Curtam o capítulo, é importante pra divulgação da história!
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- Chegou tarde
- Pra felicidade de alguns.. – sussurrei, mas ainda permitindo que ele escutasse
- Não fico feliz que você não tenha vindo para o jantar, filho
- Também não fico feliz de você estar no jantar, por isso não vim – virei para ele e sorri de forma irônica. O mesmo revirou os olhos.
- Eu sou o pai de vocês, você e seu irmão são tão ignorantes que... – Estava subindo um calor no meu corpo. Não sabia se ainda era o efeito do álcool ou cada palavra que saia da boca do cara de cabelos grisalhos.
- Pai? Você não merece ser chamado assim, nunca mereceu. – já estava cuspindo as palavras com o sangue quente circulando nas veias
- Olha como você fala comigo, senão...
- Senão o que? – Ouvi a voz que me aliviou por um instante. Raphael estava encarando o cara que antes fora nosso pai, acompanhado da nossa mãe que estava incrivelmente arrumada e assustada. – Senão vai levantar a mão para ele?
Vi minha mãe puxando o braço do meu irmão como um apelo para que ele parasse. O pior de toda essa situação era ver como ela ficava.
Não precisou de muito para Adam sumir da nossa frente e se enfiar no escritório.
Rapha já tava de saída, mas depois desse estresse acabou ficando um pouco mais com a gente e nós dois conseguimos conversar como anos atrás – e como eu tava com saudade disso.
BRUNA BELLINIAs últimas semanas foram torturantes. Além da faculdade, que eu já sabia que sofreria um pouco, não achei meu colar – mesmo revirando a casa para achá-lo. Isso me deixou triste, mas também me mostrou o quanto tenho pessoas maravilhosas perto de mim, porque Pedro e Camila me deram um cordão igualzinho.
Achei a coisa mais fofa, só que a única parte que eles não sabiam era o valor sentimental que aquilo tinha pra mim. Fiquei boba pelo que fizeram e tomei coragem pra contá-los. Nesse dia eu me senti acolhida pelos dois que agora sabiam uma das partes mais difíceis da minha vida.
Um mês de aula e agora indo pra faculdade aceitei ajudar Camila com uma de suas maluquices: os alunos dos períodos mais avançados de odonto precisavam de pacientes para bater uma meta de atendimentos. Ela não me explicou direito, mas eu que não ia recusar uma consulta de graça.
Entrei no gigante prédio acompanhado da Cami, que parecia estar mais ansiosa pra consulta que eu, enquanto segurava o meu semelhante cordão de lua e com a cabeça pensando nas eternas matérias que eu precisava estudar para a prova de Teoria do Estado.
Me sentei em uma das cadeiras geladas da sala de espera e Cami disse que teria aula agora, então me encontraria depois da consulta.
Os alunos apareciam na porta e chamavam os nomes, era quase um processo mecanizado. Josh, Ana, Maria, José.... minha atenção já tinha ido embora.
- Bruna Bellini.
Um silêncio na sala até ele repetir em tom mais alto
- Bruna Bellini!
Que vergonha
- Aqui! – disse recolhendo as minhas coisas e caminhando olhando pro chão - Me desculpe eu tava distraí... – ouvi uma risada vinda do dentista. Essa risada não me era tão estranha assim.
Levantei o meu olhar para ele. Droga, tinha que ser ele?
- Então a senhorita misteriosa se chama Bruna Bellini? – ele sorriu de forma debochada pra mim, que só conseguia pensar em um plano de fuga.
- Não acredito.
- Nem eu. Achei que seria mais difícil - debochado – Então, é sua primeira consulta? – assenti com a cabeça enquanto ele me guiava até a cadeira – Sorte que o melhor aluno da turma que vai te atender.
- Então não vai ser você que vai me atender? Ufa - simulei um alívio.
- A sua sorte é que eu não guardo rancor, Bru.na – Enfatizou meu nome. Eu me esforcei tanto pra isso acontecer assim?
Ele colocou um negócio para deixar a minha boca aberta e... lá estava eu, com todos os dentes aparentes. Como se não fosse o suficiente ele descobrir o meu nome que, querendo ou não, era uma forma dele me achar, eu tinha que passar por essa vergonha.
Quer dizer, o problema é ser o Vinicius. Ele deu em cima de mim semanas atrás e agora ele ta entrando na minha boca da única forma que eu não imaginei. E se ele achar alguma coisa na minha boca eu só consigo imaginar ele tendo nojo.
Vinicius se aproximou de mim e, sem perceber, meus olhos fitavam cada detalhe seu, como seus lindos olhos castanhos, sua pele que parecia ser macia e, que inferno, até de máscara o cara era bonito.
E a única coisa que me preocupava nesse momento era se eu estava com bafo.
- Seus dentes são lindos e saudáveis. – disse me encarando e me livrando daquela tortura - Que pena, se você tivesse uma cárie pelo menos viria mais vezes aqui.
- Foi a coisa mais linda que alguém já disse pra mim – falei assim que Vinicius retirou o objeto que já deixava minhas bochechas doloridas e me ajeitando na cadeira, tentando não expressar nenhuma reação – Posso ir?
- Espera
- O que? – Ele olhava pro meu pescoço, o que era muito, muito estranho. Comecei a pensar na possibilidade dele ter visto um chupão mesmo sabendo que não tinha nada ali – Que foi?
- Nada, é que esse cordão... ele é familiar
- Han?
- Ah eu achei um parecido com esse.
- QUE? Quando? Onde?- Disse num impulso
- Na festa de recepção. Porque?
- Não acredito.
- Só sabe falar isso? – riu.
- Eu acho que é meu. Eu tenho quase certeza que é meu.
- Como se o seu tá no seu pescoço? – ele riu de toda a situação. Era bem mais complicados do que parecia.
- Depois eu te explico. Mas você tá com ele aí? Preciso saber se é realmente o meu.
- Calma nervosinha – ele continua rindo, enquanto eu permaneço séria e nervosa sob seus olhos – Descobrir seu nome foi uma missão e agora você quer que eu entregue seu cordâo de bandeja?!
- É diferente! Isso é roubo, você sabe né?
- Claro que não, na verdade vai ser uma troca. – a cara de malicioso já deixava tudo claro enquanto ele retirava as luvas de látex da mão e colocava um novo par - Depois a gente se encontra e resolve isso ok? Agora preciso voltar a atender.
Bufo, pego minha mochila enquanto ando em direção à porta do consultório.
- Ah – Me viro para ele já esperando que falasse alguma merda – vê se escova os dentes, senhorita Bruna.
Pera, isso significa que eu to com bafo?!!
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A Lua que carrego
RomanceAos 18 anos, Bruna Bellini realizou o sonho de passar na Universidade Federal Reginald Pearson, uma das maiores faculdades de Direito do Rio de Janeiro. Desde o primeiro segundo na faculdade, ela percebe que não será nada como havia planejado - e tu...