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Curtam o capítulo, é importante pra divulgação da história!

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BRUNA BELLINI

O clima manso que conserva-se entre as prateleiras de madeiras cheias de livros com capa dura e edições limitadas me preenchia por completo. Meus passos pareciam um pouco com de uma criança prestes a encontrar seu tesouro perdido na prateleira de Direito Penal. Tudo bem que sou uma pessoa indecisa o suficiente para me imaginar em todos os ramos do meu curso, mas qualquer estudante de Direito em sã consciência se imagina ganhando um caso no tribunal com a toga* gigante à espera do martelo ser batido pelo juiz – mesmo isso sendo mais fictício do que a realidade dos tribunais.

Passei a mão por alguns que não me encantaram tanto, até alcançar a literatura clássica de Harper Lee, "O sol é para todos", e me tomar de curiosidade sobre a história que permeia a discussão entre raça e classe e hipocrisia e heroísmo. O puxo da prateleira pela lombada e, por incrível que pareça, o objeto não possuía nenhuma poeira visível na capa - os responsáveis ​​por esse lugar não brincam em serviço.

Com o peso aberto em mãos e folheando cada página, caminhei até uma das mesas de estudos que, advinhe, também eram de madeiras. Soltei minha mochila no chão ainda com os olhos vidrados nas páginas amareladas e início minha leitura com concentração total às linhas escritas.

De repente, vejo uma sombra sentar-se na cadeira em frente e me fazer soltar uma espécie de grito abafado com o susto que levo. Subi os olhos e encontrei o rosto com um riso estampado soar um "Bu" baixo.

Alguns olhos se voltam para nós e, nesse instante, fito rapidamente a bibliotecária Sara, que ainda não tinha percebido a presença barulhenta de Vinicius no ambiente, me fazendo relaxar um pouco os ombros.

- O que tá fazendo aqui? - me apoiei na mesa, me aproximando dele, e sussurrei para que ninguém reclamasse da nossa conversa que, mesmo baixa, parecia ser gritada pela mudez do local.

- Trouxe café - ele sobe rápido um copo de papel que estava em sua mão debaixo da mesa e o abaixa na mesma velocidade para que não fosse visto por ninguém além de mim.

- Você tá maluco?! se a Sr. Winter ver isso ...

- Eu sei, eu sei. Por isso que ela não vai ver. – diz com truísmo - Já terminou de ler esse livro chato?! - seus olhos desceram para o livro em minha frente, expressando puramente desgosto pelo desconhecido.

- Eu acabei de chegar. E um insulto ao meu livro é um insulto à mim também.

- Tanto faz - fez um movimento de indiferença com os ombros - bom, se você não começou a ler significa que não te atrapalhei. Agora vamos?

O encarei levantando uma das sobrancelhas. Não acredito que ele veio me tirar uma paz no lugar mais calmo da universidade.

- O café ainda está quente...

- As coisas não funcionam assim, Walker.

Mas infelizmente funcionavam. Não sei como ele sabia que um café me comprava facilmente. Fechei o livro e o empurrei para o canto da mesa, já sentindo o silêncio da biblioteca se tornar incômodo. Coloquei a mochila nos ombros, indo em direção à saída. Vinicius me acompanhou com passos desengonçados na tentativa de esconder os dois copos nas mãos dos olhos mortíferos da Sra. Winter.

Pareceu funcionar.

Passando pelo batente, ele volta com seu andar despojado e me entrega um dos copos que eu já ansiava pelo aroma forte e quente.

A Lua que carrego Onde histórias criam vida. Descubra agora