Ansiedade

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Fiquei olhando para a cara do professor de Química durante a aula sem realmente entender o que ele estava falando enquanto eu ensaiava o discurso que eu faria para Bryan contando sobre a chantagem.

Talvez fosse bobeira minha, mas eu não queria parecer uma idiota na frente dele. Não queria estragar tudo entre nós de novo naquela segunda chance que a vida me deu.

Eu amava Bryan e sabia que o sentimento era recíproco, porém eu sabia que ouvir o que ue tinha a dizer seria complicado. A maioria das garotas tem ex-namorados babacas que não saem do pé, eu tinha um pai chantagista.

Ergui os olhos para o relógio redondo acima da lousa. Era possível que só tivesse se passado meia hora? O tempo deveria etsar andando para trás de tão lento que passava naquela sala!

— Yasmin? Alô? — Hannah chamou estalando os dedos na frente dos meus olhos e virei o rosto para o lado dela, franzindo as sobrancelhas ao notar que a garota parecia bastante preocupada comigo, com as sobrancelhasde um castanho claro franzidas sobre os olhos praticamente da mesma cor.

— Oi? — perguntei por fim piscando algumas vezes para me concentrar no mundo real, fora da minha cabeça.

— Você ouviu uma palavra do que eu disse? — questionou inclinando a cabeça e senti meu rosto se inundar de calor.

Neguei com a cabeça e a minha amiga soltou um suspiro desgastado passando os dedos pelos fios do cabelo ondulado e presos em um rabo de cavalo comportado.

— Eu perguntei como foi a sua noite ontem — esclareceu erguendo as sobrancelhas castanhas sugestivamente. — A Barbie disse que ouviu de alguém que você passou mal.

Deus, as fofocas corriam como fogo em palha seca naquela cidade! Estremeci pensando nisso, em como as coisas poderiam facilmente chegar aos ouvidos do meu pai. Ese eu estivesse condenando Bryan por contar sobre a chantagem para ele?

— Foi tudo bem — disse para Hannah, dando de ombros mas sentindo meu coração se apertar dolorosamente dentro do peito. — O Bryan estava exagerando.

Hannah se inclinou mais para frente e comecei a contar sobre ter sido abordada por um bandido — ela não precisava saber que o bandido era o meu pai, não é? — e que Bryan tinha me encontrado e levado para casa depois de conversar com o meu chefe.

Como o esperado o rosto da minha amiga ficou todo vermelho quando eu narrei por cima o que aconteceu com o nosso "filme".

Hannah cobriu o rosto, envergonhada.

— Eu não acredito que vocês dois.... — ela abriu a boca mas nenhum som saiu dos seus lábios. Seu rosto passou de vermelho para roxo, dando a impressão de que ela ia sufocar.

— Pois é — concordei também um pouco vermelha. Eu me considerava um pouco púdica, mas Hannah era um nível completamente novo. — E você está saindo com alguém? — cutuquei só para ver ela ficar ainda mais envergonhada.

Para a minha surpresa, minha amiga não respondeu, o que para mim era um imenso sim.

— Sério? — perguntei bastante interessada. Qualquer coisa para mudar a direção dos meus pensamentos.

— Não é nada demais — ela fungou com pesar. — De toda forma nunca daria certo.

Franzi as sobrancelhas diante do seu tom completamente sofrido.

— E por que não? — desafiei com gentileza.

Hannah ergueu os ombros.

— Os meus pais nunca aprovariam — contou brincando com a sua caneta simples entre os dedos. — Eles ainda não me perdoaram pelo piercing, imagina se eu digo a eles que... — ela se interrompeu e balançou a cabeça. — Eu sou tudo que os meus pais têm, não posso e não vou decepcionar eles mais que já decepcionei.

Rosas Azuis [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora