Uma Chance Para O Amor {Vmin}

Retorno à Seoul

Aeroporto de Seoul- 19:45pm

Lá estava, a minha amada Coreia do Sul, durante três anos que fiquei fora do país parece que continua a mesma cidade: bela, pequena e aconchegante. E claro, apaixonante. Quando saí do avião, fui observando cada detalhe com cuidado, eu fiquei fora somente três  anos, mas senti que foram apenas três semanas porque tudo continuava igual.

Eu chamei um táxi e coloquei minhas malas e entrei no mesmo, não pude deixar de dar um longo e pesado suspiro. Não me sentia feliz por ter voltado, mas também não me sentia triste. Me sentia indiferente.

- Para onde vamos, senhor?- Perguntou o taxista enquanto o olhava pelo retrovisor.

- Para Itaewon, por favor. Se não se incomodar, poderia ir um pouco mais rápida ? - Digo. - Gostaria de chegar em casa para descansar, tive uma longa viagem - Respondi sendo direto e calmo, queria chegar apenas em casa.

O motorista apenas assentiu e deu partida no carro. Enquanto ele dirigia, eu observava as pessoas pela janela do carro e pensava o que se passava na mente delas, se estavam indo para casa, se estavam felizes, se estavam tristes. Eu não podia parar de pensar e isso não era bom para minha mente, eu não podia ter esses tipos de pensamentos.

Havia se passado tantas coisas que não acreditava que consegui voltar para a casa depois de anos, o ar gélido do outro país ainda estava impregnado em mim. Se não fosse pela morte do vovô, talvez não voltaria tão cedo para cá.

- Senhor? - Me chamou. - Irei ter que diminuir a velocidade devido ao que aconteceu ali na frente.

- Está tudo bem.

A voz do motorista me tirou totalmente dos meus pensamentos, voltei a minha atenção a grande aglomeração de pessoas e a ambulância que tinha na nossa frente. Eu pude perceber um corpo de um homem jogado na rua, ao lado dele havia uma arma e uma poça de sangue. O homem havia dado um tiro na cabeça, no meio da rua, fiquei encarando aquela cena por longos segundos até virar o rosto para o outro lado e sacudindo a cabeça pra não ver.
Eu senti um nervosismo conhecido, uma pequena tremenda na mão, eu sabia o que era. Em minha bolsa, peguei um frasco de remédio e tomei duas pílulas com um gole da minha garrafa d'água e respirei fundo 3 vezes.

"Apenas finja que nada aconteceu"

Esse foi meu pensamento de escape, voltei a abrir meus olhos e o táxi estava relativamente longe daquela cena apavorosa. Apenas foquei no meu objetivo aos retornar para Seoul, e o único: Conseguir administrar a herança que herdei de meu falecido avô, algo que na prática é muito mais difícil do que parece de verdade.

(...)

- Tome, fique com o troco para você- Disse ao taxista que deu um largo sorriso.

- Oh, muito obrigado! O senhor é muito gentil, tenha um bom dia! - Apenas sorri de volta. Era bom ser o motivo da felicidade de alguém, ainda que momentânea.

Quando entrei no meu apartamento, senti uma explosão de sentimentos: felicidade, raiva, saudades. Tive um flashback de tantas lembranças e memórias, incluindo as que eu não queria, as memórias que tanto lutei para esquecer nesses 3 anos fora do país. Coloquei as malas em um canto qualquer, peguei novamente a minha carteira e saí daquele local que mesmo sendo incrivelmente grande, me pareceu pequeno, apertado e sufocante. Achei que seria normal a volta, mas seria tudo! Menos normal.