Esse capítulo é um pouco delicado, mas achei importante por mostrar como Bruna é forte e
intensa, então é isso espero que gostem ✨🌙
Nossa pele passa por uma renovação constante. 28 dias são o suficiente para todas as células serem trocadas por novas e assim você é, de certa forma, diferente que há 1 mês atrás. Há todo instante temos uma parte de nós morrendo enquanto outras vivem.
É como me sinto agora. Tudo parece muito novo. Há um mês atrás eu não me imaginava aqui. Me imaginava na faculdade, claro, mas nunca curtindo as festas e dormindo na casa de uma amiga que, por mais que a amizade seja recente, era confiável.
Ok, talvez a parte das festas eu sabia por parte, já que Camila me levaria pra algumas – mas não tantas.
Com todas as mudanças que vem acontecendo na minha vida tudo me desperta uma insegurança por estar vivendo algo completamente diferente do que eu planejava, ou do que eu sabia ser possível. De certa forma, é uma sensação que eu curto, mas muitas vezes me deixa ansiosa e com pensamentos flutuantes demais para agora.
Na verdade eu sempre fui uma completa confusão e pensar sobre isso só me fazia me sentir pior. Isso sem dúvidas se intensificava em período de provas, ou depois delas – que irônico, é o momento exato. Depois da festa de ontem na casa de um dos garotos (acho que Felipe), tudo aconteceu de forma ainda mais acelerada. Bebidas, dança, Isabela carregada, carro, transe, Vinicius, louça, mármore gelado e "escove os dentes". Todo o episódio parecia como flashes pra mim, mas eu lembrava de cada detalhe.
Quando acordamos com alguns vestígios da noite passada, eu e Camila decidimos pegar o Uber logo de manhã, já que pra mim qualquer momento a mais naquela casa era um risco. No caso de Camila, a destruição da noite já era motivo suficiente para querer ir embora.
Agora, em casa, estou na cama pensando sobre tudo isso enquanto olho para o teto. É evidente que minha vida parece uma série, e nem todos os episódios são tão alternativos quanto o de ontem.
Dias como esse podem me fazer sentir bem em ver como estou evoluindo, por hora, mas me fazem sentir sendo mais alguém que não seja tanto eu assim. Alguém que eu fui ensinada a ser além da Bruna. Isso não é algo triste, só é... angustiante.
Sentir como se fosse alguém diferente todos os dias. De fato, talvez sejamos segundo à biologia. Mas não estou sendo ninguém além de mim cada vez que levanto da minha cama no canto do quarto de paredes de mesmo tom azulado.
As circunstâncias parecem agir muito mais sobre os meus dias do que eu mesmo ultimamente e isso, de novo, me causa angústia. Eu queria levantar para tentar mudar o que eu estou sentindo. Tentar lembrar para que e para quem estou aqui. Parar de retornar sempre à mesma cama fria com os olhos ao teto.
Subi as minhas mãos no meu rosto e passei nos meus olhos fechados tentando afastar todos os pensamentos que ainda se passavam na minha mente, mas não pareceu adiantar.
De repente ouvi o som do meu celular tocar e vibrar contra a cabeceira da cama. Talvez seja Isabela querendo saber se chegamos bem ou Pedro querendo a atualização do dia anterior – difícil ser ele, pois mandaria mensagem ao invés de ligar.
Peguei o celular ainda hesitante e olhei a interface do celular. Arqueei as sobrancelhas ao não reconhecer o número. Pensei em desligar e continuar no meu silêncio dentro do quarto, mas a ligação também serviu para me despertar da cama.
- Alô?
- Vejo que continua se escondendo de mim, srtª Bellini. – sentei na cama, mais como um impulso do quão surpresa eu estava. A voz rouca de Vinicius era inconfundível.
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A Lua que carrego
RomanceAos 18 anos, Bruna Bellini realizou o sonho de passar na Universidade Federal Reginald Pearson, uma das maiores faculdades de Direito do Rio de Janeiro. Desde o primeiro segundo na faculdade, ela percebe que não será nada como havia planejado - e tu...