— Como assim? — Yuri perguntou. Todos entenderam exatamente o que Fernando havia dito; a pergunta foi para ganharem os segundos necessários para tentarem ao menos começar a entender como ele conseguiria executar um plano tão teatral.
— Assim sendo! A gente tem que encontrar um jeito de fazer eles confessarem e gravar isso e mandar pra diretora! Não tem outra solução.
— Tá, e como você acha que a gente vai conseguir fazer uma coisa dessas?—Aliás, "a gente" não, né, você, porque eu não ouso chegar nem perto desses moleques. — Rafaela fez uma careta e até se afastou da mesa ao se imaginar envolvida com um esquema como aquele.
— Não, essa parte pode deixar comigo, eu só preciso pensar em como chegar neles. Como, quando, onde...
— Não sei, não, Fê, eu acho muito perigoso... — Yuri ponderou. — Agora que a gente viu do que eles são capazes, eu tenho medo de sobrar pra você.
— O Yuri tem razão, Fê — Marina concordou. — Mas... você também tem. Seria a única solução, agora.
— Tá, mas como?!
— Não sei ainda, vocês têm que me ajudar a pensar. Eu posso pegar o celular, colocar no bolso da blusa de frio e deixar gravando a conversa, isso não é o problema; o problema é como fazer eles confessarem. Marina, você que é boa nisso, me ajuda.
— Não sei... — Marina levou a unha do dedão esquerdo à boca, mordiscando os cantos, fitando o centro da mesa enquanto tentava maquinar alguma ideia. — Talvez... Não sei... porque não adianta perguntar se foram eles, que eles não vão responder; você tinha que dar um jeito de fazer eles admitirem sem você ter que perguntar.
— Ah, mas isso é fácil — Yuri disse, atraindo todos os olhares. — É só chegar neles já sabendo que foram eles mesmo. Tipo, em vez de perguntar "Foram vocês que fizeram isso?", pergunta "Por que vocês fizeram isso?" ou alguma coisa nesse sentido.
— Já chegar acusando logo de cara — Rafaela reafirmou para garantir que havia entendido o raciocínio.
— Exato.
— Faz muito sentido — Marina aprovou.
— Mas, Fernando, é sério: não precisa fazer isso por mim — Yuri continuou, seu tom agora mais grave. — Nem foi tão ruim quanto eu imaginei. A diretora conversou com os meus pais, eles conversaram comigo, a galera tá dando umas risadinhas, mas não tá nem de longe tão mau quanto eu pensei. Eu não quero que você se meta em confusão por causa de mim.
— Mas eu vou, amigo. Agora só falta achar uma forma de eu falar com os dois sem ter ninguém por perto.
— Pede ajuda pro Rodrigo, ué. Ele não tá namorando sua irmã?
Mais uma vez, Rafaela resolveu o caso.
Fernando nem se deu o trabalho de conversar com a irmã e pedir que ela intercedesse no contato com o namorado. Ele já havia sido formalmente apresentado a Valério e Marta, já haviam até jantado juntos em família: não era como se Fernando precisasse da consciência e da autorização da irmã para falar com o cunhado—até o número do telefone dele ele já tinha, e essa foi a forma mais prática de articular o que aconteceria em breve.
Levou quase dois dias de queima intensa de neurônios para Fernando conseguir pensar e vislumbrar mentalmente todas as possibilidades do diálogo que pretendia ter com os rivais. Era fato que, na hora do vamos-ver, ele se esqueceria de praticamente tudo que tivesse ensaiado, mas uma ideia vaga e consistente do que precisava falar estava formada em sua cabeça. O que ele teve de fazer foi uma ligação a Rodrigo informando suas intenções. Por mais que soubesse que os garotos eram amigos dele, isso não foi um obstáculo.
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De Volta ao Santa Luz (romance gay)
Romance🏆 VENCEDOR DO WATTYS 2021 NA CATEGORIA ROMANCE! 🥇 Se você pudesse voltar no tempo, você faria tudo de novo? Ao pronunciar em voz alta o desejo de voltar ao passado no exato momento em que um misterioso corpo celeste atravessava o céu, Fernando é...