Tensão

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Continuei sozinha no sofá da sala pelo que poderia ter sido horas inteiras, remoendo tudo que Bryan tinha me dito, ainda abraçada a uma almofada.

Ele estava sendo chantageado como eu. meu coração doía com a vontade de ligar para ele e pedir para ele vir para o apartamento, pedir para ele me beijar e nunca mais parar. Mas eu não podia ainda.

Eu sabia que só estava aumentando o sofrimento de B, mas eu queria encerrar aquela história definitivamente, para então seguir em frente com Bryan. Eu não sabia onde, nem como. Mas sabia que ele estaria ao meu lado se eu pedisse.

Meu coração estava dividido entre o que eu queria — Bryan — e o que era certo — acabar com a chantagem.

Pensei em escrever as opções em uma folha e sortear para descobrir o que faria.

Talvez eu devesse ligar para Tati e pedir para ela tirar no tarô o que eu deveria fazer. Já tinha ouvido falar de tarólogos que atendiam online, talvez a minha amiga pegasse o antigo deck de cartas apenas para me ajudar dessa vez.

A campainha tocou, me tirando desses devaneios e suspirei antes de atender o interfone.

— Oi — eu disse.

— Oi — veio a voz feminina um pouco abafada e trêmula do outro lado. Eu conhecia bem demais uma voz de choro para confundir aquele som com qualquer outra coisa. — A Tati tá aí? é a Sofia.

— Ela ainda está no estágio — respondi dando de ombros embora a menina não pudesse ver. — Quer subir?

— Imagina — respondeu baixinho. — Não quero incomodar, eu só precisava conversar com alguém, mas posso me virar.

— Não incomoda — intervi antes que ela decidisse ir embora e me deixar sozinha com os meus pensamentos. — Na verdade vai ser ótimo pensar em alguma coisa produtiva.

Apertei o botão que abria a porta e olhei pela janela a tempo de ver os cachos castanhos da garota passando pela porta.

Alguns minutos depois ela bateu na porta do apartamento.

— Desculpa invadir assim — ela fungou. — Eu precisava conversar com alguém, mas a Dani viajou com o Lucas, e a Mel tá ocupada em Nova Iorque, a doutora Anahí também está ocupada e eu... — ela se cortou e um sonzinho esganiçado saiu pelos seus lábios. — Eu preciso de alguém.

Ela fungou outra vez e começou a chorar.

Sem saber muito bem o que fazer, dei tapinhas desajeitados em seu ombro.

— Sei que não nos conhecemos muito bem — sussurrei fazendo carinho no seu ombro. — Mas você pode conversar comigo. Eu sou uma excelente ouvinte.

Ela fungou novamente.

— Parece que tá tudo em cima de mim, sabe? — disse baixinho brincando com o seu anel de compromisso, girando a aliança prateada no dedo. — O casamento é daqui cinco meses e só eu pareço estar me preocupando com as coisas. O Dan diz que quer eu eu faça tudo porque quer que eu fique feliz e tudo saia do meu jeito, mas eu não quero tudo do meu jeito! É o nosso casamento. A nossa noite.

Sofia ergueu o olhar na minha direção, revoltada.

— Sabe qual foi a única coisa que Dan escolheu para o casamento? O telão — contou antes que eu perguntasse. — Um telão, Yasmin! Eu tive que escolher desde a cor das toalhas de mesa até a decoração do interior da casa onde vai ser a cerimônia. Eu tive que escolher o número de flores em cada arranjo de mesa!

Ela começou a meio rir e meio chorar, completamente fora de si e eu dei tapinhas em seu ombro, sem jeito.

— Não fica assim — pedi acariciando seu ombro. — Tenho certeza que o Dan fez isso querendo que o casamento fosse do seu jeito. O cara parece ser louco por você.

Rosas Azuis [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora