mais do que como você se aproveita das coincidências da sua vida. O que é mais estranho é que esse era o acaso mais fadado a destino que tinha me acontecido. E, entre tudo que aconteceu, qual a chance desse cordão ter parado justo na mão dele? Por que ele? Por que Vinicius Walker?

Espero que seja só uma coincidência.

- Vamos pra minha casa? A faculdade acabou com as nossas noites de filme. - Camila quebra o silêncio e os meus pensamentos.

- Você sabe que a gente tá cheia de prova vindo, certo? - sorrio enquanto Camila implora com os olhos para que eu ignore os fatos, mas já sei que não vou recusar o convite de Camila que incluia me encher de guloseimas que sempre estão postas na casa dela.

Agora, tirando todas essas ideias e assuntos sobre homem da cabeça, estávamos só eu e Camila chegando na casa dos Muniz, que me traz uma estranha paz sempre; Talvez seja pelo cheiro de biscoitos que já se tornou um aroma natural da casa, ou pelos pais da Camila que, sinceramente, são uns segundos pais pra mim - No caso, a mãe da Camila é a minha única mãe nessa situação.

Entrando na casa já recebi um abraço apertado da dona Ana; mesmo que não goste de demonstrações amorosas, o abraço dela é sempre irrecusável.

- Então essa é a noite das garotas! - ela diz com animação enquanto limpa as mãos no avental. Sua pele escura brilha na região da maçã do rosto, mesmo com alguns pingos do que parece ser chocolate - seu pai ainda está no trabalho, então hoje é só a gente e nenhum homem pra nos encher.

- Finalmente, Bruna só sabe falar do dentista que atendeu ela - Camila me olha com um sorriso malicioso na boca. Dou um tapa no seu braço e ela faz uma cara de dor enquanto acaricia a região "dolorida"; nem foi tão forte.

Com esse comentário, Camila me fez contar toda a história pra dona Ana, que também bateu no braço da filha com razão. Conversamos até das outras festas - mesmo que ela já soubesse a maioria, Camila conta tudo para a mãe e sinceramente elas parecem mais irmãs do que mãe e filha, elas conversam sobre tudo, sim, esse tudo.

Acabamos vendo Amor e outras drogas, de novo. Já perdi as contas de quantas vezes já vimos esse filme e em todas elas Cami e tia Ana se emocionam.

Eu gosto — não estou falando do filme, é impossível não gostar de qualquer filme com a Anne Hathaway; falo dessa relação.

Mesmo que conheça Camila só desde o ensino médio, ela parece me conhecer desde pequena, e nem preciso falar da tia Ana que me chama pra cá pra vê-la mesmo que sua filha não esteja. Isso me traz lembranças. Lembranças que matam por dentro. Parece que ela me conhece desde pequena, mas não conhece. Isso me lembra uma história e uma pessoa, o que faz meu corpo arrepiar. Me lembra alguém que eu não posso mais ter, não posso mais contar.

É foda demais como as coisas mudam de uns anos pra cá, eu nunca me imaginava assim anos depois de tudo. E eu tento não me prender aos meus pensamentos do passado, mas parece que eles sempre encontram formas de aparecer de novo. Eu não tento esquecê-los, mas tento não viver propícia a eles. Eu preciso estar no controle, mas agora meus olhos já se enchem de água de maneira impensada.

E agora somos três garotas emocionadas, mas não pelo mesmo motivo.

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A Lua que carrego Onde histórias criam vida. Descubra agora