Eu estava queimando. Todo o meu corpo estava mergulhado em fogo, mas o ardor não era doloroso, muito pelo contrário.
Tomada por arrepios quentes e deliciosos, deslizei as mãos sobre a pele macia e quente que me envolvia, acompanhando com a ponta dos dedos os relevos do peito largo, onde o coração batia tão rápido e forte quanto o meu, em uma necessidade que ia muito além do físico.
O calor se concentrou em meu baixo-ventre quando senti uma suave pontada entre minhas coxas e eu remexi os quadris, nos encaixando apesar das camadas de roupa.
Um gemido profundo reverberou no fundo de sua garganta, intensificando a dor entre minhas coxas, onde eu latejava por ele. Mãos grandes e vigorosas se encaixaram em minhas costelas, e com um gesto suave me fez subir sobre ele. Passei uma perna de cada lado da sua cintura.
Abri os olhos de súbito, atordoada, ofegante, e me deparei com a expressão faminta e desesperada do homem diante de mim, me deixando ainda mais desesperadamente quente. Me inclinei para a frente e o beijei mais uma vez. Todo o seu corpo se enrijeceu sob mim.
A próxima coisa que registrei foi bater contra o chão frio.
— Ai — choraminguei esfregando a cabeça.
— Mimi! — Bryan chamou pulando para o meu lado com a voz cheia de horror. — Meu Deus, desculpa.
Ele estendeu a mão para me ajudar a subir outra vez na cama e me sentei ao seu lado me sentindo humilhada. Pela pouca luz entrando pela janela, vi que seu pescoço, rosto e orelhas estavam muito vermelhos.
Desviei o olhar para a janela, sem saber o que fazer ou dizer.
Pelo canto do olho vi que Bryan pegou o travesseiro que ele estava usando e colocou sobre os quadris, cobrindo a sua ereção matinal.
Ele estava sem camisa, deixando seu peito tatuado exposto e precisei refrear a vontade de passar os dedos pelos desenhos gravados na pele. A calça jeans tinha desaparecido e sido substituída por um calção esportivo de tecido leve, por isso eu não tive dificuldade para sentir... Mordi o lábio inferior e senti o calor inundas as minhas bohechas o pensar no que tinha acabado de acontecer.
Dei uma olhadela na direção de Bryan. Ele estava com a cabeça baixa e eu o vi esfregar a nuca, bagunçando ainda mais o cabelo castanho. Minhas mãos formigaram com a vontade de correr os dedos pelos fios macios, mas, em vez disso, as fechei em punhos cerrados.
Nenhum de nós falou nada pelo que poderia ser uma eternidade inteira e meu celular tocou com o despertador.
Limpei a garganta e dei uma olhada ao redor do quarto. Localizei meus tênis sob a cadeira da sua escrivaninha e a minha bolsa sobre ela.
Como ele não parecia muito disposto a conversar — ou olhar na minha cara — eu tomei a iniciativa:
— Bom, é melhor eu ir pra casa — murmurei pulando da cama para pegar as minhas coisas. Como eu morava do outro lado do corredor e teria que tomar um banho para a ir para a faculdade, não me importei em calçar os sapatos. — Obrigada pelo filme e por... — me interrompi vendo como ele se encolheu.
Bryan se levantou também.
Ele mexeu na escrivaninha, pegando sua chave do apartamento.
— Vou abrir para você — explicou baixinho sem olhar na minha direção. Ele girou a chave na porta do quarto e indicou o corredor para mim como um cavalheiro.
Quando alcançamos a sala, vi Johnny jogado no sofá diante da televisão, onde passava jogo que eu tinha quase certeza de ser futebol americano. O meu veterano soltou um suave ronco, mas seus cílios escuros tremularam por um segundo e tive a terrível sensação de que ele estava fingindo dormir. Prova número um: ele estava cheirando a sabonete. Prova número dois: estava de tênis e sua mochila estava sobre sua barriga.

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Rosas Azuis [CONCLUÍDA]
RomanceYasmin e Bryan são melhores amigos desde o nascimento e sempre fizeram tudo juntos. Um dos maiores passatempos da dupla era assistir a filmes e torcer pelos casais do cinema. No entanto, a família de Yasmin não tem nada de cinematográfica. Quando o...