Pequenos progressos

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Chequei o meu delineado pela décima vez no espelho. Os dois lados estavam certos.  Eu estava pronta.

Soltei o ar.

Já tinha começado a me arrepender de ter aceitado sair com Artur, mas era tarde demais.

Olhei as horas no meu celular e suspirei. Faltavam alguns minutos para ele chegar e tudo que eu queria fazer era cancelar e bater à porta do apartamento da frente para convidar Bryan para fazer qualquer coisa, até assistir corrida de lesma.

Sabia que não era justo com Artur porque ele era um cara legal, mas eu sabia que estava me enganando. Eu não tinha interesse algum nele. Então eu usaria aquele encontro como forma de dizer "Obrigada, mas acho melhor sermos apenas amigos".

Outra razão, uma que eu não ousava admitir em voz alta, era que Bryan e eu estávamos mais próximos desde sábado.

Sorri e as lembranças dos últimas dias me tomaram em uma torrente, especialmente sábado.

O bar finalmente tinha fechado e meus músculos todos protestavam por ter ficado em pé servindo depois dos exercícios que tinha feito de manhã. Tudo que eu queria era chegar em casa, tomar um banho quentinho e cair na cama.

Me despedi dos meus colegas de trabalho e me preparei para tomar o caminho do apartamento.

O céu estava escuro e encoberto por nuvens pesadas e o clima de inverno já tomava conta da cidade e me amaldiçoei por não ter pego casaco quando saí apressada de casa.

Cansada e preocupada como estava, eu não percebi a figura encapuzada encostada à parede até estar ao lado dela.

Gritei.

— Ei, sou eu! — Bryan chamou abaixando o capuz para revelar seu rosto anguloso e absurdamente bonito como o de um modelo.

Levei as mãos ao coração como se assim pudesse acalmar suas batidas frenéticas.

— O que você acha que está fazendo aqui vestido igual um stalker de filme de terror?

Bryan ergueu os olhos para o céu escuro, mas um sorriso curvou seus lábios para cima.

— Vim te escoltar para casa — esclareceu em voz baixa, desviando o olhar. — É perigoso andar por aqui e não acho que você esteja preparada para enfrentar alguém sozinha.

O calor que senti dentro do coração pareceu afastar o frio da madrugada enquanto eu encarava seu rosto sério e preocupado.

Levei as mãos ao peito, tocada por seu gesto. O susto já estava totalmente esquecido.

Bryan pegou a minha mão e caminhamos lado a lado pelas ruas desertas. Eu estava tão perto dele que seu cheiro de sabonete e perfume masculino me envolveram.

— Você saiu? — questionei mordendo a unha do polegar, analisando suas roupas. Bryan vestia um conjunto de moletom cinza e tênis esportivo.

Ele assentiu e desviou o olhar para a rua ao nosso redor. Tudo estava tão silencioso que eu tinha a impressão de que éramos as duas últimas pessoas vivas no planeta.

— Eu gosto de treinar à noite. Não tem muita gente — explicou baixinho correndo os dedos pelos cabelos úmidos do banho. — Como a casa dos meus tios é pertinho daqui eu tomei banho por lá e vim te esperar.

— Mesmo não gostando você aceitou me treinar de tarde? — observei snetindo o carinho que eu tinha por Bryan crescer ainda mais.

Bryan assentiu brincando com os meus dedos como se não tivesse noção do que estava fazendo.

Rosas Azuis [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora